Vasos de Honra

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segunda-feira, 4 de setembro de 2017

A PRONTIDÃO DO SENHOR




Rev. Ivan G. G. Ross

Leitura Bíblica: Salmo 23:1-6.

Introdução:  Embora tenhamos o costume de ouvir: “O Senhor é o meu pastor”, creio que é igualmente apropriado e bíblico dizer: “O Senhor é o meu Guia”. O Salmista, exaltando o Senhor, confessou: “Que este é Deus, o nosso Deus para sempre; Ele será o nosso Guia até a morte” (Sl. 48:14). E esta oração ao Senhor pode ser a nossa: “Guia-me na tua verdade e ensina-me, pois tu és o Deus da minha salvação” (Sl. 25:5). Agora, em vez de me considerar como uma ovelha, quero me apreciar como um peregrino, caminhando para a minha morada lá no céu. Creio que  o contexto do Salmo 23 permite vermos o Senhor como nosso Guia, que é sinônimo de Pastor, aquele que cuida de todas as nossas necessidades enquanto caminhamos pelo vale de Sidim (local de guerra, Gn. 14:8).

Notemos que o Salmo 23 é intensamente pessoal, eu e o meu Senhor. Por causa dessa intimidade, “não temerei mal nenhum, porque tu (o Senhor) estás comigo”. Embora existam milhões de pessoas invocando o nome do Senhor, temos que reconhecer a nossa singularidade, temos que lidar com o nosso Deus como indivíduos responsáveis. “E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele para quem temos de prestar contas” (Hb. 4:13).

1. A Provisão do Senhor, Vs. 1-2. Ao peregrinar para o lar celestial, quais são algumas das provisões incluídas nesta promessa preciosa: “Nada me faltará”? O Senhor não nos guia por caminhos que causam decepção, antes, Ele nos “faz repousar em pastos verdejantes”. Ele não nos guia por caminhos áridos, antes, Ele nos leva “para junto das águas de descanso”. Nessas duas figuras, que têm basicamente o mesmo sentido, percebemos o cuidado que o Senhor tem para com o seu povo. Ele consola os desanimados, ampara os fracos e é longânimo para com todos. “Faz forte ao cansado, multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Os jovens se cansam e se fatigam e os moços de exaustos caem, mas os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águia, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam” (Is. 40:29-31).

Visto que estamos caminhando para o lar celestial, fundamentamos a nossa vida sobre valores espirituais, aprendemos de Cristo e andamos com Ele. “Aquele que diz que permanece em Cristo, esse deve também andar assim como Ele andou” (1Jo. 2:6). Vamos meditar, por um momento, sobre o que Cristo fez por nós: “Comigo houve pobreza e vacuidade; porém, com Ele, riquezas e plenitudes. Por causa da minha pobreza, Ele se fez pobre; porém, agora, as suas riquezas me fizeram rico, para nunca mais ser pobre. Eu era, muitas vezes, cansado; porém, Ele é sempre forte. Havia um tempo quando o meu cansaço o fez cansado; mas, agora, a sua força me faz forte. Eu conhecia somente os lugares pesados e barulhentos; porém, Ele me fez conhecer os lugares lenimentos (suaves) e tranquilos. Havia um tempo quando Ele, para me buscar, entrou nesses lugares mundanos; e, agora, habito com Ele em pastos verdejantes e águas de descanso. Eu estava com fome e sede num lugar desértico; porém, nele, tenho todas as plenitudes da providência de Deus, onde ele refrigera a minha alma, dia após dia” (citado do livro: The Psalms, por W. E. Scroggie). Agora, o Salmista faz uma pergunta pertinente: “Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me comprazo na terra” (Sl. 73:25). “Digo ao Senhor: Tu és o meu Senhor; outro bem não possuo, senão a ti somente” (Sl. 16:2).  

2. A Proteção do Senhor, Vs 3:4. Ele me guia pelas veredas da justiça, por amor do seu nome”. Primeiro, Ele “refrigera” (restaura) a minha alma, colocando-a em plena comunhão espiritual consigo mesmo, para,  em segundo lugar, guiar-me pelas veredas da justiça. A conversão, ser nascido de novo, sempre precede qualquer direção espiritual em nossa vida. Ele não nos guia para alcançar preeminência nos negócios deste mundo, mas, sim, excelência na prática da justiça. E qual a razão dessa direção? Por amor do nome do Senhor. De certa forma, quando fomos chamados para glorificar a Deus pela prática da justiça, Ele envolveu a honra do seu nome em nosso procedimento. Mas Ele não nos deixou sozinhos para glorificar o seu nome, antes, Ele mesmo nos guia soberanamente, dando-nos as necessárias forças para agir de acordo com a sua vontade, por amor do seu nome. Assim, é Ele quem recebe toda glória e é a graça imerecida que há de completar a sua obra santificadora que Ele começou quando fomos “chamados para sermos de Jesus Cristo” (Rm. 1:6).

Na Bíblia, o verbo “andar” normalmente se refere ao nosso modo de viver, “andar nas trevas” (Jo. 8:12); “andar na luz” (Ef. 5:8). O Apóstolo falou sobre o andar negativo: “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andaste outrora, segundo o curso deste mundo” (Ef. 2:2). E, agora, o andar positivo: “Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis dignos da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz” (Ef. 4:1-3). Andar, portanto, sempre envolve direção; estamos andando de acordo com a vontade de Deus. A experiência nos ensina que, nesse andar, temos que enfrentar todo o tipo de circunstâncias, coisas agradáveis, bem como desagradáveis. Nunca saberemos o que pode acontecer no amanhã; contudo, para o cristão, o desconhecido não lhe dá medo, porque Cristo prometeu: “E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século” (Mt. 28:20).

Nesse contexto, o Salmista declarou: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo”. Esse “vale” se refere às circunstâncias aflitivas, e não necessariamente à morte física. Contudo, o Salmista emprega uma frase expressiva: “A sombra da morte”. Uma sombra, apesar de indicar uma presença, não é o objeto em si. Sentimos a possibilidade de um problema, porém, muitas vezes, ele não nos toca. Mas, por outro lado, especialmente no caso da morte, ou de um querido, ou da nossa própria, temos que ficar de sobreaviso.  

Então, como podemos nos preparar para qualquer eventualidade? A resposta do Salmista é que devemos confiar na prometida proteção, cuidado e presença consoladora do Senhor. “Não temerei mal nenhum, porque tu (o Senhor) estás comigo; o teu bordão e o teu cajado (os meios da graça: a Palavra de Deus e a oração), me consolam”. O Apóstolo acrescenta: “Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino, foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras tenhamos esperança” (Rm. 15:4). Tempos de grandes elevações espirituais devem ser moderados com a lembrança das palavras solenes do Apóstolo no exercício de seu ministério: “Fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé; mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus” (At. 14:22) Variadas circunstâncias, sim, mas em todas essas coisas, somos peregrinos vitoriosos por meio de Jesus Cristo (Rm. 8:37).

3. A Profusão do Senhor, Vs.5-6. O peregrino chegou ao término da sua carreira. Mas qual é a esperança do cristão, que andava no Espírito, evitando as concupiscências da carne? (Gl.5:16). Ele ouvirá: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt. 25:34). Em seguida, será recepcionado de acordo com os costumes de hospedagem do Oriente. Uma mesa de delícias o aguardará; sua cabeça será ungida com óleo e receberá um cálice transbordante de “água das fontes da salvação” (Is. 12:3). Uma referência a esse costume pode ser encontrada em Lucas 7:36-50, onde o convidado receberia os sinais de boas vindas: ter os pés lavados; ter a cabeça ungida com óleo ou bálsamo; receber um ósculo. No caso relatado por Lucas, embora convidado por um fariseu, Jesus não foi honrado com esses sinais de boas vindas, porém, uma pecadora veio com um vaso de alabastro e derramou tudo sobre a pessoa de Jesus, demonstrando, publicamente, o seu muito amor, porque Ele perdoara os seus muitos pecados. O nosso peregrino não foi desprezado, como aconteceu com Jesus na casa do fariseu, antes, foi recebido com uma festa luxuosa, sua cabeça foi ungida com óleo, e na sua mão recebeu um cálice transbordante de toda sorte de bênçãos espirituais. É quase impossível imaginar o que “Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1Co. 2:9).

Outro detalhe que enaltece o recebimento do peregrino: “Prepara-me uma mesa na presença dos meus adversários”. O povo de Deus tem os seus adversários, pessoas que têm prazer em demonstrar a sua rejeição a Deus e a seu povo. Mas, no Dia Final, esses zombadores serão obrigados, em seu tormento, a contemplar a bem-aventurança daqueles que amam e respeitam a Deus. Na parábola do Rico e do Mendigo, o rico via a felicidade de Lázaro. A circunstância dos dois é resumida com estas palavras ao rico: “Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro, igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu, em tormentos”. (Lc. 16:19-31). A lição que  Jesus está inculcando é esta: “Não vos enganeis: de  Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl. 6:7).

