Vasos de Honra

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

O NOSSO DIA FINAL


Leitura Bíblica: Romanos 13:11-14.

Introdução: Até aqui, nos estudos sobre Romanos 12 e 13, temos abordado cinco temas que estão inseparavelmente ligados à  prática da vida cristã. Primeiro, no ato de nossa conversão, somos consagrados a Deus, movidos a dar nossa vida a Ele por causa das muitas misericórdias derramadas sobre nós em Cristo Jesus. Em segundo lugar, reconhecemos que somos salvos pela graça de Deus, por isso, não devemos pensar de nós mesmos além do que convém, por causa do dom especial que cada um de nós recebeu de Deus. Nossos irmãos em Cristo também receberam um dom específico, que, aos olhos humanos, pode ser mais vistoso do que o nosso. Contudo, não ficamos com ciúmes, pois o nosso dom é o que Deus nos deu, portanto, deve ser usado para a sua glória, sem fazer comparações. Em terceiro lugar, aprendemos qual é a natureza do amor e como devemos praticá-lo. O amor seja sem hipocrisia, evitando vinganças particulares. Em quarto lugar, reconhecemos as instituições de autoridades civis, e o nosso dever é respeitá-las, pagando os devidos tributos, porque elas são  ministros de Deus para o nosso bem. Em quinto lugar, aprendemos quais são as obrigações do amor. Amamos a Deus, por isso obedecemos aos seus mandamentos. “O amor não pratica o mal contra o seu próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor”.

Agora, em sexto lugar, parece que o Apóstolo está aplicando tudo o que ele tem ensinado até aqui, para que estejamos preparados para o nosso dia final. Há uma tendência para pensar que ainda temos muito tempo para viver, por isso, continuamos adiando decisões espirituais quanto ao futuro. Mas convém lembrar que “toda carne é como  a erva, e toda a sua glória, como a flor da erva; seca-se a erva, e cai a sua flor; a palavra do Senhor, porém, permanece eternamente” (1Pe. 1:24-25). Sim, haverá um dia final para cada um de nós, por isso, convém ouvir o que a Palavra de Deus diz.

1. Um Apelo para nos Despertar do Sono,V11.Com a passagem dos anos, um tipo de desânimo, um sono espiritual toma conta de muitos  cristãos; o zelo  antigo praticamente não existe mais. A vida para muitos tem sido uma luta sem muitas recompensas, e,  inconscientemente, pensam: para que lutar, vou  descansar um pouco e aproveitar melhor dos anos  que ainda me restam. Outra razão desse desânimo espiritual é o estado moral do mundo. Tantos  crimes são praticados e passam impunes. A prosperidade dos maus continua sacudindo o nosso senso de justiça. Mas Cristo, prevendo tudo isso, disse: “E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor  (a Cristo) se esfriará de quase todos”. Contudo, veja a  advertência solene: “Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” (Mt. 24:12-13).

Nesse contexto, o Apóstolo escreveu: “E digo isto  a vós outros que conheceis o tempo”. Qual tempo? A rápida aproximação do nosso dia final. “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois disto, o juízo” (Hb. 9:27). “Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (2Co. 5:10).

Percebemos, agora, a urgência nas palavras que se seguem: “Já é hora de vos despertar do sono (essa indolência espiritual); porque a nossa salvação está, agora, mais perto do que quando no princípio cremos”. Essa salvação se refere mais ao nosso dia final  aqui na Terra. Naquele dia, seremos libertados definitivamente de todos os dissabores desta vida. O Apóstolo viu esse dia com grande esperança, podendo confessar: “Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o  Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda” (2Tm. 4:6-8). O dia da nossa partida não precisa ser tão terrível porque, devidamente preparado e despertado, “partir e estar com Cristo é incomparavelmente melhor” (Fp. 1:23). 

2.  Um Apelo para Deixar as Obras das Trevas, V12. Está na hora de despregar-nos, desviar-nos dos cuidados deste mundo. “Vai alta a noite, e vem chegando o dia” da nossa partida. Entendemos que aqui, “a noite” se refere às atividades que caracterizam a vida deste mundo tão entregue às vaidades seculares, festas, comemorações e lazeres. Talvez algumas dessas coisas tenham uma importância para as famílias, contudo, elas não podem interferir com o tempo e o culto que é devido a Deus. Está na hora de ficar despregado dessas coisas desnecessárias e dedicar mais tempo para aquele que nos amou e a si mesmo se entregou à morte substitutiva por nós, assim, estaremos nos preparando para o dia final.

“Deixemos, pois, as obras das trevas (essas vaidades seculares) e revistamo-nos das armas da luz”. Em vez de sermos vestidos com as coisas das trevas, devemos ser vestidos com os valores da luz que se encontram em Cristo Jesus. Devemos desembaraçar-nos “de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia” (Hb. 12:1). Devemos  purificar-nos “de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus” (2Co.7:1). Essa santidade é tão necessária, porque sem ela ninguém verá o Senhor, (Hb. 12:14). A vida cristã é muito mais do que uma mera profissão de certas verdades espirituais; é um estilo de vida, santa e irrepreensível perante o Senhor. “Revistamo-nos das armas da luz”, ou seja, das virtudes  que emanam da nossa união com Cristo. É um ato que praticamos diariamente, mediante a leitura assídua das Escrituras, fortalecendo a nossa alma.

