Vasos de Honra

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segunda-feira, 4 de setembro de 2017

A PRONTIDÃO DO SENHOR




Rev. Ivan G. G. Ross

Leitura Bíblica: Salmo 23:1-6.

Introdução:  Embora tenhamos o costume de ouvir: “O Senhor é o meu pastor”, creio que é igualmente apropriado e bíblico dizer: “O Senhor é o meu Guia”. O Salmista, exaltando o Senhor, confessou: “Que este é Deus, o nosso Deus para sempre; Ele será o nosso Guia até a morte” (Sl. 48:14). E esta oração ao Senhor pode ser a nossa: “Guia-me na tua verdade e ensina-me, pois tu és o Deus da minha salvação” (Sl. 25:5). Agora, em vez de me considerar como uma ovelha, quero me apreciar como um peregrino, caminhando para a minha morada lá no céu. Creio que  o contexto do Salmo 23 permite vermos o Senhor como nosso Guia, que é sinônimo de Pastor, aquele que cuida de todas as nossas necessidades enquanto caminhamos pelo vale de Sidim (local de guerra, Gn. 14:8).

Notemos que o Salmo 23 é intensamente pessoal, eu e o meu Senhor. Por causa dessa intimidade, “não temerei mal nenhum, porque tu (o Senhor) estás comigo”. Embora existam milhões de pessoas invocando o nome do Senhor, temos que reconhecer a nossa singularidade, temos que lidar com o nosso Deus como indivíduos responsáveis. “E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele para quem temos de prestar contas” (Hb. 4:13).

1. A Provisão do Senhor, Vs. 1-2. Ao peregrinar para o lar celestial, quais são algumas das provisões incluídas nesta promessa preciosa: “Nada me faltará”? O Senhor não nos guia por caminhos que causam decepção, antes, Ele nos “faz repousar em pastos verdejantes”. Ele não nos guia por caminhos áridos, antes, Ele nos leva “para junto das águas de descanso”. Nessas duas figuras, que têm basicamente o mesmo sentido, percebemos o cuidado que o Senhor tem para com o seu povo. Ele consola os desanimados, ampara os fracos e é longânimo para com todos. “Faz forte ao cansado, multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Os jovens se cansam e se fatigam e os moços de exaustos caem, mas os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águia, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam” (Is. 40:29-31).

Visto que estamos caminhando para o lar celestial, fundamentamos a nossa vida sobre valores espirituais, aprendemos de Cristo e andamos com Ele. “Aquele que diz que permanece em Cristo, esse deve também andar assim como Ele andou” (1Jo. 2:6). Vamos meditar, por um momento, sobre o que Cristo fez por nós: “Comigo houve pobreza e vacuidade; porém, com Ele, riquezas e plenitudes. Por causa da minha pobreza, Ele se fez pobre; porém, agora, as suas riquezas me fizeram rico, para nunca mais ser pobre. Eu era, muitas vezes, cansado; porém, Ele é sempre forte. Havia um tempo quando o meu cansaço o fez cansado; mas, agora, a sua força me faz forte. Eu conhecia somente os lugares pesados e barulhentos; porém, Ele me fez conhecer os lugares lenimentos (suaves) e tranquilos. Havia um tempo quando Ele, para me buscar, entrou nesses lugares mundanos; e, agora, habito com Ele em pastos verdejantes e águas de descanso. Eu estava com fome e sede num lugar desértico; porém, nele, tenho todas as plenitudes da providência de Deus, onde ele refrigera a minha alma, dia após dia” (citado do livro: The Psalms, por W. E. Scroggie). Agora, o Salmista faz uma pergunta pertinente: “Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me comprazo na terra” (Sl. 73:25). “Digo ao Senhor: Tu és o meu Senhor; outro bem não possuo, senão a ti somente” (Sl. 16:2).  

2. A Proteção do Senhor, Vs 3:4. Ele me guia pelas veredas da justiça, por amor do seu nome”. Primeiro, Ele “refrigera” (restaura) a minha alma, colocando-a em plena comunhão espiritual consigo mesmo, para,  em segundo lugar, guiar-me pelas veredas da justiça. A conversão, ser nascido de novo, sempre precede qualquer direção espiritual em nossa vida. Ele não nos guia para alcançar preeminência nos negócios deste mundo, mas, sim, excelência na prática da justiça. E qual a razão dessa direção? Por amor do nome do Senhor. De certa forma, quando fomos chamados para glorificar a Deus pela prática da justiça, Ele envolveu a honra do seu nome em nosso procedimento. Mas Ele não nos deixou sozinhos para glorificar o seu nome, antes, Ele mesmo nos guia soberanamente, dando-nos as necessárias forças para agir de acordo com a sua vontade, por amor do seu nome. Assim, é Ele quem recebe toda glória e é a graça imerecida que há de completar a sua obra santificadora que Ele começou quando fomos “chamados para sermos de Jesus Cristo” (Rm. 1:6).

Na Bíblia, o verbo “andar” normalmente se refere ao nosso modo de viver, “andar nas trevas” (Jo. 8:12); “andar na luz” (Ef. 5:8). O Apóstolo falou sobre o andar negativo: “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andaste outrora, segundo o curso deste mundo” (Ef. 2:2). E, agora, o andar positivo: “Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis dignos da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz” (Ef. 4:1-3). Andar, portanto, sempre envolve direção; estamos andando de acordo com a vontade de Deus. A experiência nos ensina que, nesse andar, temos que enfrentar todo o tipo de circunstâncias, coisas agradáveis, bem como desagradáveis. Nunca saberemos o que pode acontecer no amanhã; contudo, para o cristão, o desconhecido não lhe dá medo, porque Cristo prometeu: “E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século” (Mt. 28:20).

Nesse contexto, o Salmista declarou: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo”. Esse “vale” se refere às circunstâncias aflitivas, e não necessariamente à morte física. Contudo, o Salmista emprega uma frase expressiva: “A sombra da morte”. Uma sombra, apesar de indicar uma presença, não é o objeto em si. Sentimos a possibilidade de um problema, porém, muitas vezes, ele não nos toca. Mas, por outro lado, especialmente no caso da morte, ou de um querido, ou da nossa própria, temos que ficar de sobreaviso.  

Então, como podemos nos preparar para qualquer eventualidade? A resposta do Salmista é que devemos confiar na prometida proteção, cuidado e presença consoladora do Senhor. “Não temerei mal nenhum, porque tu (o Senhor) estás comigo; o teu bordão e o teu cajado (os meios da graça: a Palavra de Deus e a oração), me consolam”. O Apóstolo acrescenta: “Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino, foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras tenhamos esperança” (Rm. 15:4). Tempos de grandes elevações espirituais devem ser moderados com a lembrança das palavras solenes do Apóstolo no exercício de seu ministério: “Fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé; mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus” (At. 14:22) Variadas circunstâncias, sim, mas em todas essas coisas, somos peregrinos vitoriosos por meio de Jesus Cristo (Rm. 8:37).

