Vasos de Honra

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terça-feira, 15 de agosto de 2017

FÉ SALVADORA




Rev. Ivan G. G. Ross

Leitura Bíblica: Hebreus 1:1-7

Introdução:  Vamos meditar sobre a doutrina da nossa fé. Por que julgo necessário abordar esse assunto? Porque Cristo disse: “Contudo, quando vier o Filho do homem, achará, porventura, fé na terra?” (Lc. 18:8). Evidentemente, chegando perto da Segunda Vinda de Cristo, a fé salvadora em Jesus Cristo será algo bem insólito. Qual a razão desse acontecimento? Novamente, Cristo explica: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” (Mt. 24:12-13). Qual é a causa desse esfriamento? É o aumento assustador da iniquidade, mas não apenas isso, parece que, apesar das nossas orações, Deus não está respondendo. A iniquidade continua aumentando cada vez mais; assim nasce o desânimo. O Apóstolo descreveu essa situação, dizendo: “Sabe, porém, isto: nos últimos dias,  sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos,  enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto,  o poder. Foge também destes” (2 Tm. 3:1-5). O domínio desses pecados, em nossos dias, é uma realidade inegável. Mas a Bíblia ensina: “Todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1Jo. 5:4). Uma das atividades principais de Satanás é minar a fé do povo de Deus. A tática é bem sutil: em vez de negar a fé, ele procura redirecioná-la. Em vez de olhar firmemente para o nosso Senhor e Salvador, ele encoraja a pessoa a usar a sua fé para cuidar da sua vida física, buscando a cura das enfermidades; ou para aumentar a sua situação financeira; enfim, o mais importante é o bem estar nesta vida. Com essa preocupação, Cristo, e a vida eterna ficam praticamente excluídos. Qual é o fim principal da nossa fé? “A salvação da nossa alma”, pela fé em Jesus Cristo, (Pe. 1:6-9). Sabendo que toda a nossa esperança espiritual depende da nossa fé, Satanás não se cansa de tentar desviá-la, por isso, o alerta é: “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar, resisti-lhe firmes na fé” (1Pe. 5:8-9). A chave é “Permanecei firmes na fé” (1Co. 16:13).

Agora, vamos definir a fé verdadeira, a fé que nos dá o poder para contemplar o invisível: “Visto que andamos por fé e não pelo que vemos” (1Co. 5:7). Vamos imaginar que estamos olhando dentro da negridão do espaço vazio e silencioso. De repente, ouvimos uma voz; o nosso coração se enche com uma certeza: algo há de acontecer. A voz dá uma ordem: “Haja luz”, e, imediatamente, as trevas desaparecem. “Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus de maneira que o visível veio a existir  das coisas que não aparecem”. O primeiro versículo define a natureza da fé: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam”. Quais são as “coisas que se esperam”?  As revelações que Deus tem falado e prometido. E, sabendo que o que a palavra que Deus fala não pode se descumprir, temos a convicção de fatos (que Deus tem falado), “fatos que não se vêem”.  Não há necessidade de buscar uma definição melhor. Cremos na veracidade de tudo o que  Deus tem falado, pois ele não pode mentir, (Tt 1:2). As promessas que Deus tem nos dado são todas registradas nas Escrituras Sagradas, por isso, podemos confiar em cada uma. “Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim; porquanto também por Ele é o amém para glória de Deus, por nosso intermédio”, isto é, os ministros de Deus glorificam a Deus quando anunciam a sua confiança na infalibilidade dessas promessas, (2Co. 1:30). Mas, quais são as pessoas que podem viver essa fé? Somente aquelas que são nascidas de novo.  O homem natural, não regenerado, não pode e nem pensa nas possibilidades da fé, porque os seus desejos estão concentrados em agradar a sua própria carne. A nossa espiritualidade começa somente depois de termos sido regenerados e dotados com os dons concedidos pelo Espírito Santo. A fé é o dom principal, pois sem o uso dela, “é impossível agradar a Deus”. Vamos usar duas ilustrações a fim de descobrir como a fé foi praticada pelos heróis de Hebreus, capítulo onze.

