Leitura Bíblica: Lucas 24:44-49
Introdução: Depois da sua
ressurreição dentre os mortos, Jesus apareceu fisicamente a seus discípulos
várias vezes, “falando das cousas
concernentes ao reino de Deus.” At 1:3. Qual foi a ênfase da sua orientação
nesse encontro? A necessidade de acreditar na palavra profética das Escrituras
Sagradas: “A seguir, Jesus lhes disse:
São estas as palavras que vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse
tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos”
- essas são as três divisões no Livro do Antigo Testamento. Observemos o que
Jesus está dizendo. Durante o seu ministério, antes de sofrer na cruz, Ele
predisse várias vezes acerca do seu sofrimento: “Eis que subimos para Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos
principais sacerdotes e aos escribas; condená-lo-ão à morte e o entregarão aos
gentios (Pilatos e seus soldados); hão de escarnecê-lo, cuspir nele,
açoitá-lo e matá-lo; mas depois de três dias ressuscitará”. Mc 10:33-34. “Pois o próprio Filho do Homem, não veio
para ser servido, mas dar a sua vida em resgate por muitos” - pagando o preço da salvação de seu povo, Mc
10:45.
Apesar de terem ouvido essas profecias,
parece que os discípulos não compreenderam o significado dessas palavras. Nós
não somos diferentes, por isso a necessidade de pedir ao Senhor: “Desvenda os meus olhos para que eu
contemple as maravilhas da tua lei.” Sl 119:18. Agora, nesse encontro,
Jesus está querendo ajudá-los a vencer este bloqueio espiritual: “Então, lhes abriu o entendimento para
compreenderem as Escrituras; e lhes disse: Assim está escrito que o Cristo
havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos ao terceiro dia”. Os
discípulos eram testemunhas do cumprimento dessas profecias. Assim, na sua
mensagem inaugural, o Ap. Pedro podia declarar: “A este Jesus Deus ressuscitou,
do que todos nós somos testemunhas.” At 2:32. E, outra vez, dirigindo-se ao
Sinédrio, disse: “O Deus de nossos pais
ressuscitou a Jesus, a quem vós matastes, pendurando-o num madeiro (...) Ora,
nós somos testemunhas destes fatos, e bem assim o Espirito Santo, que Deus
outorgou aos que lhe obedecem.” At 5:30,32.
Agora, sabendo que as Escrituras Sagradas são
infalíveis, e que as suas palavras estão se cumprindo inerrantemente, cada um
de nós temos que assumir a nossa responsabilidade individual para proclamar
estas verdades bíblicas, pois, como Cristo disse: “Sereis minhas testemunhas.” – pessoas que têm uma experiência
salvífica com o Cristo que o mundo precisa ouvir, At 1:8. Assim, quando os
cristãos foram “dispersos pelas regiões
da Judéia e Samaria, iam por toda parte pregando a palavra.” At 8:1,4.
1) A
Outorga da Palavra: Devemos perguntar:
Qual foi a mensagem que a igreja foi outorgada a pregar? Cristo destacou duas
partes essenciais: o âmago do Evangelho e como ele deve ser aplicado ao ouvinte.
a) O âmago do Evangelho. “Assim está escrito que o Cristo havia de
padecer e ressuscitar dentre os mortos ao terceiro dia.” Vs 46. O Ap. Paulo
resumiu o Evangelho que ele recebeu do Senhor: “Que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que
foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as escrituras.” I Co
15:3-4. A essência do evangelho se resume nestes três pontos fundamentais:
Primeiro: Cristo morreu pelos
nossos pecados. A sua morte foi substitutiva. Ele assumiu o lugar do pecador
diante da lei de Deus. O nosso pecado foi tirado de nós e colocado sobre a
pessoa de Jesus Cristo: “Carregando ele
mesmo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para o pecado,
vivamos para justiça; por suas chagas, fostes sarados” – ficamos livres das consequências
judiciais dos nossos pecados e preparados para a vida eterna. I Pe 2:24. Por isso, confessamos Jesus Cristo como nosso “grande
Deus e Salvador” Tt 2:13 com Is 43:11.