3. A Profusão do Senhor, Vs.5-6. O peregrino chegou ao término da sua carreira. Mas qual é a esperança do cristão, que andava no Espírito, evitando as concupiscências da carne? (Gl.5:16). Ele ouvirá: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt. 25:34). Em seguida, será recepcionado de acordo com os costumes de hospedagem do Oriente. Uma mesa de delícias o aguardará; sua cabeça será ungida com óleo e receberá um cálice transbordante de “água das fontes da salvação” (Is. 12:3). Uma referência a esse costume pode ser encontrada em Lucas 7:36-50, onde o convidado receberia os sinais de boas vindas: ter os pés lavados; ter a cabeça ungida com óleo ou bálsamo; receber um ósculo. No caso relatado por Lucas, embora convidado por um fariseu, Jesus não foi honrado com esses sinais de boas vindas, porém, uma pecadora veio com um vaso de alabastro e derramou tudo sobre a pessoa de Jesus, demonstrando, publicamente, o seu muito amor, porque Ele perdoara os seus muitos pecados. O nosso peregrino não foi desprezado, como aconteceu com Jesus na casa do fariseu, antes, foi recebido com uma festa luxuosa, sua cabeça foi ungida com óleo, e na sua mão recebeu um cálice transbordante de toda sorte de bênçãos espirituais. É quase impossível imaginar o que “Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1Co. 2:9).

Outro detalhe que enaltece o recebimento do peregrino: “Prepara-me uma mesa na presença dos meus adversários”. O povo de Deus tem os seus adversários, pessoas que têm prazer em demonstrar a sua rejeição a Deus e a seu povo. Mas, no Dia Final, esses zombadores serão obrigados, em seu tormento, a contemplar a bem-aventurança daqueles que amam e respeitam a Deus. Na parábola do Rico e do Mendigo, o rico via a felicidade de Lázaro. A circunstância dos dois é resumida com estas palavras ao rico: “Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro, igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu, em tormentos”. (Lc. 16:19-31). A lição que  Jesus está inculcando é esta: “Não vos enganeis: de  Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl. 6:7).

Qual é a bem-aventurança do peregrino, já no céu? Com a sua cabeça ungida com óleo purificador, ele tem pensamentos de gratidão, confessando: “ O meu cálice transborda”. O nosso gozo é completo, (Jo. 15:11). Ligado inseparavelmente a esse gozo está a confiança de continuidade: “Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida (na eternidade); e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre”. Davi previu essa bem-aventurança espiritual quando escreveu: “Como é preciosa, ó Deus, a tua benignidade! Por isso, os filhos dos homens se acolhem à sombra das tuas asas. Fartam-se da abundância da tua casa, e na torrente das tuas delícias lhes dás de beber. Pois em ti está o manancial da vida; na tua luz, vemos a luz” (Sl.36:7-9). 

Conclusão: No Salmo 23, temos uma fonte de riquezas, porém, elas têm que ser descobertas mediante um tempo dedicado a esse fim. O Senhor é o meu Pastor; mas Ele é também o meu guia, “Guiando-me na verdade do  Senhor e ensinando-me, pois Ele é o Deus da minha salvação, em quem eu espero todo o dia” (Sl. 25:5). Temos visto a Provisão do Senhor: “Nada me faltará”. Temos visto a Proteção do Senhor: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo”. E temos visto a Profusão do Senhor: “Preparas-me uma mesa ... o meu cálice transborda”. Terminamos citando o hino: “Peregrinando por sobre os montes, e pelos vales, sempre na luz! Cristo promete nunca deixar-me, eis-me convosco, disse Jesus. – Brilho Celeste! Brilho Celeste! Enche a minha alma, glória do céu! Aleluia! Sigo cantando, dando louvores, pois Cristo é meu!” (HNC 114).

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

O PROMETIDO FILHO



Leitura Bíblica: Isaias 9:1-7.

Introdução: O versículo 22 do capítulo anterior nos dá um relance da angústia que reinava sobre a terra naqueles dias: “Olharão para a terra e eis aí angústia, escuridão e sombras de ansiedade, e serão lançados para densas trevas”. Neste contexto, o povo recebeu duas grandes promessas. A primeira é de uma grande luz. Essa luz não seria uma esperança distante, antes, ela resplandeceria sobre o povo de uma maneira visível, (V2). A segunda é de uma alegria, porque o Senhor quebraria o jugo que pesava sobre o povo, (Vs. 3-5).

Mas existe uma pergunta implícita: Como, e quando se cumpriram essas promessas? A resposta está no V.6. “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”. Essas palavras se referem a Jesus Cristo. Ele é a prometida Luz. Ele é o prometido Libertador e o motivo da nossa alegria e paz.

Notemos como o texto apresenta esta promessa: “Um menino nos nasceu, um filho se nos deu”. O  Ap. Paulo explica: “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei; a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gl. 4:4-5). Aquele que nos nasceu é o  “Deus Forte” que  “foi manifestado em carne” (1Tm.3:16). Este é o Filho que Deus nos deu, a fim de ser o nosso Salvador, “no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef. 1:7). E, a fim de nos dar esse livramento, Ele veio já investido  de uma autoridade absoluta sobre todas as coisas, pois, “o governo está sobre os seus ombros”. E o escritor aos Hebreus esclareceu: “Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados” (Hb. 2:18).

Antes de comentar sobre o versículo 6, é necessário observar que estes quatro nomes são ilustrativos, porque eles são descrições da Divindade absoluta de Jesus Cristo em toda a sua glória.

1. Ele  é o Maravilhoso Conselheiro. “Ele é maravilhoso em conselho e grande em sabedoria” (Is. 28:29). Podemos confiar irrestritamente nos conselhos daquele que declarou: “Eu, porém, vos digo” (Mt. 5:22). Ele tem uma outra orientação  para cada um de nós. A base desta confiança está naquilo que a Bíblia diz a respeito da Pessoa de Jesus Cristo: “Em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos” (Cl. 2:3).

Este conhecimento que Cristo tem é comunicado aos homens mediante a pregação do evangelho. O Ap. Paulo testemunhou: “A mim, o menor de todos os santos, me foi dado esta graça de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo” (Ef. 3:8). Isto é: “A sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus” (Fl. 3:8). Qual seria o resumo dessa riqueza de Cristo? Ao entrar em Corinto, o Apóstolo deu este resumo da sua mensagem: “Decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1Co. 2:2). A pregação dessa mensagem pode ser escândalo para os judeus e loucura para os demais povos, contudo, “aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação” (1Co. 1:21). Deus não tem nenhum outro meio para comunicar a sua mensagem de salvação, senão pela pregação do evangelho.

À luz dessas verdades, quais são os conselhos de Cristo, conselhos que são maravilhosos, porque satisfazem as necessidades mais profundas do ser humano? Esses conselhos de Cristo, muitas vezes vêm a nós em forma de convites. Para aqueles que estão cansados e sobrecarregados com o peso do pecado não perdoado, Jesus lhes convida: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomais sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mt. 11:28-30). O processo de alcançar esse descanso espiritual é aproximar-se, confiantemente, de Jesus Cristo; assumir uma vida de comunhão espiritual com Ele e pôr em prática os seus conselhos. E, para aqueles que têm uma verdadeira sede espiritual, um anseio para alcançar a piedade convincente, Cristo convida: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba”, receba e pratique os meus conselhos. E qual será o resultado? “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”, pois terá o ministério do Espírito Santo atuando eficazmente em sua vida, (Jo.7:37-39). Sim, Cristo é o Maravilhoso Conselheiro, e quem recebe as suas palavras, se tornará sábio para a salvação eterna.   

