Vasos de Honra

terça-feira, 20 de junho de 2017

A VIDA CRISTÃ


Rev. Ivan G. G. Ross

Leitura Bíblica: Hebreus 12:1-3

Introdução: Vamos contemplar, por um momento, o sentido da vida cristã: Temos uma carreira para completar; mas, não estamos sozinhos, temos uma grande nuvem de testemunhas que assumiram a mesma carreira e a completaram vitoriosamente. E, se perguntarmos: Como elas conseguiram vencer todos os obstáculos? Respondemos: Elas contemplaram o galardão, olhando firmemente para o Autor e Consumador da sua fé, Jesus Cristo.

E, se perguntarmos: O que é necessário para entrar nessa carreira? O texto lido responde: Temos que nos desembaraçar “de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia”. É impossível viver a vida cristã carregando pesos e pecados. Temos que ficar inteiramente livres deles, a fim de completar vitoriosamente a carreira cristã. Mas, quais são esses pesos e pecados? Os pesos são os hábitos desnecessários que ocupam o nosso tempo, que poderia ser utilizado para o nosso crescimento espiritual. Embora esses pesos não sejam pecados explícitos, eles podem tornar-se pecados quando provocam omissões em nossos deveres espirituais. Temos que amar a Deus com a totalidade do nosso ser, porém, quando deixamos os prazeres desta vida inibir a nossa devoção a Deus, estamos pecando contra Ele. Esses são os pecados que tenazmente nos assediam. A dificuldade para dar “a Deus o que é de Deus” (Mt. 22:21). A prioridade que temos de dar a Deus é uma das disciplinas mais exigentes na vida cristã. “Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito contra a carne, porque são opostos entre si, para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer” (Gl. 5:17). O cristão tem de lembrar, constantemente: “Não vos enganeis, as más conversações corrompem os bons costumes” (1Co. 15:33). Temos que ser cuidadosos com a fonte das nossas informações.

Com essa parte introdutória, reconhecemos a impossibilidade de entrar na carreira, que é a vida cristã, carregando pesos e pecados. Esses impedimentos têm que ser abandonados a fim de deixar-nos livres para “servirmos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor” (Hb. 12:28). Vamos ao texto da nossa leitura.

1. O Desafio do Cristão.  “Corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta”. Essa carreira é a vida cristã, em toda a sua abrangência. Começamos a correr a partir do momento em que somos regenerados e cremos em Jesus Cristo como nosso Senhor e Salvador; e terminamos somente na hora da nossa morte física. Reconhecemos que a natureza dessa carreira é bem específica, porque o seu percurso é estabelecido pelo próprio Deus. Portanto, a primeira característica dessa vida é submissão à soberana vontade de Deus. A palavra “submissão” é composta de duas partes: “sub”, isto é, sob ou debaixo de alguém; e “missão”, ou seja, a prática da nossa vocação. O Ap. Pedro nos desafia: “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que Ele, em tempo oportuno, vos exalte” (1Pe. 5:6). E, outra vez: “Servos, sede submissos, com todo o temor ao vosso senhor, não somente se for bom e cordato, mas também ao perverso; porque isto é grato, que alguém suporte tristezas, sofrendo injustamente por motivo de sua consciência para com Deus” (1Pe. 2:18-19). Em outras palavras, vivemos a vida cristã sob a direção do Espírito Santo. “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm. 8:14). Quando estamos sendo guiados, entende-se que somos submissos ao nosso Guia. Devemos lembrar do título que Deus nos deu: “Somos filhos da obediência” (1Pe. 1:14).

