Vasos de Honra

sábado, 22 de setembro de 2012

A FUTILIDADE DA HERESIA





Leitura Bíblica: Colossenses 2: 16-23

INTRODUÇÃO:

Nos versículos anteriores, aprendemos algo sobre a Excelência de Cristo. O Apóstolo Paulo, explicando a razão da sua mudança espiritual, disse: “Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor” Fl. 3: 8. “O meu amado é alvo e rosado, o mais distinguido entre dez mil” Ct. 5: 10. Ele é a pérola de grande valor, Mt. 13: 45-46. Assim, discernimos a Supremacia de Cristo, lembrando da comparação entre Ele e a minimidade do homem pecador. Vimos a Substância de Cristo como o nosso Fiador. Ele pagou a dívida que incorremos por causa da nossa transgressão da santa lei de Deus. “Remido a preço tão real – o sangue do Senhor – com que pagar eu poderei tal graça, tal amor?” HNC. 43.

Na leitura de hoje, o Apóstolo mostra a futilidade de seguir a heresia que estava perturbando a Igreja em Colossos, descrevendo e refutando alguns dos artigos da sua crença. Infelizmente, alguns aspectos desta heresia  continuam em nossos dias, inclusive nas comunidades supostamente evangélicas. Vamos ao estudo.

1- As Provocações na Heresia, Vs. 16-17. Notemos a advertência enfática do Apóstolo: “Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou de dias de festa, ou lua nova, ou sábados” V. 16. Os hereges sempre procuravam escravizar seus adeptos por toda sorte de proibições e pela guarda de certas obrigações, ensinando que estas observâncias eram necessárias a fim de merecer os favores de Deus. Porém, a Bíblia ensina: Não deixemos que nos julguem quando não observamos estas ordenanças caducadas. “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou (destas ordenanças). Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão” Gl. 5:1. As ordenanças da lei mosaica tinham o seu valor porque elas preparavam o povo para a vinda de Cristo. Mas, agora, Cristo já veio e nos ofereceu um novo regime. “Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo” Jo. 1: 17. Estas “ordenanças” eram prejudiciais para o povo porque não tinham poder contra a sensualidade da natureza pecaminosa do homem; por isso, foram tomadas e encravadas na cruz. Pelo sacrifício de Cristo, elas foram consumadas e não têm mais regência sobre a nossa vida. “Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa da sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nunca aperfeiçoou cousa alguma), e, por outro lado, se introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus” Hb. 7: 18-19. Agora, no Novo Testamento, o que Deus procura são adoradores que o adoram em espírito e em verdade, nada de rituais externos, Jo. 4: 23-24. “Porque em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem valor algum, mas a fé que atua pelo amor” Gl. 5: 6. O que Deus requer de cada um de nós é a disposição para nos despojarmos do velho homem e nos revestirmos do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade, Ef. 4: 22-24.

Estas “ordenanças” foram transitórias, “impostas até ao tempo oportuno de reforma” Hb. 9:10. “Porque tudo isso tem sido sombra das cousas que haviam de vir; porém, o corpo é de Cristo” V. 17. Uma sombra existe porque a substância dela existe. No Antigo Testamento, muitas das realidades espirituais foram vistas como sombras da substância. Mas, com a vinda de Cristo, que é a substância, a sombra não tem mais utilidade. Então, porque insistir nas ordenanças de comida, quando Cristo é o Pão da Vida? Jo. 6: 35. Porque insistir nas ordenanças de bebidas, quando Cristo promete: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba”? Jo. 7: 37. Porque observar os dias de festa religiosa, quando Cristo é o cumprimento de todos? Ele é o Senhor dos sábados, Mt. 12: 8. Ele é o nosso cordeiro pascal que foi imolado, 1 Co. 5: 7. “O corpo (a substância das ordenanças do Antigo Testamento) é de Cristo”. As imposições do herege são provocações que impedem a verdadeira espiritualidade.

