Introdução:
As palavras iniciais desta leitura são: “Não se turbe o vosso coração; credes
em Deus, credes também em mim.” Não é
suficiente crer somente em Deus, sem qualquer qualificação, temos que crer na
plenitude da sua auto-revelação; temos que crer em Jesus Cristo, seu Filho
unigênito, “que é o esplendor da glória
e a expressão exata do seu Ser” (Hb.1:3). Cristo pronunciou estas palavras
solenes: “Por isso, eu vos disse que morrereis nos vossos pecados; porque, se
não credes que EU SOU (Veja Ex. 3:13-14), morrereis nos vossos pecados” (Jo.
8:24).
Somos
trinitarianos, isto é, cremos que “Há três pessoas na Divindade: o Pai, o Filho
e o Espírito Santo; estas três pessoas são um só Deus verdadeiro e eterno, da
mesma substância, iguais em poder e glória, embora distintas pelas suas
propriedades pessoais” (Cat. Maior 9) Podemos resumir a unidade dentro da
Trindade, dizendo: O Pai é o Planejador de todas as coisas. “Há (...) um só
Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em
todos” (Ef. 4:6) O Filho, Jesus Cristo, é o Realizador de tudo o que o Pai
planeja: “Todas as coisas (a criação e a redenção do pecador) foram feitas por
intermédio dele, e, sem Ele, nada do que foi feito se fez” (Jo. 1:3). O
Espírito Santo é o Aplicador das obras de Cristo ao coração e ao entendimento
do homem. “Quando vier, porém, o Espírito da verdade, Ele vos guiará a toda a
verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos
anunciará as coisas que hão de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do
que é meu e vo-lo há de anunciar” (Jo. 16:13-14). Portanto, as obras de Deus
são as obras das três Pessoas da Trindade, cada uma agindo em plena harmonia
com as outras, de acordo com as suas próprias atribuições. “Grandes são as
obras do Senhor (o único Deus vivo e verdadeiro), consideradas por todos que
nelas se comprazem” (Sl. 111:2). Este é o “Deus de toda consolação! É Ele que
nos conforta em toda a nossa tribulação” (2 Co. 1:3-4). O Salmista confessou:
“No Senhor, cuja palavra eu louvo, neste Deus ponho a minha confiança, e nada
temerei” (Sl 56:10-11).
1
O Consolo na Perseverança. Temos que perseverar em nossa crença, porque é a
fé que alimenta a nossa confiança. Confiamos na soberania de Deus que faz
“todas as coisas (inclusive as mais incompreensíveis) cooperarem para o bem
daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”
(Rm 8:28). E, da mesma forma, confiamos em Jesus Cristo; pois nele, “temos a
redenção pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua
graça”.
O
contexto do primeiro versículo é de tristeza e confusão emocional. Por isso
Jesus disse aos seus discípulos estas palavras de encorajamento: “Não se turbe
o vosso coração”. Não deixe a tristeza do momento abalar a sua esperança nos
propósitos secretos de Deus. Eles perceberam que uma crise na vida de seu
Mestre se aproximava, por isso, sentiram uma turbação. Esta insegurança ataca,
em primeiro lugar, a nossa confiança espiritual. Esperamos mais atuação da
parte de Deus, mas, esta, aparentemente, não vem. Qual é a resposta? Cristo
responde: “Credes em Deus (mas, continue crendo); credes também em mim.” Credes
que eu sou o seu Salvador, poderoso para socorrer em momento próprio. Não
convém que vacilemos neste ponto. O apóstolo afirmou: “E esta é a vitória que
vence o mundo: a nossa fé” (1Jo. 5:4). E o Salmista nos encoraja com estas
palavras orientadoras: “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais
ele fará” (Sl. 37:5). E o Ap. Paulo aconselhou: “Não andeis ansiosos de coisa
alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições,
pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede
todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus”
(Fl. 4:6-7).
2.
O Consolo na Permanência. O verbo “permanecer” aparece muitas vezes no Novo
Testamento e, normalmente, descreve a nossa união vital com Jesus Cristo, de
quem recebemos toda sorte de bênção espiritual (Ef. 1:3) Ele mesmo disse: “Se
permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que
quiserdes, e vos será feito.” (Jo. 15:7). Esse princípio sublinha todas as
promessas oferecidas a nós nas Escrituras Sagradas, inclusive a esperança de
habitar nas moradas celestiais.
Neste
contexto, Jesus, vendo os seus discípulos entristecidos, e, querendo vivificar
o ânimo deles, disse-lhes: “Na casa de meu Pai há muitas moradas.” Embora não
possamos descrever estas moradas detalhadamente, a idéia central é esta: O local é muito espaçoso, amplo lugar
para todos os redimidos e repleto de
todos os meios necessários para o conforto total de cada um.