Qual é a bem-aventurança do peregrino, já no céu? Com a sua cabeça ungida com óleo purificador, ele tem pensamentos de gratidão, confessando: “ O meu cálice transborda”. O nosso gozo é completo, (Jo. 15:11). Ligado inseparavelmente a esse gozo está a confiança de continuidade: “Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida (na eternidade); e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre”. Davi previu essa bem-aventurança espiritual quando escreveu: “Como é preciosa, ó Deus, a tua benignidade! Por isso, os filhos dos homens se acolhem à sombra das tuas asas. Fartam-se da abundância da tua casa, e na torrente das tuas delícias lhes dás de beber. Pois em ti está o manancial da vida; na tua luz, vemos a luz” (Sl.36:7-9). 

Conclusão: No Salmo 23, temos uma fonte de riquezas, porém, elas têm que ser descobertas mediante um tempo dedicado a esse fim. O Senhor é o meu Pastor; mas Ele é também o meu guia, “Guiando-me na verdade do  Senhor e ensinando-me, pois Ele é o Deus da minha salvação, em quem eu espero todo o dia” (Sl. 25:5). Temos visto a Provisão do Senhor: “Nada me faltará”. Temos visto a Proteção do Senhor: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo”. E temos visto a Profusão do Senhor: “Preparas-me uma mesa ... o meu cálice transborda”. Terminamos citando o hino: “Peregrinando por sobre os montes, e pelos vales, sempre na luz! Cristo promete nunca deixar-me, eis-me convosco, disse Jesus. – Brilho Celeste! Brilho Celeste! Enche a minha alma, glória do céu! Aleluia! Sigo cantando, dando louvores, pois Cristo é meu!” (HNC 114).

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

ESTÁ CONSUMADO!


Rev. Ivan G. G. Ross

Leitura Bíblica: João 19:28-30

Introdução:  Vamos dar início à nossa reflexão, citando as palavras de um dos nossos hinos: “Ao contemplar a tua cruz e o que sofreste ali, Senhor, sei que não há, ó meu Jesus, um bem maior que o ter amor! – Quero somente me gloriar na tua cruz, meu Salvador, pois morreste em meu lugar! Teu, sempre teu serei, Senhor!” (HNC 262).

Nesse ato de contemplar a cruz de Jesus Cristo, escutaremos uma das sete palavras que Ele fez ouvir enquanto pendurado na cruz, “derramando a sua alma na morte” (Is. 53:12). E, no momento final de seu sofrimento, Ele deu um “grande brado”, anunciando a vitória sobre o pecado: “Está consumado!” (Mc. 15:37). O que foi consumado? A sua missão para redimir e salvar o seu povo foi completamente executada; e, com essa morte substitutiva, as profecias messiânicas no Antigo Testamento se cumpriram. Em diversas ocasiões, Cristo manifestou plena consciência de que veio para cumprir essas profecias. Oferecemos um exemplo. Quando Jesus foi traído, Ele podia ter facilmente escapado de seus inimigos, porém, em vez de fugir, Ele se entregou a eles, dizendo: “Acaso, pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim deve suceder? Naquele momento, disse Jesus às multidões: Saístes com espadas e porretes para prender-me, como a um salteador? Todos os dias, no templo, eu me assentava convosco ensinando, e não me prendestes. Tudo isto, porém, aconteceu para que se cumprissem as Escrituras dos profetas. Então, os discípulos todos, deixando-o, fugiram” (Mt. 26:53-56). Citamos mais uma profecia, para podermos sentir  que a obra de Cristo consistia em cumprir as profecias,  Daniel 9:24. “Setenta semanas (simbólicas), estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a transgressão, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia, e para ungir o Santo dos Santos.” Cristo veio para cumprir essas seis determinações.

1. “Para fazer cessar a transgressão”.  Transgressão significa desobediência à  lei revelada por Deus. Essa desobediência é característica de cada ser humano, na qual “todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza, filhos da ira, como também os demais” (Ef. 2:2-3). Cristo veio “para fazer cessar a transgressão” e todos os atos de desobediência. Como  Cristo cumpriu essa profecia? Pelo Espírito, recebemos uma nova natureza; fomos regenerados pela obra expiatória de Jesus Cristo. “Todo aquele que é nascido de Deus, não vive na prática do pecado, pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus” (1Jo.3:9). Nascidos de novo, vivemos unidos com Cristo, e, como ele morreu para o pecado, nós também morremos para o pecado; por isso, o Apóstolo podia dizer: “O pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, e sim da graça” (Rm. 6:14). O Espírito Santo foi dado a fim de aplicar a eficácia da obra santificadora de Cristo em nós e direcionar-nos para o caminho em que devemos andar. Assim, temos a exortação: “Digo, porém, andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne” (Gl. 5:16). Graças a Deus, nós, que estamos em Cristo, podemos experimentar que, de fato, Cristo fez “cessar a transgressão”, rompendo aquele domínio e desobediência habitual.

2. “Para dar fim aos pecados”. Aqui, pecado descreve a nossa imperfeição, “carecemos da glória de Deus” (Rm. 3:23). Não conseguimos glorificá-lo como convém, algo está sempre faltando, por causa do pecado que ainda resta em nossa natureza. Em virtude dessa constante falha, precisamos, continuamente, a misericórdia e o perdão de Deus. Dar fim ao pecado é prendê-lo, como numa prisão de segurança máxima, para que nunca mais seja solto a fim de nos escravizar outra vez. A lembrança dos pecados da nossa mocidade podem nos causar muitas preocupações. Podem, porventura, prejudicar a segurança da nossa salvação? Por isso o Salmista clamava: “Não te lembres dos meus pecados da mocidade, nem das minhas transgressões. Lembra-te de mim, segundo a tua misericórdia, por causa da tua bondade, ó Senhor” (Sl. 25:7). Quando o Senhor perdoa os nossos pecados, eles são apagados e não mais lembrados, (Is. 43:25). Cristo disse: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo. 8:36). Livres, porque Cristo deu fim aos nossos pecados. Ele cumpriu a profecia.

3. “Para expiar a iniquidade”. Iniquidade é a perversão da palavra de Deus. “A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detém a verdade pela injustiça” (Rm. 1:18). “Alguns que vos perturbam e querem perverter (deturpar, 2Pe. 3:16), o evangelho de Cristo” (Gl. 1:7). Apesar da seriedade da iniquidade, Deus oferece o seu perdão. Por isso, o salmista exclamou: “Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos” (Sl. 32:1). Foi Cristo que expiou os nossos pecados, levando-os para o esquecimento eterno, tão vividamente demonstrado no Dia da Expiação (Lv. 16:21-22). E, ao cumprir esse simbolismo, Cristo, “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça” (1Pe. 2:24). Como podemos experimentar a bem-aventurança dessa expiação? “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo. 1:7). Sempre lembramos que Cristo “tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados” (Mt. 9:6; Sl. 130:4,7).

4. “Para trazer uma justiça eterna”. Essa justiça é aquela que Cristo alcançou para o seu povo, mediante a sua obediência imaculada à santa lei de Deus, uma justiça que é imputada a todos que crêem em Jesus Cristo, fazendo-nos aceitáveis diante do tribunal de Deus. “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus” (Rm. 5:1-2). Mas essa justiça não é apenas judicial, ela também se refere ao nosso procedimento. “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2Co. 5:17). Novamente, damos graças a Deus, porque Cristo cumpriu a profecia, e, de fato, trouxe uma justiça eterna para o seu povo.

5. “Para selar a visão e a profecia”. Cristo veio para ab-rogar todo o sistema das leis de sacrifícios usadas no culto do Antigo Testamento; colocou-as fora de uso pelo seu próprio sacrifício. “Jesus, porém, tendo oferecido para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus”, assim, confirmando a suficiência e a eficácia de seu sacrifício. “Porque com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados” (Hb. 10:12,14). Por isso, as repetidas referências sobre a necessidade “que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia” (Lc. 24:46; At. 3:18). “A seguir,  Jesus lhes disse ... importava que cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moises, nos Profetas e nos Salmos” (Lc.24:44). Dessa maneira, Cristo selou “a visão e a profecia”. Nesse sentido, percebemos a total impossibilidade de sermos justificados e salvos pelas obras da lei; porque já foram ab-rogadas. “Quando se diz Nova, torna-se antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer” (Hb. 8:13). Novamente, damos graças a Deus por Cristo Jesus, porque, como o nosso Representante e Substituto, ele cumpriu a lei em nosso lugar.

6. “Para ungir o Santo dos Santos”. No Antigo Testamento, o Santo dos Santos simbolizava a presença de Deus. Era um lugar separado do povo leigo. Contudo, o sumo-sacerdote podia entrar, porém, somente uma vez por ano e sempre com o sangue de um animal sacrificado. Cristo veio para ungir o Santo dos Santos, para que o seu povo pudesse ter pleno acesso a essa  presença. “Quando, porém, veio Cristo como Sumo-sacerdote, ... não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção”. Ele abriu a porta desse lugar sagrado, para que nós, o seu povo redimido, pudesse ter comunhão espiritual com Deus, (Hb. 9:11-12). Agora, veja o convite: “Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, ... aproximemo-nos, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência”, (Hb.10:19-22). Cristo fez referência ao privilégio de entrar na presença de Deus, dizendo: “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que onde eu estou, estejais vós também” (Jo. 14:2-3).