2. Ele é o Deus Forte. Podemos acreditar que Cristo é o Deus Forte, “Porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl. 2:9). Por ser o Deus Forte, Ele demonstrou a seus discípulos o seu controle absoluto sobre os elementos da natureza, pois “os ventos e o mar lhe obedecem” (Mt. 8:27). As últimas palavras de Cristo, antes de subir para o céu, foram: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt. 28:18). Mediante as suas palavras e os seus sinais de poder celestial, Jesus está dizendo a seu povo: Ponha a sua fé na minha pessoa e não se atemorize; eu tenho o poder para te auxiliar em todas as suas dificuldades.

Em 1 Coríntios 2:8, Cristo é chamado “o Senhor da glória”, e em Salmo 24, Ele é “o Rei da glória, o Senhor forte e poderoso, o Senhor, poderoso nas batalhas” (V8). Cristo demonstrou o seu poder na batalha contra o pecado. Ele veio para “destruir as obras do diabo” (1Jo. 3:8). O combate foi sangrento e custou-lhe a sua própria vida. Mas a sua morte não foi uma derrota, antes, foi uma parte inseparável no plano para salvar pecadores; Ele morreu em nosso lugar. E a eficácia desse sacrifício foi provada mediante a sua ressurreição dentre os mortos, a evidência inconfundível da sua vitória sobre o poder do pecado. E, para nós que estávamos mortos em nossas transgressões, “nos deu vida juntamente com Cristo, perdoando os nossos delitos”. Como? “Tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, cravando-o na cruz; e despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz” (Cl. 2:13-15). Somente Cristo, o Deus Forte, o Senhor poderoso nas batalhas, teve o poder para enfrentar os horrores do  pecado e vencê-los triunfantemente.

Mas, por sermos pecadores, os portais do céu foram fechados contra nós. Como a Bíblia declara: “Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e  o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que  não vos ouça” (Is. 59:2). Mas, Cristo, mediante a sua morte, nos deu redenção e perdão dos pecados; e, na sua ascensão, ao encontrar os portais do céu fechados, ouve-se a ordem: “Levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da  Glória” (Sl. 24:9). Cristo, como o nosso Precursor, entrou pelos portais, agora abertos, por nós, (Hb. 6:19-20). Assim, quando estamos em Cristo Jesus, temos o direito para entrar pelos “portais eternos” do céu, onde desfrutaremos da vida eterna. Como é consolador sabermos que temos, encarnado em Cristo, o Deus Forte, o Senhor, poderoso nas batalhas, pronto para nos auxiliar!

3. Ele é o Pai da Eternidade. Como Pai, Ele é o  Dono da Eternidade. Tudo o que existe, em termos de origem, pertence a Ele. Como podemos definir a eternidade? Falando do rei de Salém, o representante da eternidade, a Bíblia diz que ele era “sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias, nem fim de existência” (Hb. 7:3). Não precisamos de uma explicação maior. Jesus Cristo, como Pai da Eternidade, está no centro dela, e, por necessidade, possui os atributos de Onipotência, Ele tem o poder absoluto sobre tudo; Onisciência, Ele é conhecedor infalível de tudo o que acontece neste mundo, inclusive as palavras, pensamentos e o procedimento de cada pessoa, desde a fundação do mundo; Onipresença, Ele está em todos os lugares deste universo, por isso, Cristo podia dizer: “E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século” (Mt. 28:20).

O Salmo 139 nos dá um relance das possibilidades desses três atributos de Jesus Cristo. São revelações para nos encorajar e fortalecer em cada uma das nossas circunstâncias. Vamos observar como Ele atua.

a)      Cristo é Onisciente, (Vs. 1-6). Vamos sentir a abrangência desse atributo: “Senhor, tu me sondas e me conheces”,(V.1). Sabe das nossas andanças, dos nossos pensamentos e das nossas palavras. “Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más” (Ec. 12:14). Por acaso essas verdades oprimiam o Salmista? Veja como ele responde: “Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim; é sobremodo elevado, não o posso atingir” (V6).
b)      Cristo é Onipresente, (Vs. 7-12). “Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face?” (V.7). O Salmista imagina lugares de fuga: os céus, o abismo, a alvorada e os mares, nem as trevas o podem encobrir, porque “trevas e a luz são a mesma cousa” (V.12). Por acaso o Salmista se sentia perseguido por causa dessa onipresença de seu Senhor? Veja como ele responde: Seja qual for o lugar, “ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá” (V.10), Ah, se pudéssemos acreditar nessa conclusão!
c)       Cristo é Onipotente (Vs. 13-18). O Salmista reconheceu o poder de Deus na formação de seu corpo no “seio de sua mãe” (V. 13). Por isso, exclamou: “Graças te dou, visto que por modo assombrosamente me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem” (V.14). Mesmo antes de nascer, a vida inteira já era visível aos olhos do Senhor, (V.16). Novamente, perguntamos: Essa onipotência intimidava o Salmista? Veja como ele responde: “Que preciosos para mim, ó Deus, são os teus pensamentos! E como é grande a soma deles! Se os contasse excedem os grãos de areia. Contaria, contaria, sem jamais chegar ao fim” Vs. 17-18.

O salmista termina a sua reflexão, verbalizando o seu desejo para que esses três atributos sejam usados em seu favor: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno”. (Vs. 23-24).

E, para o nosso consolo e encorajamento, dentro da eternidade, o povo de Deus, um por um, será conhecido particularmente, porque: “ Assim como ele nos escolheu nele (em Cristo), antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele” (Ef. 1:4). O atributo da onisciência  de Cristo deve nos incentivar a seguir “a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb. 12:14).

4. Ele é o Príncipe da Paz. Em nossos dias, temos muitos proclamadores de paz, porque essa é a palavra que o povo quer ouvir. Mas o Senhor disse: “Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz” (Jr. 8:11). O Ap. Paulo comentou sobre esse assunto, afirmando: “Quando andares dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição” (1Ts. 5:3). A verdadeira paz vem a nós por meio de um só, Jesus Cristo, o Príncipe da Paz. Ele é o Autor e o Distribuidor dessa paz que guardará o nosso coração e a nossa mente com toda a segurança. Ele mesmo prometeu: “ Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo. 14:27).

Devemos lembrar que, como pecadores, éramos inimigos de Deus, pessoas que não obedeciam às normas que Ele prescrevera para toda a humanidade, (Tg. 4:4). A reconciliação remove este óbice (impedimento). “Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo sangue de Cristo, seremos por ele salvos da ira, porque se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte de seu Filho, muito mais, estando reconciliados, seremos salvos por sua vida” (Rm. 5:9-10). Essa reconciliação é possível somente quando somos unidos com Jesus Cristo.