2- As Projeções na Heresia, V. 18-19. Como os hereges se apresentam ao povo. É uma exibição do orgulho carnal. Portanto, “ninguém se faça árbitro contra vós outros” V. 18a. Não se sinta inferiorizado por causa destas projeções carnais, porque o nosso valor vem de Jesus Cristo. Não devemos nos sentir humilhados por causa desta projeção de uma espiritualidade supostamente superior. Quais são algumas destas projeções da heresia?

a) “Pretextando humildade e culto dos anjos” V. 18b. Basicamente, estão dizendo: Eu sou tão insignificante (humilde), e Cristo é tão separado de pecadores, que não me atrevo a me aproximar dele; mas os anjos são diferentes, são mais acessíveis, por isso, devemos invocá-los para interceder por nós. O mesmo tipo de culto existe em nossos dias quando a Virgem Maria é invocada para interceder por seus adeptos, pois dizem que ela é mais acessível do que Cristo. Devemos sentir a blasfêmia desta atitude, porque estão pisando sobre os atributos mais preciosos de Jesus Cristo, a saber, a sua proclamada acessibilidade e a sua demonstrada compaixão para com pecadores. Esta chamada “humilde” é nada mais do que a ostentação do orgulho do homem pecador.
b) “Baseando-se em visões” V. 18c. Eles procuram ostentar a espiritualidade superior à dos demais homens, afirmando que recebiam visões diretamente dos céus, comunicações extra bíblicas. Eles passavam por cima de Cristo, desprezando uma das doutrinas fundamentais da fé cristã: a necessidade indispensável da mediação de Jesus Cristo. “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” 1Tm. 2: 5. 
c) Como é que o Apóstolo descreve o herege? “Enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal, não retendo a cabeça” V. 18d. É uma pessoa que, sem qualquer base, é extremamente orgulhosa, dominada por uma mente carnal, que não sente nenhuma necessidade da Pessoa de Jesus Cristo. Ficamos pensando: como pode alguém, com um conhecimento das Escrituras, mesmo que limitado, ficar iludido com tamanha presunção carnal? A única resposta que podemos oferecer, é: “o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplenda a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus” 2 Co. 4: 4.
d) O Apóstolo passa a descrever as características daquele que é, de fato, um homem de Deus. “Retendo a cabeça, da qual todo corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus” V. 19. O Apóstolo usa a figura do corpo humano para descrever o servo que é fiel a Deus. O corpo, ligado à cabeça, recebe a totalidade de sua vida em virtude desta união, por isso, cresce fisicamente. E, aplicando esta figura à nossa vida, esta união com Cristo é a fonte inesgotável da nossa espiritualidade. Esta união vital que temos com Cristo, a cabeça, é que promove o crescimento que procede de Deus. A exortação necessária é que cresçamos na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo, 2 Pe. 3: 18.

3- As Proibições na Heresia, Vs. 20-22. O Apóstolo começa esta parte com uma outra pergunta: “Se morreste com Cristo, para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças?” V. 20. O Apóstolo está fazendo uma referência à experiência inicial com Cristo, a regeneração. “Se alguém está em Cristo, é nova criatura (as suas disposições sofreram uma transformação radical); as cousas antigas já passaram (aquelas superstições associadas com a vida religiosa, enfim, uma vida pecaminosa e sem Cristo, foram definitivamente abandonadas); eis que se fizeram novas” (assumimos um regime de novos valores espirituais, onde Cristo é o nosso Guia e Salvador), 2 Co. 5: 17.

A vida religiosa pode ser bastante complicada por causa de tantas interpretações estranhas, que não têm nenhuma referência à Pessoa de Jesus Cristo e à sua obra redentora. Portanto, a necessidade de sermos criteriosos, sabendo como julgar o que ouvimos, reter o que é bíblico e desprezar a escória. Por natureza, nascemos escravizados pelos rudimentos do mundo, os quais não conduzem a uma comunhão sensível com Deus. Mas, quando ouvimos e cremos no evangelho de Jesus Cristo, uma esperança nova nasce em nosso coração, somos libertados daquela escravidão. Em Cristo, passamos a desfrutar de uma vida cheia de alegrias indizíveis. Neste contexto, o Apóstolo faz a sua pergunta: Por que estais querendo sujeitar-vos, novamente, à escravidão de ordenanças inúteis, que “não têm valor algum contra a sensualidade?” Se nós somos salvos por Cristo Jesus, morremos “para os rudimentos do mundo”. Eles não têm mais valor para a nossa alma. Todas as vaidades deste mundo foram abandonadas a fim de dar lugar à “sublimidade do conhecimento de Cristo” Fl. 3: 8.