Nos seis itens da profecia de Daniel, percebemos a perfeição da obra redentora de Jesus Cristo. Em Tito, capítulo terceiro, temos um resumo deste feito: “Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo a sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador; a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna” (Tt. 3:4-7).   Sim, para o nosso consolo espiritual, vamos lembrar que, quando “Cristo nos amou e a si mesmo se entregou por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave”, Ele cumpriu  todas as promessas proféticas relacionadas à nossa redenção, (Ef. 5:2). “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1Jo. 4:10). Como o nosso Propiciador, Cristo nos encobre com a sua perfeita justiça, para que não sejamos expostos à ira de Deus por causa das nossas muitas desobediências.

Vamos voltar um pouco e meditar sobre as circunstâncias das profecias messiânicas do profeta Daniel. Começamos no início de Gênesis. Quando Adão e Eva pecaram, Deus não os rejeitou definitivamente, antes, Ele se dirigiu a Satanás, o provocador da queda dos nossos pais, dizendo: “Porei inimizade entre ti e a mulher; entre a tua descendência (os seguidores de Satanás) e o seu descendente (o prometido Salvador). Este (o prometido Salvador) te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” ( o que aconteceu durante os sofrimentos de Cristo), (Gn. 3:15). Ele seria reconhecido, não por uma declaração pública, mas, sim, mediante o cumprimento de profecias específicas, como, por exemplo, o seu nascimento virginal: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel” (Is. 7:14). A sua Divindade: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, o governo está sobre os seus ombros; o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is. 9:6). São nomes que pertencem, exclusivamente, à Divindade. E o local de seu nascimento, uma informação especificamente importante para os judeus: “Em Belém de Judá” foi a resposta espontânea dos “principais sacerdotes e escribas do povo” (Mq 5:2; Mt. 2:4-6). E a razão principal da sua vinda: “Para dar a sua vida em resgate por muitos”, (Mc. 10:45).  Em Isaías 53, temos a descrição e o propósito da sua morte: “Mas ele foi transpassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is. 53:5). E, terminamos ouvindo como Cristo se sentiu diante da sua missão: “Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória? E, começando por Moises, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes  o que a seu respeito contava em todas as Escrituras” (Lc. 24:26). E, quanto à sua vida/morte, disse: “Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai” (Jo. 10:18).

Conclusão: A vida cristã é um ato de fé, uma  confiança sincera na infalibilidade das Escrituras Sagradas, as quais nos dão tudo o que é necessário para termos a certeza da nossa salvação. Quando Cristo deu o grande brado: “Está consumado”, Ele estava anunciando, para que o mundo inteiro pudesse ouvir e crer: o preço da salvação foi pago, não por ouro ou prata, mas, sim, pelo seu sangue precioso. Creia, e seja salvo.


terça-feira, 15 de agosto de 2017

FÉ SALVADORA




Rev. Ivan G. G. Ross

Leitura Bíblica: Hebreus 1:1-7

Introdução:  Vamos meditar sobre a doutrina da nossa fé. Por que julgo necessário abordar esse assunto? Porque Cristo disse: “Contudo, quando vier o Filho do homem, achará, porventura, fé na terra?” (Lc. 18:8). Evidentemente, chegando perto da Segunda Vinda de Cristo, a fé salvadora em Jesus Cristo será algo bem insólito. Qual a razão desse acontecimento? Novamente, Cristo explica: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” (Mt. 24:12-13). Qual é a causa desse esfriamento? É o aumento assustador da iniquidade, mas não apenas isso, parece que, apesar das nossas orações, Deus não está respondendo. A iniquidade continua aumentando cada vez mais; assim nasce o desânimo. O Apóstolo descreveu essa situação, dizendo: “Sabe, porém, isto: nos últimos dias,  sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos,  enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto,  o poder. Foge também destes” (2 Tm. 3:1-5). O domínio desses pecados, em nossos dias, é uma realidade inegável. Mas a Bíblia ensina: “Todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1Jo. 5:4). Uma das atividades principais de Satanás é minar a fé do povo de Deus. A tática é bem sutil: em vez de negar a fé, ele procura redirecioná-la. Em vez de olhar firmemente para o nosso Senhor e Salvador, ele encoraja a pessoa a usar a sua fé para cuidar da sua vida física, buscando a cura das enfermidades; ou para aumentar a sua situação financeira; enfim, o mais importante é o bem estar nesta vida. Com essa preocupação, Cristo, e a vida eterna ficam praticamente excluídos. Qual é o fim principal da nossa fé? “A salvação da nossa alma”, pela fé em Jesus Cristo, (Pe. 1:6-9). Sabendo que toda a nossa esperança espiritual depende da nossa fé, Satanás não se cansa de tentar desviá-la, por isso, o alerta é: “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar, resisti-lhe firmes na fé” (1Pe. 5:8-9). A chave é “Permanecei firmes na fé” (1Co. 16:13).

Agora, vamos definir a fé verdadeira, a fé que nos dá o poder para contemplar o invisível: “Visto que andamos por fé e não pelo que vemos” (1Co. 5:7). Vamos imaginar que estamos olhando dentro da negridão do espaço vazio e silencioso. De repente, ouvimos uma voz; o nosso coração se enche com uma certeza: algo há de acontecer. A voz dá uma ordem: “Haja luz”, e, imediatamente, as trevas desaparecem. “Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus de maneira que o visível veio a existir  das coisas que não aparecem”. O primeiro versículo define a natureza da fé: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam”. Quais são as “coisas que se esperam”?  As revelações que Deus tem falado e prometido. E, sabendo que o que a palavra que Deus fala não pode se descumprir, temos a convicção de fatos (que Deus tem falado), “fatos que não se vêem”.  Não há necessidade de buscar uma definição melhor. Cremos na veracidade de tudo o que  Deus tem falado, pois ele não pode mentir, (Tt 1:2). As promessas que Deus tem nos dado são todas registradas nas Escrituras Sagradas, por isso, podemos confiar em cada uma. “Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim; porquanto também por Ele é o amém para glória de Deus, por nosso intermédio”, isto é, os ministros de Deus glorificam a Deus quando anunciam a sua confiança na infalibilidade dessas promessas, (2Co. 1:30). Mas, quais são as pessoas que podem viver essa fé? Somente aquelas que são nascidas de novo.  O homem natural, não regenerado, não pode e nem pensa nas possibilidades da fé, porque os seus desejos estão concentrados em agradar a sua própria carne. A nossa espiritualidade começa somente depois de termos sido regenerados e dotados com os dons concedidos pelo Espírito Santo. A fé é o dom principal, pois sem o uso dela, “é impossível agradar a Deus”. Vamos usar duas ilustrações a fim de descobrir como a fé foi praticada pelos heróis de Hebreus, capítulo onze.

A Primeira Ilustração é de Noé, V.7. Ele ouviu a palavra de Deus, avisando-o da destruição vindoura de todos os seres vivos por causa da corrupção maliciosa dos homens. Qual foi a reação de Noé ao ouvir essa revelação? Ele creu e temeu, porque soube que o mundo inteiro seria atingido, inclusive ele e sua família.  Mas Deus foi misericordioso e revelou-lhe o meio pelo qual ele e a sua família seriam salvos. Deus lhe ordenou para aparelhar uma arca para a salvação de sua família. Noé obedeceu e, imediatamente, começou a construção, “pela qual condenou o mundo (que zombava da sua fé na palavra de Deus) e se tornou herdeiro da justiça”. Notemos três passos que descrevem a sua fé: Ele ouviu a palavra de Deus dando-lhe instruções; creu nela; e agiu de acordo com a orientação recebida. Assim, ele e a sua família, pela fé, foram salvos daquela destruição.

A Segunda ilustração é de Abraão. “Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por herança; e partiu sem saber aonde ia”. Notemos, novamente, os mesmos três passos que sempre caracterizam a verdadeira fé: Abraão ouviu a ordem da palavra de Deus; creu na veracidade da promessa; e agiu de acordo com as instruções. Ele não ficou decepcionado. A fé sempre se manifesta pela obediência. Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu.

No Novo Testamento, a fé obedece aos mesmos três passos: “Depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa, o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória” (Ef. 1:13-14). Para nos tornarmos nascidos de novo, temos que ouvir uma mensagem específica: “A palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação”; depois de ouvir, temos que crer no que ouvimos, não apenas de maneira intelectual, mas, sim, “com o coração” (Rm. 10:10); depois de crer, temos que agir, isto é: entregar nossa vida aos cuidados de Jesus Cristo. Como Ele mesmo disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mt. 11:28-29). E, para ratificar esses três passos, ouvir, crer e agir, recebemos o dom do Espírito Santo, o qual “testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm. 8:16).