A Primeira Ilustração é de Noé, V.7. Ele ouviu a palavra de Deus, avisando-o da destruição vindoura de todos os seres vivos por causa da corrupção maliciosa dos homens. Qual foi a reação de Noé ao ouvir essa revelação? Ele creu e temeu, porque soube que o mundo inteiro seria atingido, inclusive ele e sua família.  Mas Deus foi misericordioso e revelou-lhe o meio pelo qual ele e a sua família seriam salvos. Deus lhe ordenou para aparelhar uma arca para a salvação de sua família. Noé obedeceu e, imediatamente, começou a construção, “pela qual condenou o mundo (que zombava da sua fé na palavra de Deus) e se tornou herdeiro da justiça”. Notemos três passos que descrevem a sua fé: Ele ouviu a palavra de Deus dando-lhe instruções; creu nela; e agiu de acordo com a orientação recebida. Assim, ele e a sua família, pela fé, foram salvos daquela destruição.

A Segunda ilustração é de Abraão. “Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por herança; e partiu sem saber aonde ia”. Notemos, novamente, os mesmos três passos que sempre caracterizam a verdadeira fé: Abraão ouviu a ordem da palavra de Deus; creu na veracidade da promessa; e agiu de acordo com as instruções. Ele não ficou decepcionado. A fé sempre se manifesta pela obediência. Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu.

No Novo Testamento, a fé obedece aos mesmos três passos: “Depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa, o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória” (Ef. 1:13-14). Para nos tornarmos nascidos de novo, temos que ouvir uma mensagem específica: “A palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação”; depois de ouvir, temos que crer no que ouvimos, não apenas de maneira intelectual, mas, sim, “com o coração” (Rm. 10:10); depois de crer, temos que agir, isto é: entregar nossa vida aos cuidados de Jesus Cristo. Como Ele mesmo disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mt. 11:28-29). E, para ratificar esses três passos, ouvir, crer e agir, recebemos o dom do Espírito Santo, o qual “testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm. 8:16).

Fé e crer são quase sinônimos. Quando cremos, reconhecemos a veracidade da palavra ouvida; fé significa que vemos a substância da palavra indicada, embora seja invisível. Simeão recebeu a promessa de que “não passaria pela morte antes de ver o Cristo do Senhor”.  Ele creu. E, movido pelo Espírito, agiu pela fé, foi ao templo, e lá teve o privilégio de tomar nos braços o recém-nascido Salvador, e disse: “Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra, porque os meus olhos já viram a tua salvação” (Lc. 2:25-30). Cremos que Jesus Cristo nos deu a promessa da vida eterna e, pela fé, já estamos vislumbrando as glórias de estarmos com Ele para sempre.

Existem muitas realidades, embora invisíveis, mas que aceitamos pela fé, porque são revelações dadas por Deus, para a nossa instrução e consolo espiritual. “Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem”. No início, não existia nenhuma coisa material, senão uma vastidão ilimitada do nada. Então, como surgiu o universo, que é material? As especulações humanas são incontáveis, porém, sempre baseadas em algo existente. Contudo, no início, não havia nada, nem uma forma de gás, portanto, tais hipóteses devem ser equívocas.  Por que o homem natural insiste nesses estudos? Porque ele tenta explicar tudo sem a necessidade de admitir a existência de um Deus poderoso e criador.

Esse ponto nos leva a considerar outra verdade que aceitamos pela fé, embora seja invisível aos olhos humanos. “De fato, sem fé, é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam”. Quanto à existência de Deus, o Apóstolo ensinou: “Porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifestado entre os homens, porque Deus lhes manifestou” (Rm. 1:19). As obras da criação declaram a sua existência, por isso, os homens são indesculpáveis diante de Deus no Dia do julgamento, se não crerem e testemunharem da sua realidade.

Outra verdade que devemos aceitar pela fé é a auto-revelação de Deus. Ele tem prazer em manifestar-se ao homem, visto que é “galardoador dos que o buscam”. Que tipo de galardão podemos esperar da mão de Deus? Talvez depende do que nos motivou a buscá-lo. Se nós orarmos: “Ensina-me a fazer a tua vontade, pois tu és o meu Deus; guia-me o teu bom Espírito por terreno plano” (Sl. 143:10). O galardão será uma resposta favorável. Ele mesmo dos dará a revelação da sua vontade. Essa foi a experiência do Apóstolo Paulo, (At. 22:14-15; Gl. 1:11-12). Sempre pedimos baseado no que está revelado nas Escrituras Sagradas. Pela fé, podemos confessar: “De manhã, Senhor, ouves a minha voz e as minhas súplicas” (Sl. 5:3). Pela fé, acreditamos que o nosso Deus está sempre acessível e pronto para ouvir a nossa oração, apoiado pelo ensino da Bíblia, porque Ele é “galardoador dos que o buscam”.

