O perdão dos nossos pecados deve
ocupar um lugar de suma importância em nossas reflexões sobre as realidades
espirituais: Os meus pecados são definitivamente perdoados e lançados “nas profundezas do mar”? Mq7:19. O
Salmista fez uma pergunta cheia de temor: “Se
observares Senhor, iniquidades, quem, Senhor subsistirá?” Todos nós sabemos, instintivamente, que, sem a misericórdia exclusiva do Senhor, ninguém poderia
sobreviver ao juízo final. Mas, pela graça de Deus, as Escrituras Sagradas nos
dão esta esperança: “Pois no Senhor há
misericórdia; nele copiosa redenção.” Sim, no Senhor “está o perdão” Sl
130:3,4,7. Portanto, somos encorajados: “Se
confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e
nos purificar de toda injustiça” IJo1:9. Afirmamos confiantemente: podemos
acreditar na irrevogabilidade das promessas de Deus. No Salmo 79: 8 - 9,
encontramos três pedidos relacionados ao perdão dos nossos pecados:
O ASPECTO DE ESQUECIMENTO: “Não recordes contra nós as
iniquidades dos nossos pais” vs 8 a.
Se o Senhor tivesse de se lembrar das nossas
iniquidades, elas seriam lembradas a fim
de receberem a sentença da lei. O salário do pecado é a morte, isto é, a “penalidade de eterna destruição, banidos da
face do Senhor e da glória do seu poder.” II Ts. 1:9. O conhecimento desta
sentença sobre os nossos pecados deve encher o coração de medo, fazendo-nos
suplicar, em lágrimas, com urgência: “Não
recordes contra nós as iniquidades dos nossos pais”. Em outro lugar, o
salmista implorou: “Não te lembres dos
meus pecados da mocidade, nem das minhas transgressões. Lembra-te de mim
segundo a tua misericórdia, por causa da tua bondade, ó Senhor” Sl 25:7. Se
o Senhor se lembrasse dos nossos pecados, ai de nós! A possibilidade desta
lembrança fez com que o salmista sofresse dores terríveis: “Laços de morte me cercaram e angústias do inferno se apoderaram de
mim; caí em tribulação e tristeza. Então invoquei o nome do Senhor: Ó Senhor,
livra-me a alma” , Sl 116:3-4. Se a tristeza pelo pecado nos conduzir ao
verdadeiro arrependimento e fé em Jesus Cristo, o único Salvador, então temos
motivo de sermos felizes. É o Espírito Santo que nos leva a este ponto de
desespero, para depois nos conduzir a Jesus Cristo, o único que tem autoridade
para perdoar os nossos pecados, Mc 2:10.
Quando a Bíblia fala sobre as iniquidades
dos nossos pais, ela está incluindo os filhos também, porque os filhos costumam
praticar os pecados que seus pais os legaram, I Pe 1:18. Iniquidades são
perversões, a corrupção do sentido óbvio da santa lei de Deus. A perversão mais
notória é a idolatria. “Pois eles (os homens desobedientes) mudavam
a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura (eles mesmos) em
lugar do Criador, o qual é bendito eternamente, amém.” Rm 1:25. Porque o
homem adora criaturas, tais como o dinheiro e os prazeres deste mundo? Porque
ele é transgressor do mandamento que é inato à sua natureza, que foi criada à
imagem de Deus. “Amarás o Senhor, teu
Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de
todo o teu entendimento.” Lc 10:27. O homem deixou de amar o seu Criador a
fim de amar a si mesmo e aos prazeres deste mundo, II Tm 3:4. A consciência destes pecados
deveria encher o coração de terror, porque, no seu íntimo, o homem sabe que a sua
vida não é reta diante do Deus que há de julgar o mundo com justiça. “Ora,
conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais
coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que assim
procedem.”Rm 1:32. O anseio de sermos inocentados nos constrange a orar: “Não
recordes contra nós as iniquidades dos nossos pais”.