Fé e crer são quase sinônimos. Quando cremos, reconhecemos a veracidade da palavra ouvida; fé significa que vemos a substância da palavra indicada, embora seja invisível. Simeão recebeu a promessa de que “não passaria pela morte antes de ver o Cristo do Senhor”.  Ele creu. E, movido pelo Espírito, agiu pela fé, foi ao templo, e lá teve o privilégio de tomar nos braços o recém-nascido Salvador, e disse: “Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra, porque os meus olhos já viram a tua salvação” (Lc. 2:25-30). Cremos que Jesus Cristo nos deu a promessa da vida eterna e, pela fé, já estamos vislumbrando as glórias de estarmos com Ele para sempre.

Existem muitas realidades, embora invisíveis, mas que aceitamos pela fé, porque são revelações dadas por Deus, para a nossa instrução e consolo espiritual. “Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem”. No início, não existia nenhuma coisa material, senão uma vastidão ilimitada do nada. Então, como surgiu o universo, que é material? As especulações humanas são incontáveis, porém, sempre baseadas em algo existente. Contudo, no início, não havia nada, nem uma forma de gás, portanto, tais hipóteses devem ser equívocas.  Por que o homem natural insiste nesses estudos? Porque ele tenta explicar tudo sem a necessidade de admitir a existência de um Deus poderoso e criador.

Esse ponto nos leva a considerar outra verdade que aceitamos pela fé, embora seja invisível aos olhos humanos. “De fato, sem fé, é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam”. Quanto à existência de Deus, o Apóstolo ensinou: “Porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifestado entre os homens, porque Deus lhes manifestou” (Rm. 1:19). As obras da criação declaram a sua existência, por isso, os homens são indesculpáveis diante de Deus no Dia do julgamento, se não crerem e testemunharem da sua realidade.

Outra verdade que devemos aceitar pela fé é a auto-revelação de Deus. Ele tem prazer em manifestar-se ao homem, visto que é “galardoador dos que o buscam”. Que tipo de galardão podemos esperar da mão de Deus? Talvez depende do que nos motivou a buscá-lo. Se nós orarmos: “Ensina-me a fazer a tua vontade, pois tu és o meu Deus; guia-me o teu bom Espírito por terreno plano” (Sl. 143:10). O galardão será uma resposta favorável. Ele mesmo dos dará a revelação da sua vontade. Essa foi a experiência do Apóstolo Paulo, (At. 22:14-15; Gl. 1:11-12). Sempre pedimos baseado no que está revelado nas Escrituras Sagradas. Pela fé, podemos confessar: “De manhã, Senhor, ouves a minha voz e as minhas súplicas” (Sl. 5:3). Pela fé, acreditamos que o nosso Deus está sempre acessível e pronto para ouvir a nossa oração, apoiado pelo ensino da Bíblia, porque Ele é “galardoador dos que o buscam”.

Para algumas pessoas, o maior desafio à sua fé é crer que “Deus é amor” (1Jo.4:6). Sem anular os demais atributos divinos, cremos que Ele nos “atrai com cordas humanas, com laços de amor” (Os.11:4). O seu amor é eterno, (Jr.31:3). Mas, o incrédulo intercepta: Se Deus é amor, por que Ele deixa tanta selvageria acontecer contra inocentes? Embora não tenhamos respostas para tudo, cremos que Deus é soberano e que Ele é servido em deixar certas coisas negativas acontecerem para nos convencer da crueldade do pecado que existe no coração de cada  ser humano. Temos que sentir um verdadeiro nojo do pecado, não apenas o que está em outrem, mas também, presente em nossa própria vida (Ez.6:9). Pela FÉ, cremos que o Senhor tem domínio absoluto sobre tudo o que acontece neste mundo. Cristo,  falando sobre o domínio de Deus, disse: “Não se vendem cinco pardais por dois asses? Entretanto, nenhum deles está em esquecimento diante de Deus. Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais! Bem mais valeis do que muitos pardais” (Lc. 12:6-7). Com essas palavras, reafirmamos a nossa fé, confessando ao Senhor: “O teu reino é de todos os  séculos e o teu domínio subsiste por todas as gerações. O Senhor é fiel em todas as suas palavras e santo em todas as suas obras” (Sl. 145:13). Mas, para o povo de Deus, a sua fé afirma: “Sabemos que todas as coisas  cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm. 8:28). Apesar de não entendermos, no momento, tudo o  que acontece em nossa vida, Cristo disse: “O que eu  faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás  depois” (Jo. 13:7). Talvez José não entendeu a razão de ser  tratado com tanta injustiça, porém, quando  Faraó lhe disse: “Visto que Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão ajuizado e sábio como tu. Administrarás a minha casa, e à tua palavra obedecerá todo o meu povo; somente no trono eu serei  maior que tu"; então, José entendeu o motivo de tudo o que lhe sobreviera desde a traição de seus irmãos, (Gn. 41:39-40). Mais tarde, José pôde perdoar os seus irmãos, dizendo-lhes: “Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito. Agora, pois, não vos entristeçais, nem irriteis contra vós mesmos por me haverdes vendido para aqui; porque, para  conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós” (Gn.45:3-4; 50:19-21). Assim, podemos descansar na soberania divina.


Para terminar, queremos demonstrar como Deus ama. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo. 3:16). Esse é um apelo universal e irrestrito para toda a humanidade, porém, a condição é única: temos que crer que foi Deus que tomou a iniciativa para nos salvar, enviando o seu próprio Filho para “buscar e salvar o perdido” (Lc. 19:10). “Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele” (em total dependência dele, não apenas nesta vida, mas, também, para aquela que teremos depois da nossa partida deste mundo). Nisto consiste o  amor: não em que nós temos amado a Deus, mas em que  Ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1Jo. 4:9-10). Todos nós somos pecadores e, se comparecermos em tal estado perante o tribunal, a  sentença da morte (uma eternidade sem a presença consoladora de Deus) será irrevogável. Pela fé, cremos que Deus abriu, em Cristo, a oportunidade de salvação, porque, somente nele, “temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef. 1:7). Pela fé, cremos que Cristo foi enviado “como propiciação pelos nossos pecados”, o único que pode encobrir o nosso pecado, para que nunca mais se levante contra nós para nos condenar. “Filhinhos, agora permanecei em Cristo, para que quando Ele se manifestar, tenhamos confiança e dele não nos afastemos envergonhados na sua vinda” (1Jo. 2:28). Com essas verdades gravadas em nossa mente, somos exortados: “Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo (aquele que encobre o nosso pecado) e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências” (Rm. 13:14). O nosso desejo para cada um de vocês, é “crescei na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A Ele seja a glória tanto agora como no dia eterno” (2Pe. 3:18). Amém.

domingo, 16 de julho de 2017

FILIPE E O EUNUCO




Leitura Bíblica: Atos 8:26-40

Introdução:  Vamos recordar, por um momento, o que aconteceu naquele Dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo foi derramado, de acordo com a profecia do profeta Joel, (At. 2:16). Enquanto o Ap. Pedro explicava as Escrituras, o Espírito Santo estava agindo poderosamente, convencendo os seus ouvintes de seus pecados, (At. 2:37). Naquele dia, quase três mil pessoas se converteram e passaram a crer que o conhecido Jesus, crucificado, morto e ressuscitado, foi, de fato, o prometido Cristo. Qual foi a disposição desses recém-convertidos? “Louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor dia a dia os que iam sendo salvos” (At. 2:47).

Mas, dessa cena de alegria no Senhor, houve, de repente, uma mudança dramática. Os inimigos do povo de Deus reagiam com uma violência assustadora. “Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a Igreja em Jerusalém (onde o Espírito Santo fora derramado, dando início à necessária obra de regeneração entre os povos); e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria” (At. 8:1).  

Devemos fazer uma pergunta séria: Por que o Senhor permitiu essa perseguição que causou tanto sofrimento aos recém-convertidos? É um recurso que Deus usou a fim de ensinar ao seu povo lições essenciais. Ele fez Israel passar por necessidades para sondar seus corações: “Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o Senhor, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos. Ele te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conhecias, nem teus pais o conheciam, para te dar a entender que não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do Senhor viverá o homem” (Dt. 8:2-3).  Agora, podemos fazer uma segunda pergunta importante: Qual foi a lição que a Igreja primitiva tinha que aprender? Ela, em sua grande alegria e conforto espiritual em Jerusalém, estava se esquecendo das últimas palavras de Cristo: “Sereis as minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra” (At. 1:8). Por causa dessa perseguição, a Igreja se achou nas “regiões da Judéia e Samaria ... pregando a palavra” (At.8:1,4). Por causa dessa dispersão, também, Felipe recebeu a oportunidade abençoada para evangelizar o eunuco e vê-lo convertido e “seguindo o seu caminho, cheio de júbilo”. Por que esse júbilo? Porque, agora, tinha entendido o sentido das Escrituras e tinha crido, de todo o coração, que “Jesus Cristo é o Filho de Deus” (At. 8:37).  Vamos prosseguir e entender as circunstâncias desse encontro de Felipe com o eunuco.

