Vasos de Honra

sábado, 13 de julho de 2013

A Missão da Igreja





Leitura Bíblica: Lucas 24:44-49

Introdução: Depois da sua ressurreição dentre os mortos, Jesus apareceu fisicamente a seus discípulos várias vezes, “falando das cousas concernentes ao reino de Deus.” At 1:3. Qual foi a ênfase da sua orientação nesse encontro? A necessidade de acreditar na palavra profética das Escrituras Sagradas: “A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos” - essas são as três divisões no Livro do Antigo Testamento. Observemos o que Jesus está dizendo. Durante o seu ministério, antes de sofrer na cruz, Ele predisse várias vezes acerca do seu sofrimento: “Eis que subimos para Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas; condená-lo-ão à morte e o entregarão aos gentios (Pilatos e seus soldados); hão de escarnecê-lo, cuspir nele, açoitá-lo e matá-lo; mas depois de três dias ressuscitará”. Mc 10:33-34. “Pois o próprio Filho do Homem, não veio para ser servido, mas dar a sua vida em resgate por muitos” -  pagando o preço da salvação de seu povo, Mc 10:45.

Apesar de terem ouvido essas profecias, parece que os discípulos não compreenderam o significado dessas palavras. Nós não somos diferentes, por isso a necessidade de pedir ao Senhor: “Desvenda os meus olhos para que eu contemple as maravilhas da tua lei.” Sl 119:18. Agora, nesse encontro, Jesus está querendo ajudá-los a vencer este bloqueio espiritual: “Então, lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras; e lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos ao terceiro dia”. Os discípulos eram testemunhas do cumprimento dessas profecias. Assim, na sua mensagem inaugural, o Ap. Pedro podia declarar: “A este Jesus Deus  ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas.” At 2:32. E, outra vez, dirigindo-se ao Sinédrio, disse: “O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, a quem vós matastes, pendurando-o num madeiro (...) Ora, nós somos testemunhas destes fatos, e bem assim o Espirito Santo, que Deus outorgou aos que lhe obedecem.” At 5:30,32.

Agora, sabendo que as Escrituras Sagradas são infalíveis, e que as suas palavras estão se cumprindo inerrantemente, cada um de nós temos que assumir a nossa responsabilidade individual para proclamar estas verdades bíblicas, pois, como Cristo disse: “Sereis minhas testemunhas.” – pessoas que têm uma experiência salvífica com o Cristo que o mundo precisa ouvir, At 1:8. Assim, quando os cristãos foram “dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria, iam por toda parte pregando a palavra.” At 8:1,4.

1) A Outorga da Palavra: Devemos perguntar: Qual foi a mensagem que a igreja foi outorgada a pregar? Cristo destacou duas partes essenciais: o âmago do Evangelho e como ele deve ser aplicado ao ouvinte.

a) O âmago do Evangelho. “Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos ao terceiro dia.” Vs 46. O Ap. Paulo resumiu o Evangelho que ele recebeu do Senhor: “Que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as escrituras.” I Co 15:3-4. A essência do evangelho se resume nestes três pontos fundamentais:

Primeiro: Cristo morreu pelos nossos pecados. A sua morte foi substitutiva. Ele assumiu o lugar do pecador diante da lei de Deus. O nosso pecado foi tirado de nós e colocado sobre a pessoa de Jesus Cristo: “Carregando ele mesmo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para o pecado, vivamos para justiça; por suas chagas, fostes sarados” – ficamos livres das consequências judiciais dos nossos pecados e preparados  para a vida eterna. I Pe 2:24. Por isso, confessamos Jesus Cristo como nosso “grande Deus e Salvador” Tt 2:13 com Is 43:11.

Segundo: Cristo foi sepultado. Além de testificar da realidade da sua morte, os pecados que Ele carregou foram totalmente desfeitos e cancelados, foram sepultados com Cristo para nunca mais apavorar aqueles que Cristo redimiu pelo preço de seu precioso sangue.

Terceiro: Cristo ressuscitou ao terceiro dia. Ele mesmo testificou ao Ap. João: “Não temas; eu sou o primeiro e o último e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno.” Ap 1:17-18. O Ap Paulo deu esta exposição da obra redentora de Jesus Cristo: “O qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação.” Rm 4:25. Através da sua perfeita obediência até a morte e morte de cruz (Fp 2:8), Cristo adquiriu uma justiça, a qual é imputada a seu povo, fazendo-o aceitável a Deus. Esta é “a justiça que procede de Deus, baseada na fé”, a justiça que é absolutamente necessária para a salvação do pecador, Fp 3:9. Esses três pontos representam o âmago do evangelho que foi outorgado à igreja e que ela deve anunciar com toda fidelidade.

b) O aplicação do Evangelho: “E em seu nome se pregasse arrependimento para a remissão dos pecados” v.47a. O Ap. Pedro, depois de anunciar como “Cristo havia de padecer”, exortou os seus ouvintes: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados, a fim de que, da presença do Senhor, venham tempos de refrigério”, At 3:19-20. Sem o reconhecimento da nossa pecaminosidade, pois temos pecado contra o Senhor, e sem o verdadeiro arrependimento, o abandono do pecado e uma visível conversão a Jesus Cristo a fim de andar com Ele em novidade de vida, não há nenhuma possibilidade de receber o prometido refrigério espiritual e nem a remissão dos pecados. Depois de ouvir sobre o sacrifício de Jesus Cristo, o povo precisa saber como fazer as suas pazes com Deus. Essa orientação é parte inseparável da fiel pregação do evangelho.