Portanto, temos que saber como podemos tomar posse dessa dádiva de Deus. Reconciliação entende a existência de uma inimizade entre duas ou mais pessoas. Para efetuar essa reconciliação, a causa da inimizade tem que ser resolvida. Deus operou  este efeito quando enviou o seu único Filho para remover os nossos pecados, a causa da nossa inimizade com Deus. “Sabemos também que Cristo se manifestou para tirar os pecados” (1Jo.3:5). Ele conseguiu fazer isto, “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados” (1Pe. 2:24). Ou, como Isaías disse: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele (Jesus Cristo) a iniqüidade de nós todos” (Is. 53:6). Por isso, a Bíblia  enfatiza que fomos “reconciliados com Deus, mediante a morte de seu Filho” (Rm. 5:10). Tomamos posse dessa benção pela fé em tudo o que Cristo fez por nós mediante a sua morte substitutiva na cruz do Calvário. “Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna (está reconciliado com Deus); o que, todavia, se mantêm rebelde contra o Filho não verá a  vida (não está reconciliado), mas sobre ele permanece a ira de Deus” (Jo. 3:36). “Sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira” (Rm. 5:9). Somos felizes quando podemos testificar: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo”, o Príncipe da Paz” (Rm. 5:1).

Conclusão: No Antigo Testamento, encontram-se muitas referências ao prometido Messias que foram dadas para que o povo pudesse reconhecê-lo. Essas profecias foram tão eficazes que o povo logo começou a perguntar: “Será este, porventura, o Cristo?” (Jo. 4:29). Ou, “Eis que ele fala abertamente, e nada lhe dizem. Porventura, reconhecem verdadeiramente as autoridades que este é, de fato, o Cristo?” (Jo. 7:26). O Apóstolo comentou: “Estes (sinais), porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo. 20:31).

O nosso texto apresenta a pessoa de Jesus Cristo como Emanuel, Deus conosco. Ele é o Maravilhoso Conselheiro, aquele que nos convida: “Vinde a mim (...) e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mt. 11:28-29). Ele é Deus Forte, e o governo do mundo inteiro está sobre seus ombros; por isso, Ele é poderoso para salvar pecadores e conduzi-los à vida eterna. Ele é o Pai da Eternidade, aquele que  é Onisciente, Onipresente e Onipotente, por isso, podemos lhe pedir: “Vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno”. Ele é o Príncipe da Paz, aquele que nos dá uma paz que excede todo o entendimento; uma paz que guarda o nosso coração e a nossa mente em toda segurança. Que cada um de nós possamos crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.  



quarta-feira, 26 de março de 2014

A DIVINDADE DE CRISTO - A CARTA AOS COLOSSENSES - estudo 4 (Parte 2)


Leitura Bíblica: Colossenses 1: 18-20
INTRODUÇÃO:
Temos visto o poder soberano de Jesus Cristo como Criador de todas as cousas, visíveis e invisíveis, poderes e governos. A lição que o Apóstolo está inculcando é esta: aquele que teve poder para criar o universo em toda a sua plenitude, do nada, é igualmente poderoso para salvar qualquer pecador sem precisar recorrer ao auxílio de criaturas que Ele mesmo criou.
Vamos ver agora o poder soberano de Cristo na redenção do pecador. Cristo é o nosso Sumo-Sacerdote: “Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” Hb. 7: 25.
1-       Jesus Cristo como Redentor, Vs. 18-20. A Bíblia afirma que Cristo veio como o desejado Redentor, para buscar e salvar pecadores, Ml. 3: 1. Ele não precisou do auxílio de nenhum recurso humano. O derramamento de seu próprio sangue foi o preço todo-suficiente pra remir o pecador do domínio do pecado. “Não por meio de sangue de bodes e de bezerros (como no Antigo Testamento), mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção” Hb. 9: 12.
a)       Cristo é a cabeça da Igreja, V. 18a. “Ele é a cabeça do corpo, a Igreja”. A figura da cabeça e o seu corpo ilustra a união que existe entre Cristo e a sua Igreja. Ele é a cabeça e o Sustentador de cada membro da sua Igreja. É reconhecido que a cabeça controla todos os membros do corpo humano. Nenhum membro do corpo é auto-suficiente, todos dependem dos impulsos da cabeça a fim de cumprirem o seu propósito. O Apóstolo aplica esta verdade espiritualmente, afirmando que “Cristo é  a cabeça de todo homem”, e, por inferência, a cabeça de cada membro da Igreja em particular, 1 Co. 11: 3. Vamos sentir o cuidado que Cristo tem para com sua Igreja. “Ele amou a sua Igreja e a si mesmo se entregou por ela... Porque ninguém jamais odiou a sua própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o fez com a Igreja; porque somos membros de seu corpo” Ef. 5: 25, 29, 30. Por que estamos falando assim? A Igreja não tem nenhuma expressão que glorifica a Deus sem o toque vivificante de Cristo. Ele mesmo disse: “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira,  vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim, nada podeis fazer” Jo. 15: 4-5. Esta união entre Cristo e a sua Igreja não admite nenhuma interferência externa, como os hereges tentavam estabelecer. Se interferirmos com a união natural entre a videira e o ramo, o ramo morrerá. Assim, o fruto da heresia é o mesmo, as vítimas morrem eternamente. Não podemos nos separar da exclusividade  de Cristo para cuidar e salvar, totalmente, a sua Igreja. “Ele é a cabeça do corpo, a Igreja”.
b)       Cristo é o princípio, V. 18b. “Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos”. Ele confessou: “Eu sou  o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim” Ap. 22: 13. Ele é o grande iniciador de todas as cousas, aquele que efetuou todos os propósitos da Divindade. Quando pensamos na criação do universo, lá estava o Verbo, Jesus Cristo, a Segunda Pessoa da Trindade. “No princípio (o primeiro relance dentro da eternidade) era o Verbo, e o Verbo estava com Deus. Todas as cousas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” Jo. 1: 1-3.
Quando pensamos na redenção do pecador, novamente vemos Cristo tomando a iniciativa para efetuar esta grande obra. Dentro da eternidade, Ele se apresentou, dizendo: “Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a  tua vontade” Hb. 10: 9. Esta “vontade” foi o oferecimento de sua própria vida pelo povo a ser redimido. A respeito da sua vida, Cristo confessou: “Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai” Jo. 10: 11, 18.
Quando pensamos na formação da Igreja, outra vez vemos Cristo tomando a iniciativa, prometendo: “Edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” Mt. 16: 18. Parte desta obra de edificar a sua Igreja consiste em buscar e arrebanhar o povo a ser redimido. Cristo disse: “Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco (os judeus); a mim me convém conduzi-las (os gentios); elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor” Jo. 10: 16. O Ap. Paulo praticou este princípio em seu ministério: “Primeiro do judeu e também o grego” Rm. 1: 16. “Opondo-se eles (os judeus) e blasfemando, sacudiu Paulo as suas vestes e disse-lhes: Sobre a vossa cabeça, o vosso sangue! Eu dele estou limpo e, desde agora, vou para os gentios” At. 18: 6. Cristo é a cabeça tanto dos judeus crentes, como também dos gentios crentes. Ao meditarmos sobre a iniciativa de Cristo, o Ap. João comentou: “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados... (Agora), nós amamos porque  ele nos amou primeiro” 1Jo. 4: 10, 19. Louvamos a Deus pela iniciativa de Cristo em nosso favor, porque dela veio a nossa redenção.