1. A Disponibilidade do Eunuco.  Quem era esse homem que Deus separou para revelar-lhe o seu amor? Ele era “alto oficial de Candace, rainha dos etíopes, superintendente de todo o seu tesouro, que viera adorar em Jerusalém”. O que mais podemos dizer? Por ser etíope, ele era negro e desprezado pelos judeus; porém, não por Deus. Esse eunuco foi o cumprimento de uma das mais preciosas profecias do Antigo Testamento; uma verdade que a Igreja tinha que reconhecer e aceitar. Na reunião especial dos apóstolos e presbíteros em Jerusalém: “Havendo grande debate, Pedro tomou a palavra e lhes disse: Irmãos, vós sabeis que, desde há muito, Deus me escolheu dentre vós para que, por meu intermédio, ouvissem os gentios a palavra do evangelho e cressem. Ora, Deus, que conhece os corações, lhes deu testemunho, concedendo o Espírito Santo a eles, como também a nós (os judeus) nos concedera. E não estabeleceu distinção alguma entre nós (os judeus) e eles (os gentios), purificando-lhes pela fé o coração. Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos (a necessidade da circuncisão) um jugo que nem nossos pais puderam suportar, nem nós? Mas cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como também aqueles o foram” (At. 15:7-11). Como é bom entender: “Dessarte, não pode haver judeu, nem grego; nem escravo, nem liberto; nem homem, nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa” (Gl. 3:28-29).

Como é que esse eunuco, um gentio, chegou a ter interesse no culto ao Deus verdadeiro? Não sabemos nada sobre a vida anterior desse homem, mas a Bíblia nos oferece a melhor e a mais segura resposta. Deus, em toda a sua soberania, responde: “Fui achado pelos que não me procuravam, revelei-me aos que não perguntavam por mim” (Rm. 10:20). De uma maneira misteriosa, o Espírito Santo começou a despertar a consciência desse eunuco. Como oficial de uma país, talvez tivesse oportunidade para viajar e visitar outros países à procura de negócios. Nessas andanças, ele conheceu outras culturas e religiões, inclusive a dos judeus e o seu modo diferente de praticar a sua crença. Pela ação do Espírito Santo, o seu interesse foi despertado. Não sabemos nada sobre o processo da sua experiência espiritual, mas ele reconheceu a verdade do Deus cultuado pelos judeus e começou a “adorar em Jerusalém”. O próximo passo do Espírito Santo foi colocar uma porção das Escrituras Sagradas em suas mãos. O Espírito Santo lhe deu o Livro de Isaías, e ele começou a ler por si mesmo a Palavra de Deus. Encontramos com ele voltando para o seu país, “assentando no carro, vinha lendo o profeta Isaías”. Esse é sempre o costume do Espírito Santo, que vivifica o interessado para ouvir e ler as Escrituras, porque “a fé vem pela pregação, e a pregação pela palavra de Cristo” (Rm. 10:17). As pessoas em “Beréia eram mais nobres que os Tessalônicos; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim. Com isso, muitos deles creram, mulheres gregas de alta posição e não poucos homens” (At. 17:11-12). Por isso, o Espírito Santo insiste em colocar a Palavra de Deus nas mãos daqueles que estão recebendo o seu ministério vivificador. Agora, estamos prontos para ouvir mais sobre o poder da Palavra de Deus na vida do eunuco. Ele estava com dificuldades para entender a parte que estava lendo; mas o Espírito Santo lhe enviou um homem que o ajudou a entender a palavra profética.

2. A Disponibilidade de Filipe. Filipe foi um dos sete homens escolhidos para servir a Deus como diácono na Igreja em Jerusalém. Esses homens tinham uma boa reputação entre o povo e foram escolhidos como cristãos cheios do Espírito Santo e de sabedoria, (At. 6:3). Agora, por causa da perseguição, todos fugiram, deixando para trás os seus bens, a fim de se salvar, pois esse encalço já fechara muitos fiéis nas prisões, enquanto outros tinham sido assassinados, (At. 26:10). Embora a perseguição possa causar muito sofrimento, ela não tem poder para prejudicar a fé daqueles que estão “arraigados e alicerçados” em Jesus Cristo; e, como prova, vemos Filipe, agora em Samaria, ainda cheio do Espírito Santo, pregando o Evangelho com um poder extraordinário: “Pois os espíritos imundos de muitas pessoas saíram gritando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos foram curados. E houve grande alegria naquela cidade” (At. 8:7-8).

Enquanto estava realizando um trabalho intenso, onde o Senhor estava visitando muitas pessoas com bênçãos especiais, “um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Dispõe-te e vai para o lado sul, no caminho que desce de Jerusalém a Gaza; este se acha deserto. Ele se levantou e foi”. Para esse homem de Deus, não foi difícil deixar um trabalho movimentado e abençoado, porque ele tinha uma prioridade em sua vida: obediência a Deus, sem se preocupar com circunstâncias. Não sabemos quais foram os pensamentos íntimos desse servo de Deus, indo para um lugar desértico; deixando as multidões aos cuidados de Deus. Filipe tinha a mesma disposição do patriarca: “Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por herança; e partiu sem saber aonde ia” (Hb. 11:8). A Bíblia dá muita ênfase sobre a importância da obediência. Por sermos regenerados pelo Espírito Santo, somos reconhecidos como “filhos da obediência” (1Pe. 1:14). Por causa de seu compromisso para obedecer a Deus em tudo, Pedro e os demais apóstolos recusaram obedecer à determinação do Sinédrio, o tribunal mais importante em Israel, confessando: “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens” (At. 5:29). E, qual foi o preço desse ato de desobediência à lei? Eles foram açoitados, as autoridades repetindo a advertência para não falarem mais em nome do Senhor Jesus Cristo. Mas, será que eles ficaram intimidados, depois de serem açoitados? Não, de forma alguma. “E eles se retiraram do Sinédrio regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome. E, todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e pregar Jesus Cristo” (At. 5:40-42). Somente depois de obedecer a Deus é que entenderemos os seus propósitos de dar ordens a seus servos. Filipe obedeceu à ordem e foi para o lugar indicado, e, lá, encontrou com o eunuco, sedento para ouvir a explicação do texto que estava lendo. Cremos que Filipe foi o homem mais indicado para essa missão, pois estava cheio do Espírito Santo e de sabedoria.

3. A Disponibilidade do Eleito. Filipe, em obediência à palavra do Senhor, logo se achou no caminho indicado pelo anjo, e, evidentemente, no mesmo momento, o carro do eunuco apareceu, andando a passo fácil, porque Filipe não apenas podia acompanhar o carro, mas, também, podia ouvir o que o eunuco estava lendo. Talvez Filipe tivesse concluído: Agora estou entendendo por quê o Senhor me enviou a esse lugar. É mais uma oportunidade para pregar Jesus Cristo e este crucificado.

Novamente, seguindo a direção do Espírito Santo, Filipe ouviu a ordem: “Aproxima-te desse carro e acompanha-o”. E o texto continua descrevendo a obediência desse servo de Deus: “Correndo Filipe, ouviu-o ler o profeta Isaías e perguntou: Compreendes o que vens lendo?” E, com uma certa perplexidade, o eunuco respondeu: “Como poderei entender se alguém não me explicar?”. Agora, vamos dar uma pausa por um momento a fim de refletir sobre a soberania de Deus e como Ele tem acesso à consciência e à vontade de qualquer pessoa. Por que o eunuco, um alto oficial de uma rainha, convidou um estranho que, por acaso, encontrou numa estrada solitária, “a subir e a sentar-se junto a ele?” O Espírito Santo estava agindo, fazendo com que o eunuco entendesse que Filipe era um servo de Deus enviado por Ele. E, com essa convicção, estava pronto para ouvir a explicação de Filipe.
“Ora, a passagem da Escritura que estava lendo era esta: Foi levado como ovelha ao matadouro; e, como um cordeiro mudo perante o seu tosquiador, assim ele não abriu a boca. Na sua humilhação, lhe negaram justiça; quem lhe poderá descrever a geração? Porque da terra a sua vida é tirada”. Eis a dificuldade do eunuco: “Peço-te que me expliques a quem se refere o profeta. Fala de si mesmo ou de algum outro? Que momento propício para pregar o evangelho de Jesus Cristo e este crucificado!

“Então, Felipe explicou; e começando por esta passagem da Escritura, anunciou-lhe Jesus”. Não temos o registro da sua explicação; porém, seguindo o texto de Isaías, podemos sugerir três temas: A) Filipe identificou o Sofredor no texto como Jesus Cristo, O filho de Deus, “que é o resplendor da glória e a expressão exata de seu Ser” (Hb. 1:3). Assim, Jesus Cristo foi Deus, “manifestado na carne”, (1Tm. 3:16). “Emanuel, que quer dizer: Deus conosco”, (Mt. 1:23). B) Filipe explicou o sofrimento de Cristo em termos de sacrifício, como oferta a Deus, (Ef. 5:2). “Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito”, isto é, ressuscitado dentro os mortos, (1Pe. 3:18). C) Filipe enfatizou a necessidade de crer nessas verdades, testemunhar delas, e consagrar a sua vida à obediência. Cristo disse: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele” (Jo. 14:21).