No
Antigo Testamento, o povo de Deus se considerava como “estrangeiros e
peregrinos sobre a terra”, aspirando “uma pátria superior, isto é, celestial”.
Este povo, que estava disposto a sofrer todo tipo de privação, permaneceu firme
“como quem vê aquele que é invisível”. Por que estavam tão dispostos? Porque
“contemplavam o galardão”, a promessa de alcançar “uma pátria superior” (Hb.
11:8-29).
E,
no Novo Testamento, somos exortados a buscar “as cousas lá do alto, onde Cristo
vive, assentado à direita de Deus” (Cl. 3:1). Uma visão das moradas celestiais
vivifica qualquer cristão entristecido. O Espírito Santo nos consola, trazendo
à nossa memória as palavras de Cristo Jesus: “Na casa de meu Pai há muitas
moradas” e, também, a esperança de “estarmos para sempre com o Senhor” (1Ts
4:17). Vamos permanecer arraigados e alicerçados em Cristo Jesus, a nossa
segurança espiritual depende desta união vital com o nosso Salvador.
3.
O Consolo na Pertença. É somente Cristo que tem a competência (pertença)
para dizer: “Pois vou preparar-vos lugar”. O que significa esta frase, visto
que as moradas já existiam? Com as palavras: “vou preparar-vos lugar”, Jesus
estava dizendo: Vou para Jerusalém, “e o Filho do Homem será entregue aos
sacerdotes e aos escribas; condená-lo-ão à morte e o entregarão aos gentios;
hão de escarnecê-lo, cuspir nele, açoitá-lo e matá-lo; mas depois de três dias
ressuscitará” (Mt. 10:33-34). Ele iria preparar um lugar para o seu povo
mediante a sua morte substitutiva e ressurreição vitoriosa. A Bíblia faz uma
pergunta séria: “Quem subirá o monte do Senhor? Quem há de permanecer no seu
santo lugar?” Eis a resposta: “O que é
limpo de mãos e puro de coração, quem não entrega a sua alma à falsidade, nem
jura dolosamente” (Sl. 24:3-4). Mas onde
está o homem que tem esta irrepreensibilidade, visto que “todos pecaram e
carecem da glória de Deus?” (Rm 3:23).
Mas
há esperança para aqueles que crêem em Jesus Cristo, porque Ele veio para
buscar e salvar pecadores – buscar mediante a pregação do evangelho; e salvar
mediante a sua morte substitutiva. O resumo do evangelho é este: “Mas Deus prova
o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo
nós ainda pecadores” (Rm 5:8). “Aquele (Jesus Cristo) que não conheceu pecado,
ele (Deus o Pai) o fez pecado por nós;
para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Co. 5:21). Por sua
morte vicária, Cristo satisfez todas as exigências da lei em favor do pecador,
(Gl 3:13); e, por sua ressurreição, justificará a todos os que nele crêem (Rm.
4:5). “Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino
eterno do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe. 1:11) “Consolai-vos,
pois, uns aos outros com estas palavras” (1 Ts 4:18).
4.
O Consolo na Persuasão. “ E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e
vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também.”
Este versículo destaca três verdades preciosas. Somos persuadidos da realidade
de cada uma, e, crendo nelas, “exultamos com alegria indizível e cheia de
glória, obtendo a fim da nossa fé: a salvação da nossa alma” (1 Pe. 1:8-9).
a)
Houve um sacrifício no passado. De fato, Cristo foi e deu sua vida em resgate
por muitos, derramando o seu precioso sangue que nos purifica de todo pecado (1
Jo. 1:7). Somos persuadidos da eficácia deste sacrifício vicário.
b)
Há uma esperança vivificante. Cristo nos deu esta promessa: “Voltarei”. Depois
da sua morte, Cristo foi sepultado, mas, ao terceiro dia, ressuscitou dentre os
mortos, subiu para o céu, de onde voltará. “Então aparecerá no céu o sinal do
Filho do homem (Jesus Cristo) vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande
glória” (Mt. 24:30). Somos persuadidos da realidade deste dia momentoso.
c) Haverá
um consolo eterno, quando se cumprirá a promessa do nosso Amado Salvador. “E
vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também”.
Que verdade estupenda! Que condescendência inefável! Sim, somos persuadidos do
amor de Cristo, um amor que anseia por nossa presença.
Conclusão:
Podemos resumir essas verdades dizendo: “E o testemunho é este: que Deus nos
deu a vida eterna; e esta vida está no seu Filho. Aquele que tem o Filho tem a
vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida” (1 Jo 5:11-12).
Rev. Ivan G.G. Ross
25 de Novembro de 2012
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