Quando pensamos na ressurreição dos mortos, mais uma vez, vemos que Cristo é “o primogênito de entre os mortos”. Cristo se apresentou ao Ap. João, dizendo: “Não temas; eu sou o primeiro e o último e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos” Ap. 1: 17-18.  Em todas as experiências que se referem à nossa redenção, Cristo é o princípio, o precursor, aquele que foi o primeiro a agir. Quanto à ressurreição, vemos formas de ressurreição tanto no Antigo Testamento como também no Novo Testamento. Cristo, porém, foi o primeiro a experimentar a ressurreição escatológica. Assim, o Apóstolo vê a ressurreição de Cristo como sendo “ele as primícias dos que dormem” 1 Co. 15: 20. Cristo foi o primeiro a ressuscitar, e, os que pertencem a Ele, o seguirão no Dia da sua Segunda Vinda, 1Co. 15: 52. Ele é sempre o primeiro, vestido de todos os direitos de soberania. Cristo, aquele que nos abençoa, é chamado: “A Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra” Ap. 1: 5. A doutrina da ressurreição de Cristo nos prepara para a nossa própria ressurreição no Último Dia. Às vezes, pensamos: Como será a nossa ressurreição naquele Dia? Tranquilizemo-nos com a palavra do Ap. João: “Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é” 1 Jo. 3: 2.
c)        Cristo tem a primazia sobre todas as cousas, V. 18c. “Para que em todas as cousas ter a primazia”. Cristo, como o princípio de todas as cousas, é uma verdade com ampla exposição nas Escrituras Sagradas. Por que esta ênfase? Para que Ele tenha a preeminência, a soberania divina entre todas as suas criaturas. “Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu: para ser Senhor tanto dos mortos como dos vivos” Rm. 14: 9. Ninguém consegue fugir do seu senhorio. Voltemos a lembrar do problema entre os Colossenses. Os hereges estavam tentando destruir a primazia de Cristo, e, em seu lugar, eles mesmos queriam receber toda a preeminência. Mas, desfazendo as prerrogativas de Cristo, os hereges estavam anulando a redenção e impossibilitando qualquer esperança do perdão dos pecados. O âmago de qualquer heresia é a negação da exclusividade soberana de Cristo  e a exaltação dos méritos humanos. “Ostentando-se como se fosse o próprio Deus” 2 Ts. 2: 4. Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, e, entre outros propósitos, para qual fim? A fim de que o nome do nosso Senhor Jesus Cristo seja glorificado, 2Ts. 1: 12. Ou, como o Apóstolo disse em outro lugar: “Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor para glória de Deus Pai” Fl. 2: 10-11. Ai do homem que procura usurpar a primazia que pertence exclusivamente a Jesus Cristo.
d)       Cristo é o Filho amado por Deus (o Pai), V. 19. “Porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude”. Outro versículo que diz a mesma verdade: “O Pai ama ao Filho e todas as cousas tem confiado às suas mãos” Jo. 3: 35. Vamos regressar para a cena do batismo, onde vemos Jesus sendo batizado antes de dar início ao seu  ministério  público. “Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu filho amado, em quem me comprazo” Mt. 3: 16-17. Observemos duas verdades relacionadas a esta declaração:
Primeira: A unção pelo Espírito Santo, capacitando Jesus Cristo, como verdadeiro homem, para exercer toda vontade de Deus. Quando o Apóstolo fala da “plenitude”, entendemos que esta se refere à vontade do Pai  em relação à salvação do pecador. Cristo, somente ele, recebeu o encargo para salvar pecadores. Cristo não é um Salvador incompleto, como os hereges em Colossos ensinavam. Ele é poderoso para salvar totalmente, porque nele habita toda a plenitude, Hb. 7: 25.
Segunda: A confirmação pública que o Pai deu a respeito deste Jesus: “Este é o meu Filho amado, em que me comprazo”. O Apóstolo aos Hebreus fez uma pergunta pertinente: “Ora, qual dos anjos jamais disse: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por estrado dos pés?” Hb. 1: 13. A superioridade é incontestável. “Aprouve a Deus, que em Cristo residisse toda a plenitude”, toda a autoridade para salvar pecadores. Mas, para efetuar esta salvação, Ele tinha que dar a sua própria vida como o preço do resgate. O Ap. João testificou: “Por que todos nós temos recebido da sua plenitude (da sua exclusiva suficiência) e graça sobre graça” Jo. 1: 16.
e)       Cristo é reconciliador de todas as cousas, V. 20. “que havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as cousas, quer sobre a terra quer no céus”.  Reconciliação entende um contexto de inimizade entre duas ou mais pessoas, e, em nosso contexto, entre Deus e toda a humanidade. Pois todos pecaram. Portanto, para realizar uma reconciliação, o pecado, que é a causa da inimizade, tem que ser removido. Cristo é o único enviado com a missão específica para tirar os pecados do homem. “Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados”.  E Ele tem esta autoridade, porque “nele não existe pecado” 1 Jo. 3: 5. Quando Cristo se manifestou entre os homens, João Batista logo o reconheceu como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” Jo. 1: 29.
Esta reconciliação foi realizada mediante o pagamento de um resgate, a saber, “o sangue da cruz” de Jesus Cristo e da sua morte substitutiva. Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, antes, elas foram transferidas ao seu próprio Filho, “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para o pecado, vivamos para a justiça” 1 Pe. 2: 24; 2 Co. 5: 19.
Esta reconciliação produziu o fruto precioso de paz entre Deus e os pecadores que creem em Jesus Cristo. Por isso, Ele garantiu ao seu povo: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” Jo. 14: 27. E, o Ap. Paulo, regozijava-se, dizendo: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio do nosso Senhor Jesus Cristo” Rm. 5: 1.
Esta reconciliação tem uma abrangência generosa: “todas as cousas, quer sobre a terra, quer nos céus”, tudo o que foi atingido pelo pecado. A terra foi atingida e ficou amaldiçoada. O homem também foi atingido e foi expulso da presença de Deus, Gn. 3: 23-24. Tudo e todos que se encontram separados da amizade de Deus podem, agora, ser reconciliados com Deus por meio de Jesus Cristo. Eis a nossa comissão: “Deus nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus” 2 Co. 5: 19-20. Somos reconciliados com Deus quando cremos em Jesus Cristo, submetendo a nossa vida à sua direção, e descansando em seu cuidado.