Segundo: Cristo foi
sepultado. Além de testificar da realidade da sua morte, os pecados que Ele
carregou foram totalmente desfeitos e cancelados, foram sepultados com Cristo
para nunca mais apavorar aqueles que Cristo redimiu pelo preço de seu precioso
sangue.
Terceiro: Cristo ressuscitou
ao terceiro dia. Ele mesmo testificou ao Ap. João: “Não temas; eu sou o primeiro e o último e aquele que vive; estive
morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da
morte e do inferno.” Ap 1:17-18. O Ap Paulo deu esta exposição da obra
redentora de Jesus Cristo: “O qual foi
entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa
justificação.” Rm 4:25. Através da sua perfeita obediência até a morte e
morte de cruz (Fp 2:8), Cristo adquiriu uma justiça, a qual é imputada a seu
povo, fazendo-o aceitável a Deus. Esta é “a
justiça que procede de Deus, baseada na fé”, a justiça que é absolutamente
necessária para a salvação do pecador, Fp 3:9. Esses três pontos representam o
âmago do evangelho que foi outorgado à igreja e que ela deve anunciar com toda
fidelidade.
b) O aplicação do Evangelho: “E em seu nome se pregasse arrependimento
para a remissão dos pecados” v.47a. O Ap. Pedro, depois de anunciar como “Cristo
havia de padecer”, exortou os seus ouvintes: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos
pecados, a fim de que, da presença do Senhor, venham tempos de refrigério”,
At 3:19-20. Sem o reconhecimento da nossa pecaminosidade, pois temos pecado
contra o Senhor, e sem o verdadeiro arrependimento, o abandono do pecado e uma
visível conversão a Jesus Cristo a fim de andar com Ele em novidade de vida,
não há nenhuma possibilidade de receber o prometido refrigério espiritual e nem
a remissão dos pecados. Depois de ouvir sobre o sacrifício de Jesus Cristo, o
povo precisa saber como fazer as suas pazes com Deus. Essa orientação é parte
inseparável da fiel pregação do evangelho.
2)
Os Ouvintes do Evangelho: Essa mensagem tem que
ser anunciada “a todas as nações,
começando de Jerusalém”, ou seja, começando de nossa cidade natal e
expandindo para as regiões além, v.47 b. O trabalho missionário nem sempre é
fácil, às vezes tem que enfrentar a oposição das autoridades seculares e
religiosas, além de outras diversas formas de perseguição. Contudo, o Espírito
Santo é poderoso e, mesmo em lugares improváveis, Deus tem o seu povo. O nosso
dever é pregar o evangelho, porém, o fruto e crescimento pertencem a Deus.
Em termos de evangelização, Jerusalém foi uma
cidade aberta para o evangelho? Em primeiro instante, respondemos: Não. As
autoridades religiosas sempre resistiram o Espírito Santo. At 7:51. Jesus
lamentou sobre esta cidade: “Jerusalém,
Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas
vezes quis eu reunir os teus filhos, como galinha ajunta os seus pintinhos
debaixo das asas, e vós não o quisestes!” Mt 23:37. Contudo, apesar desse
quadro negativo, no dia de Pentecostes, mediante a pregação do Ap. Pedro, “quase
três mil pessoas” que habitavam em Jerusalém aceitaram a palavra e foram
batizadas, At 2:5,41. Porém, pouco tempo depois, “levantou-se grande perseguição contra a Igreja em Jerusalém; e todos,
exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria.” At
8:1. É interessante observar que essa perseguição contribuiu para a difusão do
evangelho: “Os que foram dispersos iam por
toda parte pregando a palavra” At 8:4.
Em termos de evangelização, a Antioquia foi
uma cidade aberta para o evangelho? Evidentemente, sim, não há nenhum registro
de oposição, antes, houve uma receptividade impressionante: “A mão do Senhor estava com eles (alguns dos dispersos), muitos crendo, se converteram ao Senhor.”
At 11:21. É interessante observar que a Igreja em Antioquia foi a primeira a organizar
uma expedição missionária com o propósito específico de evangelizar outras
regiões. “Enviados, pois, pelo Espírito
Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre. Chegados a Salamina,
anunciavam a palavra de Deus nas sinagogas judaicas.” At 13:1-5.