Para algumas pessoas, o maior desafio à sua fé é crer que “Deus é amor” (1Jo.4:6). Sem anular os demais atributos divinos, cremos que Ele nos “atrai com cordas humanas, com laços de amor” (Os.11:4). O seu amor é eterno, (Jr.31:3). Mas, o incrédulo intercepta: Se Deus é amor, por que Ele deixa tanta selvageria acontecer contra inocentes? Embora não tenhamos respostas para tudo, cremos que Deus é soberano e que Ele é servido em deixar certas coisas negativas acontecerem para nos convencer da crueldade do pecado que existe no coração de cada  ser humano. Temos que sentir um verdadeiro nojo do pecado, não apenas o que está em outrem, mas também, presente em nossa própria vida (Ez.6:9). Pela FÉ, cremos que o Senhor tem domínio absoluto sobre tudo o que acontece neste mundo. Cristo,  falando sobre o domínio de Deus, disse: “Não se vendem cinco pardais por dois asses? Entretanto, nenhum deles está em esquecimento diante de Deus. Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais! Bem mais valeis do que muitos pardais” (Lc. 12:6-7). Com essas palavras, reafirmamos a nossa fé, confessando ao Senhor: “O teu reino é de todos os  séculos e o teu domínio subsiste por todas as gerações. O Senhor é fiel em todas as suas palavras e santo em todas as suas obras” (Sl. 145:13). Mas, para o povo de Deus, a sua fé afirma: “Sabemos que todas as coisas  cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm. 8:28). Apesar de não entendermos, no momento, tudo o  que acontece em nossa vida, Cristo disse: “O que eu  faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás  depois” (Jo. 13:7). Talvez José não entendeu a razão de ser  tratado com tanta injustiça, porém, quando  Faraó lhe disse: “Visto que Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão ajuizado e sábio como tu. Administrarás a minha casa, e à tua palavra obedecerá todo o meu povo; somente no trono eu serei  maior que tu"; então, José entendeu o motivo de tudo o que lhe sobreviera desde a traição de seus irmãos, (Gn. 41:39-40). Mais tarde, José pôde perdoar os seus irmãos, dizendo-lhes: “Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito. Agora, pois, não vos entristeçais, nem irriteis contra vós mesmos por me haverdes vendido para aqui; porque, para  conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós” (Gn.45:3-4; 50:19-21). Assim, podemos descansar na soberania divina.


Para terminar, queremos demonstrar como Deus ama. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo. 3:16). Esse é um apelo universal e irrestrito para toda a humanidade, porém, a condição é única: temos que crer que foi Deus que tomou a iniciativa para nos salvar, enviando o seu próprio Filho para “buscar e salvar o perdido” (Lc. 19:10). “Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele” (em total dependência dele, não apenas nesta vida, mas, também, para aquela que teremos depois da nossa partida deste mundo). Nisto consiste o  amor: não em que nós temos amado a Deus, mas em que  Ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1Jo. 4:9-10). Todos nós somos pecadores e, se comparecermos em tal estado perante o tribunal, a  sentença da morte (uma eternidade sem a presença consoladora de Deus) será irrevogável. Pela fé, cremos que Deus abriu, em Cristo, a oportunidade de salvação, porque, somente nele, “temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef. 1:7). Pela fé, cremos que Cristo foi enviado “como propiciação pelos nossos pecados”, o único que pode encobrir o nosso pecado, para que nunca mais se levante contra nós para nos condenar. “Filhinhos, agora permanecei em Cristo, para que quando Ele se manifestar, tenhamos confiança e dele não nos afastemos envergonhados na sua vinda” (1Jo. 2:28). Com essas verdades gravadas em nossa mente, somos exortados: “Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo (aquele que encobre o nosso pecado) e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências” (Rm. 13:14). O nosso desejo para cada um de vocês, é “crescei na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A Ele seja a glória tanto agora como no dia eterno” (2Pe. 3:18). Amém.