Quais são algumas destas ordenanças? São leis de limpeza (de origem humana) que aparentam autoridade como se fossem mandamentos imprescindíveis da parte de Deus. Um exemplo destas ordenanças foi o dever de lavar as mãos antes de comer, Mc. 7: 1-13. Neste sentido, o nosso texto faz alusão às leis dos hereges em Colossos: “Não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro” V. 21. 

Quais são as origens destes “rudimentos do mundo?” São “preceitos e doutrinas de homens” V. 22a. “Ora, o homem natural não aceita as cousas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” 1 Co. 2: 14. Contudo, apesar destas limitações espirituais, o pecador insiste em determinar o seu próprio conceito de valores espirituais. O resultado é somente heresias pecaminosas que devem ser repudiadas com santo desprezo. Estas proibições, leis sobre o que se pode comer e beber, tratam de cousas materiais, que, com o uso, “se destroem” V. 22b. Depois de comer e beber, o que é que resta? Somente o refugo. Assim, as doutrinas de homens não têm nenhum poder para resolver as necessidades espirituais do homem pecador.

4- As Promoções na Heresia, V. 23. O herege se esforça para mostrar as vantagens da sua filosofia. Mas, por serem “os preceitos e doutrinas de homens”, que não promovem uma obediência a Cristo, tais práticas são meros exibismos de um orgulho pecaminoso. O Apóstolo menciona quatro destas promoções.

a) Uma “sabedoria” fictícia. É uma mera “aparência”, porém, não permanece em pé diante de uma investigação mais apurada. Todas as nossas opiniões têm que ser de acordo com as Escrituras. O Ap. Pedro ensinou: “Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus” 1 Pe. 4: 11. Se alguém estiver buscando a sabedoria verdadeira, ele deve chegar a Jesus Cristo “o qual se tornou da parte de Deus sabedoria” 1 Co. 1: 30. Em Cristo, temos tudo o que nossa alma precisa; se nos dirigimos aos homens imperfeitos, perderemos tudo, inclusive a própria esperança da vida eterna.

b) Um “culto de si mesmo”, um culto inventado pela própria vontade. Em termos práticos, este culto é: “Eu penso assim”, ou, “eu vivo de acordo com a minha consciência”. A Bíblia nos dá esta advertência: “Não confieis em príncipes, nem nos filhos dos homens (nem em si mesmo), em quem não há salvação” Sl. 146: 3.

c) Uma “falsa humildade”. Uma humildade que gaba de seu zelo religioso não pode ser verdadeira. Um certo fariseu gabou do seu zelo, dizendo: “Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho”. Mas, apesar deste zelo, ele não foi justificado diante de Deus, porque todo que se exalta será humilhado e, “o que se humilha será exaltado” Lc. 18: 9-14. Este tipo de autopromoção é pura ostentação de si mesmo, e não tem nada a ver com a humildade verdadeira, porque despreza a dádiva de Deus, Jesus Cristo, “que nos amou, e, pelo seu sangue nos libertou dos nossos  pecados” Ap. 1: 5.

d) Um “rigor ascético”. Maltratando o corpo com flagelos físicos e abstenção de alimentos necessários, atos que, muitas vezes, foram praticados publicamente, Mt. 6:16. O próprio Lutero, quando era monge na Igreja Romana, flagelava o seu corpo para se penitenciar e subjugar as suas tendências pecaminosas. Feliz a pessoa que pode testemunhar: Cristo me libertou dos meus pecados, Ap. 1: 5.

e) Qual o resultado deste “rigor ascético?” Ele “não tem valor algum contra a sensualidade”. O pecado é um problema espiritual e tem que ser resolvido somente pelos recursos que o próprio Deus providenciou. E a providência principal foi a doação de seu próprio Filho que veio para buscar e salvar pecadores, Lc. 19: 10. O grande problema do pecador é a sua vontade teimosa e o seu espírito de independência. E, apesar de muitas oportunidades que os homens recebem, Cristo lamentou: “Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida” Jo. 5: 39-40.

Conclusão: À luz desta exposição, vamos atender a advertência do Ap. Paulo: “Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo; porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” Cl. 2: 8-9.


Rev. Ivan G. G. Ross

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