Conclusão: A melhor maneira de combater a heresia é proclamar as verdades positivas sobre a soberania absoluta de Cristo, tanto na área de criação como também na área da redenção do pecador.

sexta-feira, 7 de março de 2014

A DIVINDADE DE CRISTO - A CARTA AOS COLOSSENSES - estudo 3 (Parte 1)



Leitura Bíblica: Colossenses 1: 15-17

INTRODUÇÃO:
Nos versículos 9 a 14, o Apóstolo nos deixou uma amostra de como orava em favor das Igrejas. Os colossenses estavam sendo assediados por falsos profetas que subtraiam a suficiência de Cristo para salvar, totalmente, pecadores. Através desta oração, o Apóstolo mostrou como a Igreja pode ser fortalecida para resistir as palavras persuasivas da heresia. Ele pediu três fundamentos que a Igreja precisaria para fortalecer a sua confiança na suficiência de Cristo para salvar pecadores. A Necessidade de Crescimento Espiritual, descobrindo e aplicando  a vontade de Deus em seu procedimento; A Necessidade de Constância Espiritual, uma firmeza na doutrina cristã; e, A Necessidade de Contentamento Espiritual, repousando confiadamente na suficiência de Cristo para salvar pecadores, sem se preocupar com as sugestões blasfematórias dos hereges.
Nesta oração está implícita uma pergunta: Quem é aquele que pode suprir tais necessidades às Igrejas? A resposta está na Divindade de Jesus Cristo. Aquele que criou o mundo e tudo o que nele existe é poderoso para suprir cada uma das necessidades de seu povo, Fl. 4: 19. Mas, antes de começar a nossa exposição, queremos fazer uma observação histórica sobre o nosso texto.
Por causa da estrutura ritmada destes versículos (15-20), os estudiosos acreditam que o Apóstolo estava citando um hino que o povo cantava, ou, mais uma “Palavra Fiel” que os crentes decoravam e repetiam entre si mesmos, a fim de estabelecerem melhor as suas convicções. Encontramos outros exemplos de “Palavras Fiéis” (Credos Doutrinários) em 1 Tm. 1: 15; 3: 1; 4: 9; 2 Tm. 2: 11; Tt. 3: 8. Assim, percebemos o valor que a Igreja primitiva dava às doutrinas fundamentais  e como elas foram memorizadas. A palavra de Deus é a espada do Espírito Santo, pela qual somos abençoados com toda sorte de benção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, Ef. 1:3; 6:17. Devemos imitar este costume edificante em nossa vida diária. “Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti” Sl. 119: 11.
Para que entendamos melhor o texto que queremos estudar, temos que compreender algo sobre a doutrina da Santíssima Trindade. “Há três pessoas na Divindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo; estas três Pessoas são um só Deus verdadeiro e eterno, da mesma substância, iguais em poder e glória, embora distintas pelas suas propriedades pessoais” Cat, Maior, 9. Ou, em nossas palavras, resumidamente, Pai, Filho e Espírito Santo, são, cada um, igualmente o Deus único e eterno, porém, cada um tem as suas próprias atribuições, por isso, reconhecemos a existência de três Pessoas dentro da unidade da Divindade. Podemos dizer, em termos práticos: O Pai planejou a redenção de pecadores. “Tu, ó Senhor, és nosso Pai; nosso Redentor é o teu nome desde a antiguidade” Is. 63:16. O Filho executou esta redenção, dando a sua própria vida em resgate por muitos; “no qual temos a redenção, a remissão dos pecados” Cl. 1: 14. O Espírito Santo comunicou esta redenção àqueles que creem na obra redentora de Cristo. “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” – que somos participantes desta redenção, Rm. 8:16. Portanto, Deus, em toda a sua plenitude triúna, é o nosso Redentor. “Todo homem saberá que eu sou o Senhor, o teu Salvador e o teu Redentor” Is. 49: 26. Mas, para que o Filho pudesse efetuar esta redenção, Ele teria de assumir a forma de homem, nascer de mulher e nascer sob a lei, Gl. 4: 4. A essência de Deus não pode ser desfeita, por isso, cremos que o Cristo tem duas naturezas: a Divina, e a Humana, porém, Ele é uma só Pessoa. O nosso texto (Cl. 1: 15-20) descreve a Divindade de Cristo, este Deus-Homem, e seus atributos como Criador e Redentor.  Veja como a Confissão de Fé descreve esta verdade: “O Filho de Deus, a Segunda Pessoa da Trindade, sendo verdadeiro e eterno Deus, da mesma substância do Pai e igual a Ele, quando chegou o cumprimento do tempo, tomou sobre si a natureza humana com todas as suas propriedades essenciais e enfermidades comuns, contudo sem pecado, sendo concebido pelo poder do Espírito Santo no ventre da Virgem Maria, e da substância dela. As duas naturezas – a Divindade e a Humanidade – foram inseparavelmente unidas em uma só pessoa, sem conversão, composição ou confusão; essa pessoa é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, porém, um só Cristo, o único Mediador entre Deus e o homem” Cap. 8: 2. Agora, vamos ao nosso texto (Cl. 1: 15-20), sempre lembrando Jesus Cristo como aquele que foi reconhecido como homem, e  que andava no meio dos homens, “fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus (o Pai) era com ele” At. 10: 38. Vamos ver como o Apóstolo apresenta a Divindade inquestionável de “Jesus Cristo, homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos” 1 Tm. 2: 5