2) Os Ouvintes do Evangelho: Essa mensagem tem que ser anunciada “a todas as nações, começando de Jerusalém”, ou seja, começando de nossa cidade natal e expandindo para as regiões além, v.47 b. O trabalho missionário nem sempre é fácil, às vezes tem que enfrentar a oposição das autoridades seculares e religiosas, além de outras diversas formas de perseguição. Contudo, o Espírito Santo é poderoso e, mesmo em lugares improváveis, Deus tem o seu povo. O nosso dever é pregar o evangelho, porém, o fruto e crescimento pertencem a Deus.

Em termos de evangelização, Jerusalém foi uma cidade aberta para o evangelho? Em primeiro instante, respondemos: Não. As autoridades religiosas sempre resistiram o Espírito Santo. At 7:51. Jesus lamentou sobre esta cidade: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes!” Mt 23:37. Contudo, apesar desse quadro negativo, no dia de Pentecostes, mediante a pregação do Ap. Pedro, “quase três mil pessoas” que habitavam em Jerusalém aceitaram a palavra e foram batizadas, At 2:5,41. Porém, pouco tempo depois, “levantou-se grande perseguição contra a Igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria.” At 8:1. É interessante observar que essa perseguição contribuiu para a difusão do evangelho: “Os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra” At 8:4.

Em termos de evangelização, a Antioquia foi uma cidade aberta para o evangelho? Evidentemente, sim, não há nenhum registro de oposição, antes, houve uma receptividade impressionante: “A mão do Senhor estava com eles (alguns dos dispersos), muitos crendo, se converteram ao Senhor.” At 11:21. É interessante observar que a Igreja em Antioquia foi a primeira a organizar uma expedição missionária com o propósito específico de evangelizar outras regiões. “Enviados, pois, pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali  navegaram para Chipre. Chegados a Salamina, anunciavam a palavra de Deus nas sinagogas judaicas.”  At 13:1-5.

Outro caso que desperta o nosso interesse é o chamado do Ap. Paulo para evangelizar a Macedônia. O apelo parece tão convidativo: “Passa a Macedônia e ajuda-nos.” At 16:9. Porém, quando chegou a Filipos, ninguém estava lá para dar-lhe as boas vindas. Depois de andar vagueando pela cidade, descobriu “um lugar de oração.” e lá encontrou-se com Lídia, que, ao ouvir a palavra, “o Senhor lhe abriu o coração para atender às cousas que Paulo dizia.” At 16:14. Em seguida, Paulo começou a evangelizar a cidade e ajudar as pessoas. Mas qual foi a recompensa desse trabalho? As autoridades lhe deram muitos açoites   e o lançaram no cárcere. E lá, o próprio carcereiro ouviu o evangelho e converteu-se ao Senhor, At 16: 23-33. Assim, aos poucos, a Igreja em Filipos se estabeleceu. A pregação do evangelho nos oferece diversas experiências, nem sempre agradáveis. Contudo, é dessa maneira que a Igreja se estabelece.

3) A Ousadia do Evangelho: De onde vem a ousadia daqueles que estão anunciando o evangelho com a devida reverência e autoridade? Eles receberam a promessa do Pai, o dom do Espírito Santo. Assim, são “revestidos de poder.” V.49. Mas essa promessa não se limita a algumas pessoas seletas, antes, é outorgada a todos os que crêem em Jesus Cristo. O Ap. Pedro exortou a seus ouvintes: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado (confessar publicamente) em nome de Jesus Cristo para remissão de pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.” At 2:38. Todos aqueles que crêem em Jesus Cristo devem ter a certeza quanto ao recebimento dessa dádiva, porque a Bíblia ensina repetidamente que Deus outorga o Espírito Santo a todos “que lhe obedecem.” At 5:32. Obediência, nesse contexto, significa todos os que crêem em Jesus Cristo, Jo 6:29.

Como podemos explicar o bom êxito do Ap. Paulo como pregador do evangelho? Quando ele teve aquele encontro salvador com Jesus Cristo, ele recebeu e ficou “cheio do Espírito Santo” At 9:17. Foi o Espírito Santo que habitava na vida de Paulo e Silas que os separou para a obra missionária, At 13:2. E, foi o mesmo Espírito que os direcionou quanto aos lugares a serem evangelizados. At. 16:6-10. A disposição espiritual dos cristãos em todo o seu serviço se resume nestas palavras: “Os discípulos, porém, transbordavam de alegria e do Espírito Santo.” At 13:52.

Devemos valorizar a presença do Espírito Santo que habita em nossa vida. A ordem é: “Não apagueis o Espírito.” I Ts 5:19. Quando nós cremos em Jesus Cristo, somos imediatamente “selados com o Santo Espírito da promessa” Ef 1:13. Por Ele temos acesso ao Pai, Ef 2:18. Somos “fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior.” Ef 3:16. Não ficamos amedrontados diante da perseguição: “Se pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória de Deus.” I Pe 4:14. E, quando temos que testemunhar em situações difíceis: “Não vos preocupeis com o que haveis de dizer, mas o que vos for concedido naquela hora, isso falai; porque não sois vós que falais, mas o Espírito Santo.” Mc13:11.
Veja o exemplo dos Apóstolos Pedro e João diante do Sinédrio, At 4:18-20.

Cada indivíduo, membro da igreja, é uma testemunha que tem o dever de anunciar o que Cristo tem feito em sua vida. Convém lembrar-se da palavra de Cristo: “Todo aquele que me confessar diante dos homens, também o Filho do homem confessará diante dos anjos de Deus; mas o que me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus.” Lc 12:8-9.

Que Deus nos ajude a sermos achados fiéis em nossa missão.


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