Leitura
Bíblica: Colossenses 1: 9-14.
INTRODUÇÃO:
Devemos
lembrar que a Igreja dos Colossos estava sendo assediada para se desviar da sua
fé apostólica e aceitar uma heresia que negava a suficiência de Cristo para
redimir e salvar pecadores. Estes falsos mestres ensinavam a necessidade de
suplementar a obra de Cristo com a intervenção de anjos e, com um “rigor ascético”, tal como, “não manuseeis
isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro”. O Apóstolo combateu esta
heresia estabelecendo a Deidade absoluta de Cristo, e, por inferência, provando
o seu poder e autoridade para salvar, totalmente, o pecador que vem a Ele,
buscando o perdão de seus pecados e a certeza da vida eterna.
Mas,
antes de entrar no tema geral da Carta, o Apóstolo registrou a sua gratidão a
Deus pela Igreja em Colossos. Agradeceu a Deus pelo Evangelho, porque muitas
pessoas tinham se tornado cristãs pela fé em Jesus Cristo. Agradeceu a Deus
pela Evolução do Evangelho, porque “todo mundo” ao redor de Colossos estava
sendo alcançado pela boa notícia da salvação pela fé em Jesus Cristo. E, agradeceu
a Deus pelo Evangelista Epafras, um ministro fiel a Cristo.
Nesta
leitura de hoje, o Apóstolo registrou a síntese da sua oração em favor dos
Colossenses. Oração não é apenas gratidão a Deus, as súplicas dos crentes são
igualmente importantes. Através delas, participamos na extensão do reino de
Deus, e, ao mesmo tempo, contribuímos para o encorajamento daqueles que estão
diretamente envolvidos na pregação do Evangelho. O Apóstolo reconheceu esta
participação dos membros da Igreja em Corinto, dizendo: “Ajudando-nos também
vós, com as vossas orações a nosso favor” 2 Co. 1: 11. O Apóstolo que nos
exortou, dizendo: “Orai sem cessar ,
é o mesmo que disse: “Dando sempre graças a Deus, Pai do nosso Senhor Jesus
Cristo, quando oramos por vós, desde que ouvimos da vossa fé em Jesus Cristo” 1
Ts. 5: 17; Col.: 2-3. O grande anseio do Apóstolo era que os crentes fossem
capacitados para viver “para o inteiro agrado do Senhor”. Vamos sentir,
juntamente com o Apóstolo, este mesmo desejo ao examinarmos sua oração.
1- O
Apóstolo Pediu pelo Crescimento Espiritual, V. 9. Quando
o Apóstolo fez esta oração, pedindo que a Igreja transbordasse com pleno
conhecimento da vontade de Deus, possivelmente, estava pensando em Oséias 4: 6.
“O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta conhecimento”. Por causa
desta falta, o povo se torna presa fácil para aqueles que ensinam doutrinas
perniciosas; e, estas já estavam entrando, sorrateiramente, na Igreja dos
Colossenses. Por isso, o Apóstolo, sentindo a urgência da situação, registrou a
sua reação: “Desde o dia em que ouvimos, não cessamos de orar por vós e de
pedir que transbordeis do pleno conhecimento da sua vontade”.
a) Em
que consiste este conhecimento da vontade de Deus? Por causa da amplitude do
assunto, a nossa resposta tem que se limitar a dois versículos básicos. O
primeiro versículo: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o
Senhor pede de ti: que pratique a justiça, e ames a misericórdia, e andes
humildemente com teu Deus” Mq. 6: 8. Estes três itens podem ser considerados
como um resumo do grande mandamento: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu
coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu
entendimento; e, Amarás o teu próximo como a ti mesmo” Lc. 10: 27. Em primeiro
lugar, humildade diante do Senhor significa: andar em plena sujeição à sua lei.
Demonstramos o nosso amor ao Senhor através da nossa obediência à sua vontade.