terça-feira, 20 de junho de 2017

A VIDA CRISTÃ


Rev. Ivan G. G. Ross

Leitura Bíblica: Hebreus 12:1-3

Introdução: Vamos contemplar, por um momento, o sentido da vida cristã: Temos uma carreira para completar; mas, não estamos sozinhos, temos uma grande nuvem de testemunhas que assumiram a mesma carreira e a completaram vitoriosamente. E, se perguntarmos: Como elas conseguiram vencer todos os obstáculos? Respondemos: Elas contemplaram o galardão, olhando firmemente para o Autor e Consumador da sua fé, Jesus Cristo.

E, se perguntarmos: O que é necessário para entrar nessa carreira? O texto lido responde: Temos que nos desembaraçar “de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia”. É impossível viver a vida cristã carregando pesos e pecados. Temos que ficar inteiramente livres deles, a fim de completar vitoriosamente a carreira cristã. Mas, quais são esses pesos e pecados? Os pesos são os hábitos desnecessários que ocupam o nosso tempo, que poderia ser utilizado para o nosso crescimento espiritual. Embora esses pesos não sejam pecados explícitos, eles podem tornar-se pecados quando provocam omissões em nossos deveres espirituais. Temos que amar a Deus com a totalidade do nosso ser, porém, quando deixamos os prazeres desta vida inibir a nossa devoção a Deus, estamos pecando contra Ele. Esses são os pecados que tenazmente nos assediam. A dificuldade para dar “a Deus o que é de Deus” (Mt. 22:21). A prioridade que temos de dar a Deus é uma das disciplinas mais exigentes na vida cristã. “Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito contra a carne, porque são opostos entre si, para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer” (Gl. 5:17). O cristão tem de lembrar, constantemente: “Não vos enganeis, as más conversações corrompem os bons costumes” (1Co. 15:33). Temos que ser cuidadosos com a fonte das nossas informações.

Com essa parte introdutória, reconhecemos a impossibilidade de entrar na carreira, que é a vida cristã, carregando pesos e pecados. Esses impedimentos têm que ser abandonados a fim de deixar-nos livres para “servirmos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor” (Hb. 12:28). Vamos ao texto da nossa leitura.

1. O Desafio do Cristão.  “Corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta”. Essa carreira é a vida cristã, em toda a sua abrangência. Começamos a correr a partir do momento em que somos regenerados e cremos em Jesus Cristo como nosso Senhor e Salvador; e terminamos somente na hora da nossa morte física. Reconhecemos que a natureza dessa carreira é bem específica, porque o seu percurso é estabelecido pelo próprio Deus. Portanto, a primeira característica dessa vida é submissão à soberana vontade de Deus. A palavra “submissão” é composta de duas partes: “sub”, isto é, sob ou debaixo de alguém; e “missão”, ou seja, a prática da nossa vocação. O Ap. Pedro nos desafia: “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que Ele, em tempo oportuno, vos exalte” (1Pe. 5:6). E, outra vez: “Servos, sede submissos, com todo o temor ao vosso senhor, não somente se for bom e cordato, mas também ao perverso; porque isto é grato, que alguém suporte tristezas, sofrendo injustamente por motivo de sua consciência para com Deus” (1Pe. 2:18-19). Em outras palavras, vivemos a vida cristã sob a direção do Espírito Santo. “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm. 8:14). Quando estamos sendo guiados, entende-se que somos submissos ao nosso Guia. Devemos lembrar do título que Deus nos deu: “Somos filhos da obediência” (1Pe. 1:14).