Essa carreira deve ser corrida com “paciência e perseverança”. A vida cristã é sempre composta de circunstâncias agradáveis, bem como desagradáveis. As negativas têm a tendência de tentar deixar-nos desanimados. Mas, é justamente nessas circunstâncias que temos que usar "paciência e perseverança”. Não podemos deixar as dificuldades impedirem a nossa corrida. É importante lembrar que circunstâncias negativas nunca acontecem por acaso; tudo está sob a poderosa direção do Deus que ama o seu povo redimido. Nesse contexto, Cristo  disse: “Não se vendem cinco pardais por dois asses? Entretanto, nenhum deles está em esquecimento diante de Deus. Até os cabelos da nossa cabeça estão todos contados. Não temais! Bem mais valeis do que muitos pardais”  (Lc. 12:6-7). Quando nós conseguimos acreditar que tudo  o que acontece vem da direção e cuidado de Deus,  teremos forças para correr com paciência em nossa vida, para o nosso bem espiritual, para que tenhamos o fruto da justiça. “Por isso, restabelecei as mãos descaídas e os joelhos trôpegos; e fazei caminhos retos  para os pés, para que não se extravie o que é manco; antes, seja curado” (Hb. 12:11-13). E a palavra de exortação, que se aplica a cada um de nós: “Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para  que, havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa” (Hb. 10:36).

2. O Desafogo do Cristão. “Temos a rodear-nos tão  grande nuvem de testemunhas”. O que nos consola  é que nós não somos os primeiros a entrar nessa carreira, pois existe uma grande nuvem de testemunhas que experimentaram as mesmas dificuldades que nós estamos enfrentando e, apesar disso, completaram a carreira vitoriosamente, confessando: “Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou”, o  nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, (Rm. 8:37). Mas, o maior exemplo para nós é o próprio Jesus! Por isso, o Apóstolo disse: “Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim, andai nele, nele radicados e  edificados e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em ações de graças” (Cl. 2:6). Ele  é o precursor, que assumiu a mesma carreira que nós recebemos, juntamente com todas as circunstâncias que caracterizam esse caminho.

Quais são algumas das dificuldades que Cristo teve que suportar? “Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo”. Isto é: medite, cuidadosamente, no que Cristo experimentou, lembrando de quem Ele é; o próprio Filho de Deus, aquele que é digno de receber a mesma honra que damos ao Pai, (Jo. 5:23). Contudo, “era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso” (Is. 53:3). É quase insuportável ser desprezado e rejeitado. Cristo “veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo.1:11). Mas, por que estamos falando dessa maneira? “Para que não vos fatigueis, desmaiando em vossas almas”. O que Cristo suportou, como homem, semelhante a nós, foi muito maior do que nós teremos que suportar. A comparação é sempre útil, a fim de nos fortalecer em nossas tribulações.

Por que Jesus suportou tamanha contradição? Ele estava chegando ao ápice de sua caminhada. “Jesus, o qual em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra de Deus”. Como Cristo andou, andemos nós também. Ele é o nosso exemplo. Nesse contexto, o Ap. Paulo escreveu: “Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus, e co-herdeiros com Cristo; se com Ele sofremos, também com Ele seremos glorificados” (Rm. 8:17). Há uma semelhança entre o que Cristo experimentou e o que nós teremos que suportar na pista de corrida, que é a vida cristã. Assim como Cristo foi glorificado, nós também seremos glorificados.

Mas, qual é a diferença entre os sofrimentos de Cristo e os nossos? Ele estava sofrendo vicariamente por causa das nossas transgressões, dando satisfação a Deus por causa das nossas iniquidades. O nosso sofrimento, por outro lado, é parte do preço que pagamos  por sermos fiéis a Jesus Cristo. Ferir a justiça de Deus é um crime seríssimo e não pode passar como se fosse nada. O preço dessa transgressão é além de qualquer possibilidade humana. Somente o sofrimento e a morte de Cristo poderiam expiar  os nossos pecados e apaziguar a ira de Deus. Graças a Deus por Cristo Jesus, porque, agora, “nele temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef. 1:7).

3. O Desapego do Cristão. Agora, qual é o nosso dever? “Olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus Cristo”. Mas não é tão fácil manter os olhos fixos em nosso Salvador. A experiência de Pedro nos ensina do perigo de desviar os olhos de Cristo. No momento em que ele tirou os olhos daquele que o convidou, ele começou a “submergir”. Mas, por que ele tirou os olhos de seu Mestre? Ele “reparou na força do vento, e teve medo” (Mt. 14:22-33). Com os olhos fixos em Jesus, não teve medo de sair do barco e andar por sobre as águas. Mas, com os olhos desviados, teve medo e começou a se perder. No caminho para o céu existem muitas distrações cujo objetivo principal é desviar os nossos olhos de Cristo e colocar-nos no perigo de perdição. Quais são algumas dessas seduções  tão cativantes?