Adão se exaltou diante do Senhor, desobedeceu-o e perdeu o seu lugar de honra
perante o Senhor. Em segundo lugar, a nossa responsabilidade é praticar a
justiça quando lidamos com os interesses do nosso próximo; usando a
misericórdia nos casos de desentendimentos. O segundo versículo: “Rogo-vos,
pois, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a
Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas
transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja
a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” Rm. 12: 1-2. A plena compreensão
do lugar da misericórdia de Deus em nossa vida deve nos conduzir a praticar os
primeiros princípios de uma santidade particular, isto é, uma consagração
voluntária da nossa vida ao Senhor para podermos oferecer a Ele um culto
racional; um afastamento dos moldes deste século para que sejamos livres para
ter uma mente renovada e moldada pelo poder do Espírito Santo, que usa e aplica
o ensino das Escrituras Sagradas à nossa vida. Desta maneira, experimentaremos
“qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.
b) Como
este conhecimento da vontade de Deus deve ser utilizado. A orientação do Apóstolo
é esta: “Em toda a sabedoria e entendimento espiritual”. Sabedoria é saber como
usar o nosso conhecimento da vontade de Deus para a satisfação e a edificação
da nossa vida espiritual. Assim, saberemos desmascarar os hereges e repudiar as
suas doutrinas perniciosas. Inseparavelmente ligada à necessidade desta
sabedoria está o “entendimento espiritual”. Entendimento espiritual significa:
a compreensão, aceitação, e o recebimento de tudo, o que Cristo fez quando deu
a sua vida em resgate por muitos. Entendemos e cremos que não há nenhuma
necessidade para acrescentar à perfeição e à suficiência do sacrifício de Jesus
Cristo. Aquele que pratica certas obras a fim de merecer a salvação, está
desprezando a gratuidade da graça de Deus, e praticando o pecado de “profanar o
sangue da aliança” e ultrajar “o Espírito da graça” Hb. 10: 29. (Os hereges em
Colossos negavam a suficiência de Cristo para salvar pecadores). Salvação é
recebida gratuitamente pela fé na suficiência do preço que Cristo pagou quando
morreu pelos nossos pecados. Deus não é injusto e não cobra duas vezes o preço
da nossa salvação. “Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como
favor, e sim como dívida. Mas, ao que não trabalha, porém, crê naquele que
justifica o ímpio, a sua fé é lhe atribuída como justiça” Rm. 4: 4-5.
2- O
Apóstolo Pediu Constância Espiritual, Vs.10-11.
Nestes versículos, o Apóstolo apresenta os motivos desta oração: “A fim de
viverdes de modo digno do Senhor”. Esta é outra maneira de dizermos que devemos
viver de acordo com o conhecimento que temos da vontade de Deus. Relembramos o
aspecto de vivermos humildemente diante do Senhor; e, praticando a justiça e a
misericórdia para com o nosso próximo. Estas atitudes são a vontade de Deus. Viver
“de modo digno do Senhor” requer uma constância de nossa parte, com os mesmos
princípios de santidade se manifestando ininterruptamente. O Apóstolo menciona
quatro áreas específicas onde esta constância e perseverança devem existir:
a) “Para
o inteiro agrado do Senhor”. É uma outra referência para viver de acordo com a
“vontade do Senhor”. Devemos imitar “o mesmo sentimento que houve também em
Cristo Jesus” Fl. 2: 5. “Então, eu disse: eis aqui estou,... agrada-me fazer a
tua vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração, está a tua lei” Sl. 40: 7-8.
Notemos que este anseio para agradar a Deus era algo que emanava das
profundezas de seu coração, e não uma mera formalidade sem qualquer
envolvimento emotivo. Por isso, o Salmista exprimiu: “As palavras dos meus
lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, Senhor,
rocha minha e redentor meu!” Sl. 19: 14. O Senhor tem um interesse especial em
nós quando as palavras da nossa boca e o meditar (as palavras silenciosas) do
nosso coração têm o propósito de agradá-lo.
b) “Frutificando
em toda boa obra”. Boas obras são os nossos atos de obediência às leis
prescritas de Deus. Glorificamos a Deus através de nosso atos de obediência. O
Ap. Pedro nos desafia, dizendo: “Como filhos da obediência, não vos amoldeis às
paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo
é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o
vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” 1Pe.
1: 14-16. “Frutificando em toda boa obra” tem o pensamento de progresso para
ficar cada vez melhor. Como o Ap. Paulo confessou: “Não que eu tenha já
recebido ou já tenha obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo
para o que também fui conquistado por Cristo Jesus” Fl. 3: 12. Ou seja, quero
ficar mais e mais à imagem de Jesus Cristo, Rm. 8: 29.
c) “Crescendo
no pleno conhecimento de Deus”. Não podemos nunca dizer: Basta, já cheguei; já
tenho o suficiente para ser salvo. O Ap. Pedro entendeu a necessidade de
adquirir mais conhecimento da natureza de Deus, exortando: “Crescei na graça e
no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” 2 Pe. 3: 18. As
riquezas da vontade de Deus são insondáveis, por isso, revelamos a sinceridade
do nosso interesse espiritual quando nos esforçamos para crescer no
conhecimento.
