Nestes dias de paixão ecumênica, que nubla as linhas de distinção entre a verdade e o erro, convém manter em nossa mente a graça imensurável derramada sobre a Igreja e o mundo no tempo da Reforma do século XVI. Estamos tão afastados daqueles séculos que temos a tendência de subestimar, ou até de esquecer o privilégio que é nosso como herdeiros da Reforma. Não estou desatento às circunstâncias preparatórias que precederam a Reforma do século XVI. Contudo, foi neste século que a plena luz do evangelho libertador chegou a seu zênite. Basta pensar sobre os erros e as superstições que prendiam a Igreja Romana no tempo de Lutero. Quando ele fixou as suas 95 Teses (assuntos para serem discutidos) sobre a porta da Igreja em Wittenberg na Alemanha, ele estava protestando contra as trevas que imperavam por toda parte. E, com este ato, as trevas começaram a ser dissipadas e o poder da glória do evangelho de Jesus Cristo começou a raiar sobre o horizonte. Devemos também perguntar: Qual seria a nossa vida espiritual hoje, se Deus não tivesse entrado soberanamente na experiência de seu povo? A superstição teria continuado, juntamente com novas heresias, deixando os homens num estado de perdição ainda pior. E, de fato, apesar do impacto da Reforma, a Igreja Romana não melhorou; ela continua pervertendo os princípios bíblicos. No espaço de um século, três dogmas inaceitáveis têm sido sancionados como artigos de fé (têm que ser acreditados), a saber: a concepção imaculada da virgem Maria, 1854; a infalibilidade do Papa em assuntos espirituais, 1870; a assunção – a subida do corpo e alma da virgem Maria para o céu, 1950. Estamos em falta quando não lembramos da nossa dívida para com os Reformadores. Mas o erro maior é quando deixamos de dar graças a Deus pelas dádivas espirituais que os Reformadores nos legaram, especialmente quando lembramos que a Igreja Romana continua impedindo o povo de experimentar a benção da salvação por meio de uma fé singular e desembaraçada em Jesus Cristo.
- Adaptado da introdução de um discurso proferido pelo teólogo, John Murray (1898-1975)
Rev. Ivan G. G. Ross – Outubro de 2012
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