1-     Jesus Cristo Como Criador, Vs. 15-17. Devemos lembrar qual a razão desta Carta. A fé dos colossenses estava sendo ameaçada por hereges que dogmatizavam a insuficiência de Cristo para salvar, sozinho, pecadores; insinuando a necessidade do auxílio de anjos e de outros recursos de auto-ajuda.  Para combater essa heresia, o Apóstolo faz questão de enfatizar a Divindade de Cristo, e, portanto, a suficiência para salvar pecadores, sem o auxílio de outrem. Aquele que fez todas as cousas, nos céus e na terra, é igualmente poderoso para remir e salvar qualquer pecador. Veja as afirmações do Apóstolo.
a)     Cristo é a imagem do Deus invisível, V. 15a. Quando Filipe pediu a Jesus: “Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta”, Jesus lhe respondeu: “Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não vês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim?” Jo. 14: 8-10. Em outro texto, Cristo afirmou: “Eu e o Pai somos um” Jo. 10: 30. Eles são um, tanto no sentido de propósitos, como também no sentido de essência. Cristo ainda esclareceu: “Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis; mas, se faço e não me credes, crede nas obras, para que possais saber e compreender que o Pai está em mim, e eu estou no Pai” Jo.10: 37-38. A harmonia indivisível entre o Pai e o Filho é inegável. Os judeus entenderam perfeitamente as implicações desta palavra de Cristo; Ele estava “fazendo-se igual a Deus” Jo. 5: 18. Devemos entender que Cristo, como a Imagem do “Deus invisível”, é Deus revelado. Deus tornou-se conhecido por intermédio de seu  Filho. “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito (o Verbo, Jo. 1: 1), que está no seio do Pai é quem o revelou” Jo. 1: 18.
b)     Cristo é primogênito de toda a criação, V. 15b. Agora, se Cristo é a própria imagem do “Deus invisível”, e, se este “Deus invisível” é de eternidade a eternidade, segue-se que o Filho também é eternamente a imagem de Deus. Quanto à sua Divindade, Cristo não pode estar na categoria de tempo e de espaço. Ele não pode ser um mero ser criado, antes, está numa classe à parte, isto é, exaltado acima de toda criatura. Ele recebeu um nome que está acima de todo nome. Não existe nenhum outro nome superior ao seu. E qual a razão? “Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra”; dando-lhe o culto que pertence exclusivamente ao Deus verdadeiro, Fl. 2: 9-10. A figura do “primogênito” é a linguagem do Antigo Testamento que descreve a dignidade e os privilégios do filho primogênito como herdeiro dos bens do pai. Assim, “nestes últimos dias (Deus) nos falou pelo Filho (aquele que estava no mundo e reconhecido como homem), a quem constituiu herdeiro de todas cousas, pelo qual também fez o universo” Hb. 1: 2.  Nos céus, as milícias proclamam em grande voz: “Digno é o Cordeiro (Jesus Cristo, Jo. 1: 29) que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor” Ap. 5: 12. Mesmo aqui na terra, podemos estar ocupados, “falando entre vós com Salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome do Senhor Jesus Cristo” Ef. 5: 19-20.
c)     Cristo é o Criador de todas as cousas, V. 16. “Pois nele, foram criadas todas as cousas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, que potestades, tudo foi criado por meio dele e para ele.” O Apóstolo multiplica as coisas que existem, a fim de descrever a abrangência total das obras criadas por meio de Jesus Cristo. Seja qual for o objeto, visível ou invisível, poderes ou governos, tudo veio a existir por meio de seu poder organizador. E, sendo o Criador de tudo, Cristo, de necessidade, é maior do que tudo e, portanto, Soberano sobre tudo. À luz desta verdade, como pode alguém duvidar do seu poder para redimir e salvar totalmente qualquer pecador que vem a Ele pedindo socorro? Ele é de total confiança! Na Bíblia, as obras da criação são citadas para alimentar a nossa fé no poder que Cristo tem para auxiliar o seu povo em todas as suas necessidades.  “Elevo os meus olhos para os montes (nas alturas onde Deus habita), de onde me virá o socorro?” E a fé responde: “O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra” Sl. 121: 1-2. O Deus que criou o universo, e tudo o que nele existe, é Todo-Poderoso para socorrer o homem em suas dificuldades. Um dos efeitos mais tristes do pecado é este: o homem  foi levado a duvidar do poder de seu próprio Criador para o salvar. “O Verbo (Cristo) estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” Jo. 1: 10-11. Este foi o pecado principal dos hereges em Colossos, eles ensinavam o povo a não acreditar no poder de Cristo para salvar, sozinho, os pecadores.
d)     Cristo é antes de todas as cousas, V. 17a. Por ser a Segunda Pessoa da Trindade, e por não ser criado, a sua existência eterna é inquestionável. Por isso, Cristo podia confessar: Sim, eu sou maior do que Abraão, porque, antes que Abraão existisse, EU SOU” Jo. 8: 53-58. E, em sua oração sacerdotal, Ele pediu: “Glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo” isto é, desde a eternidade, Jo. 17: 5. Sim, o poder imutável de Cristo para cuidar e salvar pecadores continua inabalável até os nossos dias. “Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre” Hb. 1: 12; 13: 8. Aquele que é desde a eternidade é aquele que manifestou o seu poder nas obras da criação, e é o mesmo que continua demonstrando o seu poder na salvação eterna de pecadores. Nele devemos confiar!
e)     Cristo sustenta todas as cousas, V. 17b. “Nele, tudo subsiste”. O Salmista exclamou: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas mãos” Sl. 19: 1. E, no mesmo tom de admiração, o Ap. Paulo, reconhecendo a auto-revelação de Deus, afirmou: “Porquanto o que de Deus se pode conhecer, é manifesto entre eles (os homens), porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus (os poderes da sua natureza), assim como o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das cousas que foram criadas” Rm. 1: 19-20. Ao contemplarmos a plenitude do universo, somos constrangidos a reconhecer  que o mundo, e tudo o que nele há, é um sistema vivo e harmonioso, a obra de um Ser infinitamente sábio, poderoso e cuidadoso. Cada parte da criação, desde o menor inseto até o maior astro, tudo tem o seu próprio lugar no mecanismo do universo. Deus não criou um caos insustentável, antes, Ele criou um cosmos harmonioso. Desde o início até hoje, a aliança que Deus estabeleceu com todas as suas criaturas permanece inalterada: “Enquanto durar a terra, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite” Gn. 8: 22. Reconhecemos que o pecado danificou uma parte desta harmonia, contudo, o mundo continua conforme a aliança original.
Mas existe uma outra verdade quanto à criação que devemos reconhecer. Quando Deus criou o mundo, e tudo o que nele há, Ele o criou para que a sua existência e a sua frutescência dependesse da providência ininterrupta de Deus. O mundo não foi criado e abandonado para existir de acordo com leis preestabelecidas. O mundo não é auto-sustentável, ele continua até hoje, porque é sustentado pelo poder soberano de Jesus Cristo. Ele sustenta todas as cousas pela palavra de seu poder, Hb. 1: 3. Por uma palavra de ordem, toda a criação o obedece. De certa feita, os discípulos exclamaram: “Quem é este que até o vento e o mar lhe  obedecem?” Mc. 4: 41.
Por que o Apóstolo citou estes cinco aspectos do poder criador de Jesus Cristo? Para estabelecer, definitivamente, o poder imensurável de Cristo. Aquele que demonstrou o seu poder, criando do nada todas as cousas, é igualmente poderoso para salvar pecadores, sem precisar recorrer ao auxílio de criaturas que Ele mesmo criou.

Uma das frases que o Ap. Paulo mais usava era “a graça de Jesus Cristo”. Ele amou a sua Igreja e a si mesmo se entregou por ela, Ef. 5: 25. A liberalidade de Cristo foi demonstrada quando Ele morreu pelos nossos pecados. Ele continua derramando sobre nós toda a super-suficiência da sua graça para que sejamos preservados na fé, enquanto estivermos neste mundo. Pela graça, podemos confessar: “Em todas estas cousas (os poderes que se esforçam para nos separar do amor de Cristo), somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou” Rm. 8: 37. Não deixemos nenhum argumento nos demover da nossa confiança em Jesus Cristo para salvar qualquer pecador.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

UMA ORAÇÃO - A CARTA AOS COLOSSENSES - estudo 2-



Leitura Bíblica: Colossenses 1: 9-14.