3. Um Apelo para Andar Dignamente, V. 13.  Observemos os contrastes que o Apóstolo gosta de  estabelecer. O cristão despreza as obras das trevas a fim de praticar as obras da luz. “Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes”. Somos “filhos da luz”. O nosso modo de viver está na claridade do dia; não temos necessidade de esconder o que fazemos, pois vivemos para agradar o Senhor Jesus Cristo, a quem amamos e servimos. Devemos sempre lembrar que “o fruto da luz consiste em toda bondade, justiça e verdade, provando sempre o que é agradável ao Senhor” (Ef. 5:9-10).

Por que o Apóstolo fala daqueles pecados mencionados nesse versículo? “Pois outrora, éreis trevas (praticantes dessas coisas pecaminosas), porém, agora, sois luz do Senhor.” Portanto, o nosso dever imediato é “andar como filhos da luz”. O cristão se esforça para não ser cúmplice nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, as reprova. A rejeição delas é total, não apenas em nossa própria vida, mas, também, na vida das pessoas ao nosso redor, (Ef. 5:6-13). O problema do pecado não é um mal que existe somente em outras pessoas, ele existe em nossa própria vida, talvez  não tão flagrante, contudo, a essência dele está no coração de cada ser humano, aguardando um momento oportuno para nos surpreender, pois o pecado nem sempre é um ato planejado. Mas veja como o Apóstolo estabelece mais um contraste. Depois de registrar uma lista de pecados detestáveis, ele acrescenta: “Tais fostes alguns de vós, mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados (declarados inocentes) em nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1Co. 6:11). Em vez de lamentar repetidamente o que praticamos na ignorância e na incredulidade, vamos testemunhar, com gratidão incansável, da graça e da misericórdia e do perdão que recebemos de Deus em Cristo Jesus. Apesar da nossa vida anterior, feliz a pessoa que pode confessar: “Mas obtive misericórdia” (1Tm. 1:13).  “Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo a sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo que ele derramou sobre nós ricamente por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna” (Tt. 3:5-7). Feliz a pessoa que pode caminhar para o seu dia final com essa experiência encorajadora.

4. Um Apelo para Revestir-nos de Jesus Cristo, V.14. Está na hora de tomar uma decisão urgente: “Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a  carne no tocante às suas concupiscências”. Damos  tudo para Cristo e nada para a carne, que é sempre  faminta por prazeres. Despachamos as coisas inconvenientes do passado, a fim de termos uma vida livre dos pesos que são impróprios para a vida cristã.

Mas, o que significa: revestir-nos de Jesus Cristo? Quando compramos um par de sapatos, não tentamos modificá-los para o nosso gosto, pelo contrário, nós os aceitamos como foram comprados. Se não tivessem sido do nosso  agrado, não os teríamos comprado. Assim, quando  recebemos o Senhor Jesus Cristo como o nosso  Salvador, não tentamos mudá-lo para o nosso querer, antes, aceitamos como Ele é em toda a sua plenitude. Revestimo-nos dele, no sentido de que  reconhecemos a sua eternidade e tudo o que isso implica. Cremos, não apenas em sua existência, mas em quem Ele é e o que Ele fez. Por exemplo: Ele é Deus “manifestado na carne” (1Tm.3:16). “Porquanto, nele habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl. 2:9). “Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder” (Hb. 1:3). Cremos que Ele é o prometido Messias, “ a consolação de Israel” (Lc. 2:25). Cremos que Ele “se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo. 1:14). Cremos que Ele veio para dar a sua vida em resgate por muitos, (Mc. 10:45). Cremos na eficácia da sua morte  substitutiva, e que nele “temos a redenção,  pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef; 1:7). Cremos que, depois de ser morto, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao céu e assentou-se à destra de Deus, (1Co. 15:3-4; Mc. 16:19). “Por isso, também pode salvar totalmente  os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder  por eles” (Hb. 7:25). No Antigo Testamento, animais foram sacrificados, simbolizando a morte vindoura de Jesus. Mas esses sacrifícios foram  totalmente ineficazes, “porque é impossível que o  sangue de touros e de bodes remova pecados”. E, para resolver essa impossibilidade, Jesus Cristo deu a sua vida, segundo as promessas proféticas. “Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus”. A obra redentora de Cristo foi encerrada vitoriosamente. Agora, libertação  é para todos os que se revestem dessas verdades, pois a sua salvação é garantida, (Hb. 10:4,12). “Porquanto a Escritura diz: todo aquele que crê não será confundido” (Rm. 10:11). O apelo termina, dizendo: “E nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências”. Não devemos à carne nenhuma obrigação, “porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1Co. 6:20). Portanto, estejamos preparados, pois o nosso dia final se aproxima sem aviso prévio.

Conclusão: Eu dei este conselho a uma jovem: Se você quer viver a vida cristã, leia e pratique o que  está em Romanos 12 e 13. E, para facilitar a compreensão desses capítulos, escrevi seis mensagens expositivas. Agora, com esta sexta palavra, desenvolvi os quatro apelos do Apóstolo. Primeiro, um apelo para nos despertarmos. A vida escoa-se  rapidamente, e, quando menos esperamos, o nosso dia final chegará. Segundo, um apelo para nos despregarmos dos cuidados deste mundo e nos revestirmos das armas da luz, ou seja, das virtudes  de Jesus Cristo. Terceiro, um apelo para praticarmos o desprezo. Desprezamos as obras das trevas a fim de praticarmos as obras da luz. Quarto, um apelo para despacharmos as coisas inconvenientes . Está na hora de tomarmos uma decisão. Qual? “Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências”. Reconhecemos que tudo passa rapidamente; a vida é como um breve pensamento e logo virá o nosso dia final. Portanto, devemos orar e viver esta  oração: “Ensina-nos, Senhor, a contar os nossos  dias, para que alcancemos coração sábio” (Sl. 90: 9-12).


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