d) “Sendo
fortalecidos com todo poder, segundo a força da sua glória; em toda a
perseverança e longanimidade”. A dádiva de sermos “fortalecidos” é uma experiência
necessária e contínua a fim de termos a constância para permanecermos fiéis ao
Senhor no meio das adversidades da vida. Os Colossenses, que foram assediados
por falsos mestres, necessitavam da intervenção do poder de Deus, a fim de
resistirem este assédio e permanecerem fiéis a Jesus Cristo, que os amou, dando
a sua própria vida para que pudessem descansar na gratuidade da graça de Deus
em Cristo Jesus. “Nós vos exortamos a que não demovais da vossa mente, com
facilidade”, a sua confiança em Cristo para salvar, totalmente, pecadores, 2
Ts. 2: 2. “Sede fortalecidos no Senhor e na força de seu poder” Ef. 6: 10.
3- O
Apóstolo Pediu Contentamento Espiritual, Vs. 12-14. O
Apóstolo dá muita ênfase à necessidade de caracterizar a nossa espiritualidade
com atitudes de contentamento, sempre “dando graças ao Pai”. O Ap. Paulo
confessou: “Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação” Fl. 4: 11. Em
nosso texto, o contentamento se refere, especificamente, à “herança dos santos
na luz”, que é a salvação da nossa vida e a esperança de “habitar na Casa do
Senhor para todo sempre” Sl. 23: 6. Assim, o Apóstolo passa a descrever como
esta salvação começou em nossa vida.
a) “Ele
nos libertou do império das trevas”. Devemos reconhecer a miséria de todos
aqueles que estão vivendo como prisioneiros no império das trevas. São
“estranhos às alianças da promessa (da vida de um Salvador que iria libertá-los
das trevas), não tendo esperança e sem Deus no mundo” Ef. 2: 12. Cristo, como
aquele que é poderoso para libertar os cativos, entrou na sua prisão, quebrou
as algemas, tomou-os pela mão e os conduziu para a liberdade. Agora, protegidos
por Cristo, o império das trevas perdeu o seu domínio sobre eles.
b) “Ele
nos transportou para o reino do Filho de seu amor”. Não fomos tirados do reino
das trevas e abandonados sozinhos, antes, a libertação nos garantiu uma
segurança; fomos transportados para o império de Jesus Cristo, onde desfrutamos
das bem-aventuranças dos filhos de Deus.
c) Em
Cristo, “temos a redenção”. Esta liberdade que agora temos, foi adquirida
através do processo de um resgate, isto é, mediante ao pagamento do valor
estipulado. “Sabendo que, não foi mediante cousas corruptíveis, como prata e
ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que os vossos pais vos
legaram, mas pelo precioso sangue, como cordeiro sem defeito e sem mácula, o
sangue de Cristo” 1 Pe. 1: 18-19.
d) “Nele
temos a remissão dos pecados”. Estávamos no “reino das trevas”, porque aquele é
o lugar dos pecadores que ainda não são redimidos; mas, agora, pela soberania
de Deus, estamos no reino de Cristo, porque fomos redimidos e todos os nossos
pecados foram perdoados. O que acontece com os pecados que são perdoados? São
lançados “nas profundezas do mar” Mq. 7:19. Eis a palavra do Senhor: “Eu, eu
mesmo sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados
não me lembro” Is. 43: 25. “Se , pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente
sereis livres” Jo. 8: 36. Livres das consequências judiciais de nossos pecados;
e livres para entrar, “confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de
recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” Hb.
4: 16.
Conclusão: Na
medida do possível, devemos orar em favor da espiritualidade das nossas
Igrejas. Há sempre uma necessidade para crescer no conhecimento da vontade de
Deus. Por causa dos perigos espirituais, as Igrejas precisam desenvolver uma
constância em suas convicções acerca da suficiência da obra redentora de
Cristo, a fim de vencerem o assédio pernicioso dos falsos mestres. E, nestes
dias de tantas inquietações, devemos cultivar um contentamento espiritual, descansando
na suficiência do sacrifício de Cristo para garantir a nossa salvação. Não
sejamos remissos quanto ao dever de dar “graças ao Pai” por todos os benefícios
espirituais à nossa disposição.
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