A certa altura, o eunuco sentiu a necessidade de ser identificado com o povo de Deus, por isso perguntou: “Eis aqui água; que impede que seja eu batizado? Filipe respondeu: É licito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o filho de Deus”. E, logo depois do ato do batismo, “o Espírito do Senhor arrebatou Filipe, não vendo mais o eunuco; e este foi seguindo o seu caminho, cheio de júbilo”. Não sabemos mais a respeito do eunuco, mas quanto ao seu futuro e permanência na fé, confessamos junto com o Ap. Paulo: “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até o Dia de Cristo Jesus” (Fp.1:6). 

Conclusão: A história do eunuco está sendo repetida constantemente na vida de muitas outras pessoas. De uma maneira misteriosa, o Espírito Santo desperta a consciência de seu povo escolhido para buscar, através das Escrituras, a verdade que saciará a sua necessidade espiritual. E, se tiver alguma dificuldade para entender o plano da salvação, o mesmo Espírito Santo providenciará uma pessoa fiel para lhe conduzir à certeza da salvação pela fé em Jesus Cristo. Devemos orar para que mais pessoas sejam atraídas a Jesus Cristo, pois, “nele temos a redenção pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça”. Amém.

sexta-feira, 31 de março de 2017

O SANGUE PRECIOSO



Leitura Bíblica: 1Pedro 1:17-21.

Introdução: “O salário do pecado é a morte”. No momento em que o pecado entrou na vida do homem, ele instantaneamente perdeu todas as evidências de uma vida espiritual diante de Deus, o seu Criador. Em palavras bíblicas, estamos “mortos nos nossos delitos e pecados” (Ef. 2:1). E, para demonstrar a natureza imediata dessa morte espiritual de Adão e Eva, o Senhor Deus os “lançou fora do jardim do Éden”, ou seja, da sua presença, (Gn 3:23).O profeta descreve a realidade desse ato, dizendo: “Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Is. 59:2).

Mas, antes de expulsar Adão e Eva, o Senhor lhes deu duas promessas preciosas para alimentar as suas esperanças de uma redenção. A primeira se refere a Um que feriria a cabeça de Satanás; que resolveria o problema do pecado, (Gn. 3:15). A segunda foi uma alusão à maneira como o pecado seria encoberto, seria mediante uma morte substitutiva, (Gn. 3:2). Portanto, cremos que, desde o primeiro pecado, houve o derramamento de sangue inocente, a fim de encobrir o pecado do homem. No início, como uma forma de instrução, o sangue de animais escolhidos foi usado; porém, “é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecado” (Hb. 10:4). O povo tinha que aguardar o derramamento de um sangue superior, o sangue do Filho de Deus, Jesus Cristo, (Hb. 10:12). Vamos contemplar e valorizar o sangue precioso de Jesus Cristo.

1. A Proeminência do Sangue. Queremos salientar o valor inestimável do sangue de Jesus Cristo. O valor excede qualquer objeto material deste mundo. Prata e ouro não têm valor nenhum, no sentido de que, por eles, o homem não pode adquirir o perdão de seus pecados. Por quê? “Ao irmão, verdadeiramente, ninguém o pode remir, nem pagar por ele a Deus o seu resgate, pois a redenção da alma deles é caríssima”, um preço fora de qualquer possibilidade humana, (Sl. 49:7-8). Então, como pode o pecador ser perdoado? Há uma única resposta: Sangue tem que ser derramado; e não qualquer sangue: tem que ser o sangue que Deus providencia. Não pode ser o sangue de animais, “porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecado” (Hb. 10:4). Tem que ser sangue humano. Por quê? Porque foi o homem que pecou, portanto, é o homem que tem que sofrer o castigo da sua desobediência. Mas, onde está o homem que pode suportar esse castigo e vencer? Pois o salário do pecado é a morte, separação de Deus. Nesse contexto, a fim de resolver esse impasse, Deus deu o seu próprio Filho que se fez homem, “nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gl. 4:4-5). Cristo é a providência de Deus para nós, os pecadores. Falando de Cristo, a Bíblia explica: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus”. (2Co. 5:21). O sangue escolhido por Deus, o do seu próprio Filho imaculado, é tão importante, porque sem o derramamento deste, não há como receber o perdão, (Hb. 10:22).

Em outras religiões, o sangue tem seu lugar, mas por ser um sangue estranho e não indicado por Deus, não tem nenhum valor para remover pecados. Temos que confiar no que Deus providenciou, aquele de seu Filho, Jesus Cristo. O Ap. Pedro falou: “do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram”. Uma dessas futilidades é a celebração da Missa na Igreja Católica Romana, que é um sacrifício incruento (sem o derramamento de sangue), praticado a fim de perdoar os pecados dos penitentes. Qual o problema nesse ato? De necessidade, está anulando o que Cristo sofreu na cruz do Calvário, e desprezando o ensino definitivo das Escrituras Sagradas, que exaltam a suficiência do sacrifício de Jesus Cristo. “Porque com uma única oferta (Jesus Cristo) aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados” (Hb. 10:14). Não devemos confiar no “fútil procedimento que nossos pais nos legaram”, antes, temos que  ouvir a voz de Deus que fala a nós através das Escrituras Sagradas. Somos encorajados: “Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb. 10:19-20). A nossa confiança espiritual tem que ser  alicerçada na autoridade infalível do que a Bíblia diz: “Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus” (1Pe. 4:11).

Mas, por que tanta ênfase sobre a necessidade de sangue derramado? “Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar para fazer expiação pela vossa alma, porquanto é o sangue que  fará expiação em virtude da vida” (Lv. 17:11). No Antigo Testamento, o Dia da Expiação consistia no derramamento do sangue de um animal, a fim de que, cerimonialmente, pudesse remover os pecados dos adoradores e purificá-los, (Lv. 16:30). Agora, no Novo Testamento, Cristo fez uma expiação verdadeira e eficaz: “Não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção” (Hb. 9:11). Ele removeu os nossos pecados e nos concedeu uma verdadeira purificação. “O sangue de Jesus, o Filho de Deus, nos purifica de todo pecado” (1Jo. 1:7). Devemos lembrar: Deus deu o sangue de seu Filho para expiar os nossos pecados. Se não aceitamos esse meio, não resta nenhum outro recurso pelo qual podemos ser perdoados. Portanto, vamos dar o devido valor ao sangue precioso de Jesus Cristo.

2. A Proveniência do Sangue: Queremos salientar a Pessoa que nos amou e deu o seu sangue, a fim de libertar-nos do nosso pecado, (Ap.1:5). A iniciativa da nossa redenção foi da Divindade: do Pai, do Filho e do Espírito Santo, cada um agindo de acordo com a sua atribuição específica. É importante reconhecer a interação das três Pessoas da Divindade na vida da Igreja. “O Pai ama o Filho, e todas as coisas têm confiado às suas mãos” (Jo.3:35). E lhe deu um povo para que este fosse salvo por Ele. Com essa responsabilidade, Cristo prometeu: “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora” (Jo. 6:30). Ele ama esse povo, por isso, deu a sua vida. Assim, em Cristo, “temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef. 1:7).  Foi o Espírito Santo que deu forças a Cristo para “a si mesmo se oferecer sem mácula a Deus” (Hb. 9:14). E, para nós,  os redimidos, o Espírito Santo foi enviado para nos ensinar todas as verdades referentes ao ensino de Jesus Cristo (Jo. 14:26).

Quando Adão e Eva pecaram, foi Deus que tomou a iniciativa de cobrir a nudez deles. Como? Embora a Bíblia não nos ofereça detalhes específicos, é evidente que o sangue de um animal foi derramado, porque a Bíblia afirma: “Fez o Senhor Deus vestimentas de peles para Adão e a sua mulher e os vestiu” (Gn. 3:21). E, para a nossa salvação, novamente, foi Deus o Pai que tomou a iniciativa: “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1Jo. 4:10). A palavra “propiciação” significa “encobrir o pecado”. Quando Deus encobriu a nudez de Adão e Eva com a  pele de um animal sacrificado, Ele estava ensinando, profeticamente, como Ele iria encobrir o pecado de seu povo. Seria mediante a morte substitutiva de seu próprio Filho, Jesus Cristo. “Ele é a propiciação pelos nossos pecados” (1Jo. 2:2). É Ele que encobre os nossos pecados para que, no Dia do Juízo, eles não estejam evidentes. Por isso, protegidos por Jesus Cristo, o Juiz pode nos declarar inocentes e justificados. Novamente, é Deus que agiu em nosso favor: “Eu, eu mesmo (o Senhor), sou o que apago as vossas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não me lembro” (Is. 43:25). Somos totalmente dependentes das virtudes de Jesus Cristo para alcançar o perdão dos pecados e a vida eterna. Nesse contexto, somos exortados: “Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências” (Rm. 13:14). O grande anseio do Ap. Paulo foi “ser achado em Cristo (vestido dele), não tendo justiça própria” (não tendo nenhum mérito pessoal), antes, totalmente vestido e coberto por seu Salvador, o seu Propiciador, (Fp. 3:9).

