Vasos de Honra

sábado, 29 de setembro de 2012

A CONSCIÊNCIA DO PECADO




Leitura: Rm. 7:14-25

Introdução: Escolhemos este texto para reafirmar que uma consciência do pecado tem sido uma das marcas mais caracterizantes do povo de Deus, desde os tempo remotos do Velho Testamento. No Novo Testamento, os apóstolos do nosso Senhor Jesus Cristo sentiam esta presença do pecado. E, nesta mensagem, estamos sugerindo que na Igreja dos nossos dias, esta consciência do pecado, esta lamentação por causa da presença do pecado que macula a nossa vida, praticamente desapareceu. Com o desaparecimento desta consciência do pecado, duas outras verdades estão igualmente desaparecendo da vida da Igreja: uma Consciência da Soberania de Deus – um Deus que atua soberanamente nas circunstâncias da nossa vida; e, uma consciência da absoluta necessidade de ser salvo por “Cristo e este crucificado” . Pecadores são passíveis da ira de Deus e do fogo eterno, portanto, um senso de urgência deve caracterizar o pecador.

Quando falamos de uma consciência do pecado, estamos descrevendo uma realidade espiritual. O homem de Deus, redimido por Cristo Jesus e dirigido pelo Espírito Santo, reconhece e lamenta a presença do pecado em sua vida. É o descrente, a pessoa que nunca foi tocada pelo Espírito Santo, que não tem esta consciência do pecado em sua vida.

Quando o Ap. Paulo lamenta: “Pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo” (Rm. 7:18), ele não está dizendo que a sua vida era caracterizada por pecados patentes; ele está apontando para um princípio de pecado que atuava não só em sua vida, mas também na de todas as pessoas; está identificando aquele conflito espiritual que ele já havia descrito em Gl. 5:17: “Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito contra a carne, porque são opostos entre si”. A Igreja será mais feliz quando voltar a sentir as angústias e a dor desta consciência do pecado; quando voltar a sentir a sua total incapacidade para executar a vontade de Deus com a devida perfeição. Se duvidamos desta capacidade, façamos um teste: Amamos a Deus com a devida perfeição? A realidade da nossa falha traz rubor aos nossos rostos e auto-condenação. Por isso, o Ap. Paulo agoniou-se e clamou: “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?”

Vamos desenvolver este ponto da necessidade de uma consciência do pecado, e das conseqüências quando ela não está presente na vida da Igreja. 

1. Definição de Pecado. A Bíblia define o pecado como uma transgressão da lei de Deus (1 Jo. 3:4). A maioria das pessoas não iria questionar esta definição. Mas, depois de confessar comodamente:  todos nós somos pecadores; onde está a consciência do pecado? Percebemos que o pecado tende a amortecer a consciência. Em vez de clamar contra a transgressão da lei de Deus, ela se acomoda sem qualquer preocupação séria. É instrutivo ouvir as reclamações dos presos em nossas penitenciárias: seus protestos de inocência revelam a dureza de seus corações e a falta de uma consciência do pecado. Porém, infelizmente, esta mortalha não se limita aos presidiários, este mal também está caracterizando muitos dos membros das nossas Igrejas.

Quais são alguns dos efeitos maléficos desta ausência de uma consciência do pecado? Podemos mencionar:

a) Conversões sem a convicção do pecado. Basta observar aqueles que atendem apelos para aceitar a Cristo; levantam as mãos e vão para frente com um sorriso no rosto. E o pregador, todo satisfeito, anima o auditório, dizendo: Amém, Deus está abençoando. Esta falta de uma consciência do pecado não é motivo de regozijo.

b) Conversões como formas de cooperação. Pais que exortam seus filhos: Levante a sua mão, você ainda não se decidiu. O filho levanta a sua mão, segue os processos, e mais uma pessoa se considera crente sem ser nascido de novo. Sem mencionar as pessoas que levantam a mão porque o Pastor pediu.

c) As pessoas que não manifestam nenhuma convicção do pecado e nem qualquer evidência de arrependimento, estão, por inferência, sendo convidadas a continuar em seus pecados. Assim, a Igreja sofre por causa de membros que não têm nenhum interesse sério em conformarem-se à pratica da vontade de Deus. 

Como corrigir esse problema? Como introduzir às nossas Igrejas esta tão necessária consciência do pecado?

A resposta é simples: Através da fiel exposição de todo o desígno de Deus.