Outro caso que desperta o nosso interesse é o
chamado do Ap. Paulo para evangelizar a Macedônia. O apelo parece tão
convidativo: “Passa a Macedônia e
ajuda-nos.” At 16:9. Porém, quando chegou a Filipos, ninguém estava lá para
dar-lhe as boas vindas. Depois de andar vagueando pela cidade, descobriu “um
lugar de oração.” e lá encontrou-se com Lídia, que, ao ouvir a palavra, “o Senhor lhe abriu o coração para atender às
cousas que Paulo dizia.” At 16:14. Em seguida, Paulo começou a evangelizar
a cidade e ajudar as pessoas. Mas qual foi a recompensa desse trabalho? As
autoridades lhe deram muitos açoites e
o lançaram no cárcere. E lá, o próprio carcereiro ouviu o evangelho e
converteu-se ao Senhor, At 16: 23-33. Assim, aos poucos, a Igreja em Filipos se
estabeleceu. A pregação do evangelho nos oferece diversas experiências, nem sempre
agradáveis. Contudo, é dessa maneira que a Igreja se estabelece.
3) A
Ousadia do Evangelho: De onde vem a ousadia daqueles que estão anunciando o
evangelho com a devida reverência e autoridade? Eles receberam a promessa do
Pai, o dom do Espírito Santo. Assim, são “revestidos de poder.”
V.49. Mas essa promessa não se limita a algumas pessoas seletas, antes, é outorgada
a todos os que crêem em Jesus Cristo. O Ap. Pedro exortou a seus ouvintes: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja
batizado (confessar publicamente) em nome de Jesus Cristo para remissão de
pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.” At 2:38. Todos aqueles que
crêem em Jesus Cristo devem ter a certeza quanto ao recebimento dessa dádiva,
porque a Bíblia ensina repetidamente que Deus outorga o Espírito Santo a todos
“que lhe obedecem.” At 5:32. Obediência, nesse contexto, significa todos
os que crêem em Jesus Cristo, Jo 6:29.
Como podemos explicar o bom êxito do Ap.
Paulo como pregador do evangelho? Quando ele teve aquele encontro salvador com
Jesus Cristo, ele recebeu e ficou “cheio do Espírito Santo” At 9:17. Foi
o Espírito Santo que habitava na vida de Paulo e Silas que os separou para a
obra missionária, At 13:2. E, foi o mesmo Espírito que os direcionou quanto aos
lugares a serem evangelizados. At. 16:6-10. A disposição espiritual dos
cristãos em todo o seu serviço se resume nestas palavras: “Os discípulos, porém, transbordavam de alegria e do Espírito Santo.”
At 13:52.
Devemos valorizar a presença do Espírito
Santo que habita em nossa vida. A ordem é: “Não apagueis o Espírito.” I
Ts 5:19. Quando nós cremos em Jesus Cristo, somos imediatamente “selados com
o Santo Espírito da promessa” Ef 1:13. Por Ele temos acesso ao Pai, Ef
2:18. Somos “fortalecidos com poder,
mediante o seu Espírito no homem interior.” Ef 3:16. Não ficamos amedrontados
diante da perseguição: “Se pelo nome de
Cristo, sois injuriados, bem aventurados sois, porque sobre vós repousa o
Espírito da glória de Deus.” I Pe 4:14. E, quando temos que testemunhar em
situações difíceis: “Não vos preocupeis
com o que haveis de dizer, mas o que vos for concedido naquela hora, isso
falai; porque não sois vós que falais, mas o Espírito Santo.” Mc13:11.
Veja o exemplo dos Apóstolos Pedro e João
diante do Sinédrio, At 4:18-20.
Cada indivíduo, membro da igreja, é uma
testemunha que tem o dever de anunciar o que Cristo tem feito em sua vida.
Convém lembrar-se da palavra de Cristo: “Todo
aquele que me confessar diante dos homens, também o Filho do homem confessará
diante dos anjos de Deus; mas o que me negar diante dos homens será negado
diante dos anjos de Deus.” Lc 12:8-9.
Que Deus nos ajude a sermos achados fiéis em
nossa missão.
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