Por que a exclusividade de Cristo para nos salvar? Por sermos pecadores e endividados por causa dos nossos pecados, nós mesmos não podemos pagar, por esforços próprios, essa dívida, e muito menos a dívida de outros. Somos dependentes de um Resgatador que não tem nenhuma dívida diante da santa lei de Deus. E existe um só que não pecou, Jesus Cristo, “o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca” (1Pe. 2:22). Como no Antigo Testamento, o cordeiro a ser sacrificado tinha que ser “sem defeito”, simbolizando a Pessoa de Jesus Cristo, o “Cordeiro de Deus”, que “nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave” (Ef. 5:2). O Ap. Pedro, usando o simbolismo do Antigo Testamento, ensina que fomos resgatados “pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo”. Exaltamos a Cristo, cantando: “O sangue precioso de Cristo tem valor: das penas da justiça, liberta o pecador” (HCN,50).

3. A Proficiência do Sangue. Queremos salientar a suficiência do sangue de Cristo para nos abençoar “com toda sorte de benção espiritual nas regiões celestiais” (Ef. 1:3). O Apóstolo destaca cinco destas bênçãos que recebemos por meio de Jesus Cristo:

1)      O valor do sangue de Cristo foi reconhecido desde a eternidade. “Conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo”. Conhecido, porque, no conselho da Divindade, o derramamento do sangue de Cristo foi parte do plano para redimir o homem pecador. Essa verdade foi parcialmente revelada, simbolicamente, mediante o sofrimento e sacrifício de animais inocentes. Quando a Bíblia fala sobre o sofrimento e morte de Cristo, ela está se referindo aos sacrifícios do Antigo Testamento. Por isso, o Ap. Pedro podia acusar as autoridades judaicas: “Vós matastes o autor da vida (...) mas Deus, assim, cumpriu o que dantes anunciara por boca de todos os profetas; que o seu Cristo havia de padecer” (At. 3:15,18). Contudo, a plenitude dessa verdade ficou entendida somente depois  da vinda, morte e ressurreição de Jesus Cristo: “manifestado no fim dos tempos, por amor de vós”. Assim, entendemos que os fiéis do Antigo Testamento foram salvos pelo mesmo recurso de nós: fé na morte substitutiva de Jesus Cristo. Eles, pela fé, olharam para o futuro cumprimento das promessas proféticas; enquanto que, nós, pela fé, olhamos para a obra consumada de Jesus Cristo, que “morreu pelos nossos pecados” (1Co. 15:3).
2)      Cristo é a manifestação do amor de Deus para conosco. Notemos a importância  do sangue, e, como, por meio deste, a porta se abriu, dando aos pecadores acesso à presença de Deus. “Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo” (Ef. 2:13).
3)      Por meio de Cristo, temos fé em Deus. O pecador não conhece a Pessoa de Deus; “não há quem entenda, não há quem busque a Deus” (Rm. 3:11). Se não fosse a obra reveladora de Cristo, o pecado teria permanecido “sem esperança e sem Deus no mundo” (Ef. 2:12). Mas tudo mudou com a encarnação de Cristo. “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito que está no seio do Pai, é quem o revelou” (Jo. 1:18). “Havendo Cristo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus” (Cl. 1:20). Agora, podemos ter fé em Deus e lançar mão sobre as suas preciosas e mui grandes promessas, porque Cristo as revelou.     
4)      O sangue derramado e a ressurreição de Cristo são duas realidades inseparáveis. Somos aperfeiçoados mediante o sangue derramado e a ressurreição de Jesus Cristo, (Hb. 13:20). O texto lido diz que Deus o Pai lhe deu glória: o privilégio de assentar-se à direita da Majestade nas alturas, (Hb.1:3) Essa posição é de vitória. O que Cristo fez para redimir e salvar pecadores foi reconhecido como suficiente para satisfazer todas as exigências da santa lei de Deus. A glória de Cristo é a alegria para declarar diante das milícias celestiais: “Eis aqui estou eu e os filhos que Deus me deu” (Hb. 2:13). Sim, Cristo “pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb.7:25).
5)      Por causa da vitória de Cristo sobre o pecado, e pelo fato de ela ter sido reconhecida pela “Majestade, nas alturas”, temos base suficiente para depositar a nossa “fé e confiança” nas providências de Deus para a nossa salvação. “A ele, pois, a glória eternamente” (Rm. 11:36).

Conclusão: O Ap. Pedro dava muito valor ao sangue de Jesus Cristo e nós também temos que aprender a valorizar a unicidade desse sangue. O Ap. Paulo nos faz lembrar dessa necessidade: “Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito (a nossa vida interior) os quais pertencem a Deus” (1Co. 6:20). Tudo o que temos em termos de valores espirituais, é fruto imediato do sangue derramado por Jesus Cristo. Um hino que cantamos, registra: “Cantarei a Cristo! Por nós morreu na cruz! Aos pobres pecadores, quem salva é só Jesus – Cantarei a Cristo! Por nós cumpriu a lei! Seu manto de justiça, alegre, vestirei – O sangue precioso de Cristo tem valor: Das penas da justiça, liberta o pecador!” (HNC. 50).


No decorrer da mensagem, salientamos o valor inestimável do sangue de Jesus Cristo; salientamos a Pessoa que nos amou, o Filho de Deus; e salientamos a suficiência desse sangue que adquiriu por nós, o seu povo, toda sorte de bençãos espirituais nas regiões celestiais. A conclusão de tudo isso é resumida na exortação do Ap. Paulo: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm.12:1-2).              

sexta-feira, 17 de março de 2017

AS INSONDÁVEIS RIQUEZAS DE CRISTO




Leitura Bíblica: Efésios 3:7-8

Introdução: O Ap. Paulo nunca cessou de ficar maravilhado com o fato de ser “constituído ministro da graça de Deus”. E, logo em seguida, acrescenta: “A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho das Insondáveis Riquezas de Cristo”.  Por qual razão ele ficou tão maravilhado? Ele nunca se esqueceu da sua vida anterior; um perseguidor da Igreja. Como pode um Deus tão santo escolher tal pecador para ser o seu ministro? Essa lembrança o humilhava, fazendo-o confessar, de coração contrito: “Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a Igreja de Deus” (1Co. 15:9). Nesse contexto, podemos entender a razão pela qual repetia tantas vezes o dom da graça de Deus. Somos salvos pela graça de Deus, (Ef. 2:8). O sentido desta palavra, “graça”, está neste versículo: “Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou” (Tt. 3:4-5). Deus não buscou em nós um mérito chamativo, antes, quando escolheu o seu povo, Ele manifestou a sua benignidade e a sua misericórdia para com os seus escolhidos. E, a partir desse ato, Ele “nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt.3:5). Temos que reconhecer que tudo o que temos é devido ao dom gratuito da graça de Deus. Como o Salmista exclamou: “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua misericórdia e da tua fidelidade” (Sl. 115:1).

Com essa introdução, estamos prontos para entender a exultação do Apóstolo para “pregar aos gentios (pecadores) o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo”. Devemos lembrar que essa graça não se limitou aos apóstolos, antes, é o dever dos membros da Igreja, porque todos nós somos as testemunhas de Cristo, e temos uma experiência da sua graça em nossa vida. As insondáveis riquezas de Cristo são tão incalculáveis quanto a distância que Ele afasta de nós os nossos pecados perdoados, (Sl. 103: 11-12). Por causa disso, a nossa compreensão dessas riquezas é extremamente limitada. A Bíblia, porém, nos oferece muitas indicações dessa riqueza, tais como:

1. A Condescendência de Cristo. Para entender a condescendência de Cristo, devemos sentir o contraste entre o seu estado na eternidade, antes da fundação do mundo, e como Ele deixou tudo a fim de entrar neste mundo como servo.
a)      O seu estado na eternidade, “conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém, manifestado no fim dos tempos, por amor de vós” (1Pe 1:20). Ele não foi criado, porque Ele é “desde os dias da eternidade” (Mq. 5:2). Veja como a Bíblia O introduz: “No princípio era o Verbo (Cristo, a Palavra viva de Deus), e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram criadas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” (Jo. 1:1-3). Vemos Cristo na eternidade, assentado à direita da majestade, coroado de glória e honra, com um nome que está acima de todo nome, (Hb. 1:3; 2:7; Fp. 2:7). Por isso, Cristo podia falar da glória que Ele teve, junto do Pai, antes que houvesse mundo, (Jo. 17:5). Na Bíblia, percebemos uma igualdade entre o Pai e seu Filho Jesus Cristo. Ele confessou: “Quem me vê a mim vê o Pai” e “Eu e o Pai somos um” (Jo. 14:9; 10:30). Agora, chegando o tempo da encarnação de Jesus Cristo, lemos: “Pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus” (Fp. 2:6). Este é aquele que veio para dar a sua vida em resgate por muitos, (Mc. 10:45). Assim, temos um relance das insondáveis riquezas de Cristo; o dom de Deus para nós, pecadores.
b)      Como Ele entrou neste mundo para servir. Apesar de ser igual a Deus, pois, “nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl. 2:9), Ele, “a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Fp. 2:7-8). Quem pode sondar a condescendência desse ato? A Bíblia descreve essa transição, dizendo: “Vindo, porém, a plenitude do tempo,  Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gl. 4:4-5). Uma das insondáveis riquezas de Cristo é o que Ele fez a fim de que sejamos chamados filhos de Deus. “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1Jo. 4:10). Agora, por causa dessa insondável riqueza de Cristo, podemos comparecer perante o tribunal de Deus sem medo, porque os nossos pecados estão encobertos e perdoados, pois Ele é a nossa propiciação; aquele que encobre o nosso pecado.