Quando Pedro pregou, ele não sentiu nenhuma necessidade para fazer um apelo, ao contrário, a própria multidão fez o apelo. Com corações compungidos pela consciência do seu pecado, eles pediram: Que faremos, irmãos? O Espírito Santo continua convencendo pecadores de sua culpabilidade diante da lei de Deus, e a fiel pregação do Evangelho continua sendo o meio designado por Deus para a salvação de todo que crê.

2. A Deferência do Pecado. Esta ausência de uma consciência do pecado indica uma forma de deferência.  Pelo silêncio, a Igreja está dando o seu consentimento à presença deste mal. Esta deferência baseia-se na filosofia que acredita na bondade natural do ser humano. Ela se manifesta através do estilo de pregações populares. Basta fazer algumas ligeiras exortações para que o homem fique convencido da paternidade universal de um Deus que não se importa com os pecados de seus filhos. Quando o pecado não é uma preocupação, o ministério da Igreja assume novas ênfases. Podemos mencionar:

a) O estilo do culto. Em vez de uma santa reverência que facilita uma meditação espiritual, um ruidoso antropocentrismo reina. A nova atitude é que o homem se sinta à vontade na Igreja.

b) O estilo de oração. Não se ouve mais o clamor de um coração entristecido por causa do pecado, nem a súplica angustiada: “Ó Deus, sê propício a mim, pecador.” Nesta área, qual é a última novidade: Orações que não estão sendo dirigidas a ninguém, porque são apenas monofrases espontâneas, sem qualquer referência à mediação de Cristo.

c) O estilo de ministérios: Em vez da pregação direta do Evangelho, há uma ênfase crescente sobre a pregação indireta, ou seja, através de Ação Social, de implantação de escolas, etc. Tudo se consegue sem mexer com problema do pecado. Esta deferência do pecado estimula confiança na carne e tende a destruir qualquer noção do temor do Senhor.   

3. A Deformação do Pecado. Quando o pecado não está mais sendo reconhecido seriamente pelo ministério da Igreja, por inferência, o mal está sendo tolerado, e, por conseqüência, certas deformações começam a surgir.

a) O número de membros pode aumentar, porém, será uma multidão mista; o fenômeno de crentes e descrentes tentando andar de mãos dadas, que jamais produzirá um fruto positivo. Foi uma multidão mista que saiu do Egito (Ex. 12:38), e, justamente por causa desta mistura de gente, a ira de Deus tinha de se manifestar  para castigar o povo (Nm. 16:2-3).

b) Haverá uma preocupação para manter os números a qualquer preço. Porém, para conseguir este objetivo, é necessário descobrir um denominador comum, uma mensagem que não ofende a ninguém. Uma das tentações que o Pastor fiel mais sente é a pressão para agradar as preferências dos membros. É muito mais cômodo falar do amor de Deus, em vez da ira vindoura de Deus.

c) Com estas deformações existindo nas Igrejas, o que é que acontece com os verdadeiros crentes? Oferecemos duas observações: 1) Um esfriamento espiritual que destrói as prioridades do reino de Deus; 2) Uma decisão para abandonar a Igreja e buscar alimento espiritual em outros grupos eclesiásticos. E, pela saída dos melhores crentes, a Igreja se enfraquece e se aprofunda mais e mais nas deformações.

d) Uma outra deformação está surgindo entre nós. A palavra “Igreja” está sendo substituída por “Comunidades”. Mas, quem sabe, esta troca de palavras reflete uma triste realidade dos nossos dias. A palavra Igreja expressa a idéia de ser convocado para sair, ou, um povo que se coloca aos pés do Senhor para aprender das suas palavras (Dt. 33:3; 2 Co. 6:17). O termo Comunidade descreve um dado grupo de pessoas, sem qualquer inferência de propósito. Devemos repudiar estas deformações e abraçar o que devemos ser: Membros da Igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade (1Tm. 3:15).

Conclusão: Em nossos dias, há um clamor por avivamento, e, sem dúvida alguma, a Igreja precisa de experimentar uma soberana intervenção da parte de Deus. O início de um avivamento acontece quando a Igreja, como um todo, começa a sentir uma consciência do pecado. E, para isso, o povo tem de ouvir novamente a lei de Deus sendo exposta com toda fidelidade, a clara pregação de Jesus Cristo e este crucificado.

Rev. Ivan G. G. Ross
Setembro de 2012      

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