Em vez de manter os olhos firmemente fixos em Jesus Cristo, há uma tendência para olhar e cuidar dos nossos próprios interesses. Cristo falou da “fascinação das riquezas”, a ambição de ganhar muito dinheiro; esquecendo que “o amor ao dinheiro é raiz de muitos males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores” (1Tm. 6:10). Por que Ananias e Safira mentiram sobre a quantia de seu dinheiro? A “fascinação” cegou-lhes a consciência. O dinheiro que eles reservaram para si era mais importante que a verdade, (At. 5:1-11). Por que o jovem retirou-se triste da presença de Jesus? A “fascinação” das suas muitas propriedades cegou-lhe quanto às prioridades. Cuidar dos bens deste mundo era mais importante que vender tudo e seguir a Jesus. Os bens deste mundo, para ele, eram mais palpáveis do que “um tesouro no céu” (Mc. 10:17-22). Temos que desapegar-nos do amor ao dinheiro. Por que “um rico dificilmente entrará no reino dos céus”? (Mt. 19:23). Porque “ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas” (Mt. 6:24). Deus não pode aceitar um coração dividido. A ordem é esta: “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força” (Mc. 12:30). É impossível olhar para Jesus Cristo e, ao mesmo tempo, contemplar, com amor, os bens deste mundo. Não esqueça da confusão e tristeza do jovem rico.

Outro mal é olhar para o seu próximo com a intenção de julgá-lo precipitadamente, “pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados” (Mt. 7:1-2). “O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Rm. 13:10). Não podemos olhar para Cristo com aquela devoção sincera no coração e, ao mesmo tempo, olhar para o próximo com más intenções. Cristo disse: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros” (Jo. 13:34). O mandamento é novo no sentido de que, agora, temos um exemplo para seguir. Amamos como Cristo nos amou. E, para amar, tanto a Deus como ao próximo, temos que nos desapegar de todo e qualquer impedimento, para  que estejamos livres para praticar a vontade de Deus, olhando firmemente para Jesus, o Autor e Consumador da nossa fé. Com a prática desse amor, teremos a certeza de que somos nascidos de novo,  (1Jo. 4:7). Mencionamos dois males que impedem a nossa vitória na vida cristã: a fascinação das riquezas e a tendência de julgar o nosso próximo precipitadamente. Se não nos desapegarmos desses dois males, será impossível correr  “com perseverança, a carreira que nos está proposta”.

Conclusão: Temos tentado descrever certos aspectos da vida cristã, que é comparada a uma pista de corrida. Para chegar ao ponto final, vitoriosamente, temos que correr com perseverança e paciência, sem deixar outros interesses nos embaraçarem. O segredo é olhar firmemente para Jesus Cristo.


Vimos, em primeiro lugar, o desafio que cada cristão tem que aceitar. Temos que correr a vida cristã com perseverança e paciência. Sim, existem obstáculos, mas, olhando firmemente para Jesus Cristo, venceremos. Vimos, em segundo lugar, o  desafogo do cristão. O que nos consola é que não somos os únicos nessa corrida. Existe uma grande nuvem de testemunhas que terminaram  a carreira vitoriosamente, olhando firmemente para Jesus Cristo. Sim, Ele enfrentou tanto sofrimento por amor a nós e venceu  gloriosamente. Nós, de forma semelhante, venceremos, se mantermos os olhos fixos em Jesus Cristo. E, em terceiro lugar, vimos o desapego do cristão. Ele não pode correr vitoriosamente quando seus olhos estão desviados de Jesus Cristo. Temos que desapegar-nos da fascinação das riquezas, porque, se não, teremos que enfrentar os perigos que podem nos afastar da vida eterna. E, também, temos que nos desapegar de qualquer tendência que possa prejudicar o nosso próximo. Temos que amá-lo, como Cristo nos amou. Novamente, seremos vitoriosos na prática desses três princípios na medida que mantermos os nossos olhos fixos em Jesus Cristo, imitando o seu exemplo. A vida cristã é uma carreira, um estilo de vida que engrandece o Nome do nosso Deus. Que o Espírito Santo nos fortaleça para esse fim.      

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