Essa carreira deve ser corrida com “paciência e perseverança”. A vida cristã é sempre composta de circunstâncias agradáveis, bem como desagradáveis. As negativas têm a tendência de tentar deixar-nos desanimados. Mas, é justamente nessas circunstâncias que temos que usar "paciência e perseverança”. Não podemos deixar as dificuldades impedirem a nossa corrida. É importante lembrar que circunstâncias negativas nunca acontecem por acaso; tudo está sob a poderosa direção do Deus que ama o seu povo redimido. Nesse contexto, Cristo  disse: “Não se vendem cinco pardais por dois asses? Entretanto, nenhum deles está em esquecimento diante de Deus. Até os cabelos da nossa cabeça estão todos contados. Não temais! Bem mais valeis do que muitos pardais”  (Lc. 12:6-7). Quando nós conseguimos acreditar que tudo  o que acontece vem da direção e cuidado de Deus,  teremos forças para correr com paciência em nossa vida, para o nosso bem espiritual, para que tenhamos o fruto da justiça. “Por isso, restabelecei as mãos descaídas e os joelhos trôpegos; e fazei caminhos retos  para os pés, para que não se extravie o que é manco; antes, seja curado” (Hb. 12:11-13). E a palavra de exortação, que se aplica a cada um de nós: “Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para  que, havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa” (Hb. 10:36).

2. O Desafogo do Cristão. “Temos a rodear-nos tão  grande nuvem de testemunhas”. O que nos consola  é que nós não somos os primeiros a entrar nessa carreira, pois existe uma grande nuvem de testemunhas que experimentaram as mesmas dificuldades que nós estamos enfrentando e, apesar disso, completaram a carreira vitoriosamente, confessando: “Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou”, o  nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, (Rm. 8:37). Mas, o maior exemplo para nós é o próprio Jesus! Por isso, o Apóstolo disse: “Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim, andai nele, nele radicados e  edificados e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em ações de graças” (Cl. 2:6). Ele  é o precursor, que assumiu a mesma carreira que nós recebemos, juntamente com todas as circunstâncias que caracterizam esse caminho.

Quais são algumas das dificuldades que Cristo teve que suportar? “Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo”. Isto é: medite, cuidadosamente, no que Cristo experimentou, lembrando de quem Ele é; o próprio Filho de Deus, aquele que é digno de receber a mesma honra que damos ao Pai, (Jo. 5:23). Contudo, “era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso” (Is. 53:3). É quase insuportável ser desprezado e rejeitado. Cristo “veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo.1:11). Mas, por que estamos falando dessa maneira? “Para que não vos fatigueis, desmaiando em vossas almas”. O que Cristo suportou, como homem, semelhante a nós, foi muito maior do que nós teremos que suportar. A comparação é sempre útil, a fim de nos fortalecer em nossas tribulações.

Por que Jesus suportou tamanha contradição? Ele estava chegando ao ápice de sua caminhada. “Jesus, o qual em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra de Deus”. Como Cristo andou, andemos nós também. Ele é o nosso exemplo. Nesse contexto, o Ap. Paulo escreveu: “Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus, e co-herdeiros com Cristo; se com Ele sofremos, também com Ele seremos glorificados” (Rm. 8:17). Há uma semelhança entre o que Cristo experimentou e o que nós teremos que suportar na pista de corrida, que é a vida cristã. Assim como Cristo foi glorificado, nós também seremos glorificados.

Mas, qual é a diferença entre os sofrimentos de Cristo e os nossos? Ele estava sofrendo vicariamente por causa das nossas transgressões, dando satisfação a Deus por causa das nossas iniquidades. O nosso sofrimento, por outro lado, é parte do preço que pagamos  por sermos fiéis a Jesus Cristo. Ferir a justiça de Deus é um crime seríssimo e não pode passar como se fosse nada. O preço dessa transgressão é além de qualquer possibilidade humana. Somente o sofrimento e a morte de Cristo poderiam expiar  os nossos pecados e apaziguar a ira de Deus. Graças a Deus por Cristo Jesus, porque, agora, “nele temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef. 1:7).

3. O Desapego do Cristão. Agora, qual é o nosso dever? “Olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus Cristo”. Mas não é tão fácil manter os olhos fixos em nosso Salvador. A experiência de Pedro nos ensina do perigo de desviar os olhos de Cristo. No momento em que ele tirou os olhos daquele que o convidou, ele começou a “submergir”. Mas, por que ele tirou os olhos de seu Mestre? Ele “reparou na força do vento, e teve medo” (Mt. 14:22-33). Com os olhos fixos em Jesus, não teve medo de sair do barco e andar por sobre as águas. Mas, com os olhos desviados, teve medo e começou a se perder. No caminho para o céu existem muitas distrações cujo objetivo principal é desviar os nossos olhos de Cristo e colocar-nos no perigo de perdição. Quais são algumas dessas seduções  tão cativantes?