O ASPECTO DA ESPERANÇA:
É a esperança que nos faz agir. É a esperança que vivifica a nossa fé a fim de
podermos tomar posse das promessas do perdão. São três os motivos para
alimentar a nossa esperança:
a)
A esperança de receber as
misericórdias do Senhor. “Apressem-se ao
nosso encontro as tuas misericórdias.” V.8b. O salmista estava preocupado com
as suas iniquidades e o juízo vindouro quando “cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus.” Rm14:12. Mas a sua
esperança foi alimentada pela lembrança dos atributos divinos. O Senhor é
misericordioso, esse é o atributo que nos enche de esperança. E,quando um dos
seus servos faz um apelo baseado nos seus atributos, Deus não pode negar-se a
si mesmo, recusando tal pedido. “Por um
breve momento te deixei, mas com grandes misericórdias torno a acolher-te; num
ímpeto de indignação, escondi de ti a minha face por um momento, mas com
misericórdia eterna me compadeço de ti, diz o Senhor, o teu Redentor.” Is
54:7-8. As demoras do Senhor não significam que ele nos esqueceu; pois a sua
promessa é eternamente imutável:
“Comove-se por ele o meu coração, deveras me compadecerei dele (o necessitado,
arrependido), diz o Senhor.” Jr 31:20
b)
A esperança de receber alento do
Senhor: “Pois estamos sobremodo abatidos”
V 8:c. A presença de iniquidade em nossa vida é uma força negativa, e, num dado
momento,deixará o transgressor “sobremodo abatido”. Por causa de suas
iniquidades, Israel foi desterrado e reduzido a uma escravidão opressora. E,
até os nossos dias, existem vidas desregradas que estão enfrentando todo tipo
de penúria. Como a Bíblia afirma: “Muito
sofrimento terá de curtir o ímpio,” não apenas nesta vida, mas, muito mais, na eternidade, Sl 32:10.
Feliz a pessoa que, à semelhança do filho pródigo, caindo em si, se
levanta e volta a Deus, demonstrando verdadeiro arrependimento e fé em Jesus
Cristo, o único Salvador. Tal pessoa, com toda certeza, há de receber o
desejado alento e descanso para a sua alma.
c)
A esperança de receber a
assistência do Senhor: “Assiste-nos ó
Deus e Salvador nosso, pela glória do teu nome.” V.9 a. A esperança do
salmista foi alimentada pela lembrança de que o seu Deus é também o seu Salvador.
Que esta declaração console o nosso coração: “Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há salvador.” Is
43:11. A glória do Senhor se manifesta quando Ele salva pecadores porque essa
é uma obra que somente Ele pode executar. “Ao
irmão, verdadeiramente, ninguém o pode remir, nem pagar a Deus o seu resgate.”
Sl 49:7. Mas Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito
para que este desse “a sua vida em
resgate por muitos” Mc 10:45. Cristo pagou o preço da nossa redenção. Feliz
a pessoa que pode confessar: “O Senhor é o meu
pastor, nada me faltará.” Sl 23:1.
O ASPECTO DE ESCAPAMENTO: “Livra-nos e perdoa-nos os pecados, por amor do teu nome.” V9b.
Somos felizes quando o Senhor não se
recorda contra nós as iniquidades que nossos pais nos legaram; mas nós, os
filhos, também temos pecado contra o Senhor. Por isso, o salmista faz dois
pedidos bem específicos.
a)
“Livra-nos.” O verbo indica que o
solicitante está preso ou dominado por uma condição escravizadora. O pecado é
subjugante e domina todo o nosso ser. Como o Apóstolo confessou: “Eu, todavia, sou carnal, vendido à
escravidão do pecado.” Rm 7:14
O pecado sempre incorre em dívida,
um compromisso que o transgressor não pode pagar por seus próprios esforços;
por isso ele depende de um redentor, alguém que pode pagar essa dívida. Cristo
é o nosso Redentor. Quando morreu em nosso lugar, Ele pagou a totalidade desta obrigação.
E para qual fim? “Agora, porém,
libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto
para a santificação e, por fim, a vida eterna.” Rm 6:22.
b)
“Perdoa-nos os pecados.” Feliz a
pessoa que escapa das consequências judiciais de seus pecados. Sim, com o
Senhor “está o perdão”, Sl 130:4. O
salmista, testemunhando da misericórdia de Deus, disse: “Ele é quem perdoa todas as nossas iniquidades (...). Quanto dista o
Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões.” Sl 103:
3,12. O profeta Daniel profetizou que o sacrifício de Jesus Cristo foi
designado “para fazer cessar a
transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniquidade, para trazer
justiça eterna.” Dn 9:24. Esta é a justiça que é imputada ao pecador que
crê em Jesus Cristo, fazendo com que ele seja aceito diante de Deus: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é
fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.”
I Jo 1:9. Esta promessa é irrevogável, “porque
quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim” II Co 1: 20
CONCLUSÃO:
O
salmista termina as suas reflexões sobre o perdão divino justificando a razão
da sua confiança nesta dádiva de Deus. “Por amor do teu nome.” O nome do Senhor engloba todas as características da sua
natureza, tal como a sua fidelidade. “ É
impossível que Deus minta” Hb 6:18. Quando Deus promete perdoar o pecador
arrependido, Ele, com toda certeza, há de cumprir a sua palavra. Ele ama o seu
nome e tudo o que este representa. Deus permanece “fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo” II Tm 2:13.
“Acheguemo-nos, portanto, confiadamente,
junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para
socorro em ocasião oportuna.” Hb
4:16.
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