2. A Concordância de Cristo. Quando o conselho da Divindade (a intercomunicação entre Pai, Filho e Espírito Santo) elaborou o plano para redimir o seu povo mediante uma morte substitutiva, Jesus Cristo, imediatamente, se apresentou, dizendo: “Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade” (Hb.10:9). Ele sabia tudo o que essa decisão envolveria; encarnar-se, viver no meio de pecadores, ser desprezado, e, finalmente, morto por crucificação. Esse ato não foi uma imposição feita por ninguém, antes, foi uma decisão inteiramente livre e espontânea. E qual a explicação? “Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave” (Ef. 5:2). Nesse ato, percebemos as insondáveis riquezas do amor de Cristo. Falando da sua morte vicária, Ele disse: “Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai” (Jo. 10:18). Observemos dois aspectos de concordância que Cristo assumiu:

a)      A sua vida entre os pecadores. A Bíblia registra estes lamentáveis feitos quanto à recepção que Cristo recebeu dos homens: “Veio para os que eram seus, e os seus ( o povo que confessava o nome de Deus) não o receberam” (Jo.1:11). A partir dessa rejeição, Ele “era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizeram caso” (Is. 53:3). E, apesar de seus atos de misericórdia, lemos, repetidamente: Os fariseus conspiravam contra ele, em como lhe tirariam a vida, (Mc. 3:6). Cristo já previu e aceitou calmamente o que lhe aconteceria, dizendo aos discípulos: “Pois será ele (o Filho do homem) entregue aos gentios, escarnecido, ultrajado e cuspido; e, depois de o açoitarem, tirar-lhe-ão a vida”. Mas, embora sabendo que tudo isso aconteceria, Ele não quis desistir da sua missão redentora. Por quê? Porque soube que “ao terceiro dia ressuscitaria” (Lc. 18:31-33). Quem pode medir as insondáveis riquezas do amor de Cristo, quando aceitou o desafio de dar a sua vida dessa maneira por nós, pecadores, que, por natureza, não temos o temor de Deus!
b)      O que aconteceu quando Cristo estava dando a sua vida? Estava “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados” (1Pe. 2:24). Temos que entender e acreditar que, dentro dos propósitos do conselho da Divindade, Cristo estava pagando o preço da nossa redenção. E, por causa da sua morte vicária, Cristo recebeu esta promessa: “Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si” (Is. 53:11). Novamente, vamos meditar sobre as insondáveis riquezas de Cristo, acreditando, agora,  que, nele, “temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef. 1:7). O que está implícito nesse ato de crer? A Bíblia nos dá este exemplo: “E, do modo  por que Moises levantou a serpente (de bronze) no deserto, assim  importa que o Filho do homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna” (Jo. 3:14-15).  Quando um israelita foi mordido por uma serpente abrasadora, “se olhava para a de bronze, sarava”(Nm. 21:9). Sem qualquer obra meritória, apenas em obediência à providência de Deus, um simples olhar pela fé era suficiente para ser salvo. O primeiro passo é sempre crer no que Cristo fez por nós, e todas as demais questões serão resolvidas.

3. A Constância de Cristo. Quando Cristo estava perto  de dar a sua vida em resgate por muitos, ele deixou para todos os seus seguidores uma abundância de promessas auxiliadoras. Ouça o que o Ap. Pedro diz: “Visto como, pelo seu divino poder nos tem sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude, pelas quais  nos têm sido doadas as suas preciosas  e mui grandes promessas, para que, por elas, vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção, das paixões que há no mundo” (2Pe. 1:3-4). Por estarmos em Cristo, temos a promessa de receber quatro dádivas que são essenciais  para se ter uma vida cristã; cada uma revelando as insondáveis riquezas de Cristo. E, pela constância de Cristo, podemos experimentar  a suficiência de suas promessas para suprir cada uma de nossas necessidades, porque Ele mesmo prometeu: “E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século” (Mt. 28:20). Eis as quatro dádivas: “Mas vós sois de Deus em Cristo Jesus, o qual se nos tornou da parte de Deus: sabedoria, e justiça, e santificação e redenção” (1Co. 1:30).

a)      Sabedoria. Nós somos insensatos, mas a nossa sabedoria provém de Cristo. Como podemos receber essa sabedoria? Pela oração e pela leitura das Escrituras. “Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida” (Tg.1:5). “Compreendo mais do que todos os meus mestres, porque medito nos teus testemunhos” (Sl. 119:99). O Apóstolo Paulo, em suas orações pelas igrejas, pediu que elas transbordassem “em toda a sabedoria e entendimento espiritual; a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado” (Cl. 1:9-11). Precisamos dessa sabedoria para que a insensatez da nossa imaturidade não impeça o progresso do evangelho. O importante é que nos tornemos “sábios para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (2Tm 3:15).
b)      Justiça. Nós somos culpados, mas a nossa justiça provém de Cristo. A pergunta pungente continua inquietando o coração de muitos: “Na verdade, sei que assim é; porque, como pode o homem ser justo para com Deus?” (Jó 9:2). Por seu próprio esforço, é uma impossibilidade. “E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus” (Gl. 3:11). A nossa única esperança é acreditar na providência de Deus para a nossa justiça. “Seremos justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Rm. 3:24). A exortação é esta: “Mas revisti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne” (Rm. 13:14). É um ato de fé. Cremos e agimos de acordo com o contexto. E qual será o resultado? “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm. 5:1).
c)      Santificação. Nós somos corrompidos, mas a nossa santificação provém de Cristo. A nossa santificação foi providenciada mediante a morte, sepultamento e ressurreição de Jesus Cristo. Romanos 6 deve ser estudado cuidadosamente a fim de entender melhor esse assunto. Mas devemos esclarecer um ponto de suma importância. Quando o Apóstolo usa a palavra “batismo” nesse capítulo, ele não está fazendo nenhuma referência ao sacramento do batismo que a Igreja observa, antes, o termo se refere à nossa união com Cristo, conforme a exposição do versículo 5. Resumidamente, quando Cristo morreu, Ele morreu para o pecado; e nós, unidos com Ele, também morremos para o pecado. Semelhantemente, quando Cristo foi sepultado, nós fomos sepultados com Ele. O poder do pecado sobre a nossa vida ficou encerrado, foi sepultado para nunca mais nos escravizar. E, por fim, quando Cristo ressuscitou, nós, também, ressuscitamos com Ele, para andarmos em novidade de vida. O que significa tudo isso? “Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna” (Rm. 6:22). Agora, vamos sempre lembrar da verdade intocável: “ E, assim, se alguém está em Cristo (unido com Ele), é nova criatura; as coisas antigas já passaram; e eis que se fizeram novas” (2Co. 5:17).        
d)     Redenção. Nós somos encarcerados, mas a nossa redenção provém de Cristo. Nos tempos antigos, o endividado ficava na prisão até que fosse paga toda a sua dívida (Lc. 12:58-59). Mas como podia um encarcerado pagar a sua dívida? Ele era dependente de um resgatador e, se não tivesse um, morreria no cárcere. Assim, nós, também, ficamos impossibilitados de pagar a dívida do nosso pecado. Mas Deus, em sua misericórdia infinita, providenciou um Resgatador para o seu povo, um que pagaria toda a sua dívida. Jesus Cristo é este Resgatador, “ no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef. 1:7). Em cada um desses quatro itens, temos uma mina das insondáveis riquezas de Cristo. Que elas sejam o assunto em nossas meditações espirituais todos os dias!


Conclusão: Vamos lembrar que nós somos as testemunhas de Jesus Cristo. Portanto, devemos cultivar o mesmo sentimento que houve no Ap. Paulo: “A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de pregar (testemunhar) aos gentios (pecadores) o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo”. E, finalmente, vamos sentir a responsabilidade implícita na palavra do Apóstolo: “Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros (o que nós somos) é que cada um deles seja encontrado fiel” (1Co. 4:2).