Em vez de manter os olhos firmemente fixos em Jesus Cristo, há uma tendência para olhar e cuidar dos nossos próprios interesses. Cristo falou da “fascinação das riquezas”, a ambição de ganhar muito dinheiro; esquecendo que “o amor ao dinheiro é raiz de muitos males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores” (1Tm. 6:10). Por que Ananias e Safira mentiram sobre a quantia de seu dinheiro? A “fascinação” cegou-lhes a consciência. O dinheiro que eles reservaram para si era mais importante que a verdade, (At. 5:1-11). Por que o jovem retirou-se triste da presença de Jesus? A “fascinação” das suas muitas propriedades cegou-lhe quanto às prioridades. Cuidar dos bens deste mundo era mais importante que vender tudo e seguir a Jesus. Os bens deste mundo, para ele, eram mais palpáveis do que “um tesouro no céu” (Mc. 10:17-22). Temos que desapegar-nos do amor ao dinheiro. Por que “um rico dificilmente entrará no reino dos céus”? (Mt. 19:23). Porque “ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas” (Mt. 6:24). Deus não pode aceitar um coração dividido. A ordem é esta: “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força” (Mc. 12:30). É impossível olhar para Jesus Cristo e, ao mesmo tempo, contemplar, com amor, os bens deste mundo. Não esqueça da confusão e tristeza do jovem rico.

Outro mal é olhar para o seu próximo com a intenção de julgá-lo precipitadamente, “pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados” (Mt. 7:1-2). “O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Rm. 13:10). Não podemos olhar para Cristo com aquela devoção sincera no coração e, ao mesmo tempo, olhar para o próximo com más intenções. Cristo disse: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros” (Jo. 13:34). O mandamento é novo no sentido de que, agora, temos um exemplo para seguir. Amamos como Cristo nos amou. E, para amar, tanto a Deus como ao próximo, temos que nos desapegar de todo e qualquer impedimento, para  que estejamos livres para praticar a vontade de Deus, olhando firmemente para Jesus, o Autor e Consumador da nossa fé. Com a prática desse amor, teremos a certeza de que somos nascidos de novo,  (1Jo. 4:7). Mencionamos dois males que impedem a nossa vitória na vida cristã: a fascinação das riquezas e a tendência de julgar o nosso próximo precipitadamente. Se não nos desapegarmos desses dois males, será impossível correr  “com perseverança, a carreira que nos está proposta”.

Conclusão: Temos tentado descrever certos aspectos da vida cristã, que é comparada a uma pista de corrida. Para chegar ao ponto final, vitoriosamente, temos que correr com perseverança e paciência, sem deixar outros interesses nos embaraçarem. O segredo é olhar firmemente para Jesus Cristo.


Vimos, em primeiro lugar, o desafio que cada cristão tem que aceitar. Temos que correr a vida cristã com perseverança e paciência. Sim, existem obstáculos, mas, olhando firmemente para Jesus Cristo, venceremos. Vimos, em segundo lugar, o  desafogo do cristão. O que nos consola é que não somos os únicos nessa corrida. Existe uma grande nuvem de testemunhas que terminaram  a carreira vitoriosamente, olhando firmemente para Jesus Cristo. Sim, Ele enfrentou tanto sofrimento por amor a nós e venceu  gloriosamente. Nós, de forma semelhante, venceremos, se mantermos os olhos fixos em Jesus Cristo. E, em terceiro lugar, vimos o desapego do cristão. Ele não pode correr vitoriosamente quando seus olhos estão desviados de Jesus Cristo. Temos que desapegar-nos da fascinação das riquezas, porque, se não, teremos que enfrentar os perigos que podem nos afastar da vida eterna. E, também, temos que nos desapegar de qualquer tendência que possa prejudicar o nosso próximo. Temos que amá-lo, como Cristo nos amou. Novamente, seremos vitoriosos na prática desses três princípios na medida que mantermos os nossos olhos fixos em Jesus Cristo, imitando o seu exemplo. A vida cristã é uma carreira, um estilo de vida que engrandece o Nome do nosso Deus. Que o Espírito Santo nos fortaleça para esse fim.