INTRODUÇÃO:
Devemos lembrar que a Igreja dos Colossos estava sendo assediada para se desviar da sua fé apostólica e aceitar uma heresia que negava a suficiência de Cristo para redimir e salvar pecadores. Estes falsos mestres ensinavam a necessidade de suplementar a obra de Cristo com a intervenção de anjos e, com  um “rigor ascético”, tal como, “não manuseeis isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro”. O Apóstolo combateu esta heresia estabelecendo a Deidade absoluta de Cristo, e, por inferência, provando o seu poder e autoridade para salvar, totalmente, o pecador que vem a Ele, buscando o perdão de seus pecados e a certeza da vida eterna.
Mas, antes de entrar no tema geral da Carta, o Apóstolo registrou a sua gratidão a Deus pela Igreja em Colossos. Agradeceu a Deus pelo Evangelho, porque muitas pessoas tinham se tornado cristãs pela fé em Jesus Cristo. Agradeceu a Deus pela Evolução do Evangelho, porque “todo mundo” ao redor de Colossos estava sendo alcançado pela boa notícia da salvação pela fé em Jesus Cristo. E, agradeceu a Deus pelo Evangelista Epafras, um ministro fiel a Cristo.
Nesta leitura de hoje, o Apóstolo registrou a síntese da sua oração em favor dos Colossenses. Oração não é apenas gratidão a Deus, as súplicas dos crentes são igualmente importantes. Através delas, participamos na extensão do reino de Deus, e, ao mesmo tempo, contribuímos para o encorajamento daqueles que estão diretamente envolvidos na pregação do Evangelho. O Apóstolo reconheceu esta participação dos membros da Igreja em Corinto, dizendo: “Ajudando-nos também vós, com as vossas orações a nosso favor” 2 Co. 1: 11. O Apóstolo que nos exortou, dizendo: “Orai sem cessar         , é o mesmo que disse: “Dando sempre graças a Deus, Pai do nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vós, desde que ouvimos da vossa fé em Jesus Cristo” 1 Ts. 5: 17; Col.: 2-3. O grande anseio do Apóstolo era que os crentes fossem capacitados para viver “para o inteiro agrado do Senhor”. Vamos sentir, juntamente com o Apóstolo, este mesmo desejo ao examinarmos sua oração.
1-     O Apóstolo Pediu pelo Crescimento Espiritual, V. 9. Quando o Apóstolo fez esta oração, pedindo que a Igreja transbordasse com pleno conhecimento da vontade de Deus, possivelmente, estava pensando em Oséias 4: 6. “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta conhecimento”. Por causa desta falta, o povo se torna presa fácil para aqueles que ensinam doutrinas perniciosas; e, estas já estavam entrando, sorrateiramente, na Igreja dos Colossenses. Por isso, o Apóstolo, sentindo a urgência da situação, registrou a sua reação: “Desde o dia em que ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis do pleno conhecimento da sua vontade”.
a)     Em que consiste este conhecimento da vontade de Deus? Por causa da amplitude do assunto, a nossa resposta tem que se limitar a dois versículos básicos. O primeiro versículo: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o Senhor pede de ti: que pratique a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com teu Deus” Mq. 6: 8. Estes três itens podem ser considerados como um resumo do grande mandamento: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e, Amarás o teu próximo como a ti mesmo” Lc. 10: 27. Em primeiro lugar, humildade diante do Senhor significa: andar em plena sujeição à sua lei. Demonstramos o nosso amor ao Senhor através da nossa obediência à sua vontade. Adão se exaltou diante do Senhor, desobedeceu-o e perdeu o seu lugar de honra perante o Senhor. Em segundo lugar, a nossa responsabilidade é praticar a justiça quando lidamos com os interesses do nosso próximo; usando a misericórdia nos casos de desentendimentos. O segundo versículo: “Rogo-vos, pois, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” Rm. 12: 1-2. A plena compreensão do lugar da misericórdia de Deus em nossa vida deve nos conduzir a praticar os primeiros princípios de uma santidade particular, isto é, uma consagração voluntária da nossa vida ao Senhor para podermos oferecer a Ele um culto racional; um afastamento dos moldes deste século para que sejamos livres para ter uma mente renovada e moldada pelo poder do Espírito Santo, que usa e aplica o ensino das Escrituras Sagradas à nossa vida. Desta maneira, experimentaremos “qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.
b)     Como este conhecimento da vontade de Deus deve ser utilizado. A orientação do Apóstolo é esta: “Em toda a sabedoria e entendimento espiritual”. Sabedoria é saber como usar o nosso conhecimento da vontade de Deus para a satisfação e a edificação da nossa vida espiritual. Assim, saberemos desmascarar os hereges e repudiar as suas doutrinas perniciosas. Inseparavelmente ligada à necessidade desta sabedoria está o “entendimento espiritual”. Entendimento espiritual significa: a compreensão, aceitação, e o recebimento de tudo, o que Cristo fez quando deu a sua vida em resgate por muitos. Entendemos e cremos que não há nenhuma necessidade para acrescentar à perfeição e à suficiência do sacrifício de Jesus Cristo. Aquele que pratica certas obras a fim de merecer a salvação, está desprezando a gratuidade da graça de Deus, e praticando o pecado de “profanar o sangue da aliança” e ultrajar “o Espírito da graça” Hb. 10: 29. (Os hereges em Colossos negavam a suficiência de Cristo para salvar pecadores). Salvação é recebida gratuitamente pela fé na suficiência do preço que Cristo pagou quando morreu pelos nossos pecados. Deus não é injusto e não cobra duas vezes o preço da nossa salvação. “Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim como dívida. Mas, ao que não trabalha, porém, crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé é lhe atribuída como justiça” Rm. 4: 4-5.
2-     O Apóstolo Pediu Constância Espiritual, Vs.10-11. Nestes versículos, o Apóstolo apresenta os motivos desta oração: “A fim de viverdes de modo digno do Senhor”. Esta é outra maneira de dizermos que devemos viver de acordo com o conhecimento que temos da vontade de Deus. Relembramos o aspecto de vivermos humildemente diante do Senhor; e, praticando a justiça e a misericórdia para com o nosso próximo. Estas atitudes são a vontade de Deus. Viver “de modo digno do Senhor” requer uma constância de nossa parte, com os mesmos princípios de santidade se manifestando ininterruptamente. O Apóstolo menciona quatro áreas específicas onde esta constância e perseverança devem existir:
a)     “Para o inteiro agrado do Senhor”. É uma outra referência para viver de acordo com a “vontade do Senhor”. Devemos imitar “o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus” Fl. 2: 5. “Então, eu disse: eis aqui estou,... agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração, está a tua lei” Sl. 40: 7-8. Notemos que este anseio para agradar a Deus era algo que emanava das profundezas de seu coração, e não uma mera formalidade sem qualquer envolvimento emotivo. Por isso, o Salmista exprimiu: “As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, Senhor, rocha minha e redentor meu!” Sl. 19: 14. O Senhor tem um interesse especial em nós quando as palavras da nossa boca e o meditar (as palavras silenciosas) do nosso coração têm o propósito de agradá-lo.
b)     “Frutificando em toda boa obra”. Boas obras são os nossos atos de obediência às leis prescritas de Deus. Glorificamos a Deus através de nosso atos de obediência. O Ap. Pedro nos desafia, dizendo: “Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” 1Pe. 1: 14-16. “Frutificando em toda boa obra” tem o pensamento de progresso para ficar cada vez melhor. Como o Ap. Paulo confessou: “Não que eu tenha já recebido ou já tenha obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus” Fl. 3: 12. Ou seja, quero ficar mais e mais à imagem de Jesus Cristo, Rm. 8: 29.
c)     “Crescendo no pleno conhecimento de Deus”. Não podemos nunca dizer: Basta, já cheguei; já tenho o suficiente para ser salvo. O Ap. Pedro entendeu a necessidade de adquirir mais conhecimento da natureza de Deus, exortando: “Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” 2 Pe. 3: 18. As riquezas da vontade de Deus são insondáveis, por isso, revelamos a sinceridade do nosso interesse espiritual quando nos esforçamos para crescer no conhecimento.
d)     “Sendo fortalecidos com todo poder, segundo a força da sua glória; em toda a perseverança e longanimidade”. A dádiva de sermos “fortalecidos” é uma experiência necessária e contínua a fim de termos a constância para permanecermos fiéis ao Senhor no meio das adversidades da vida. Os Colossenses, que foram assediados por falsos mestres, necessitavam da intervenção do poder de Deus, a fim de resistirem este assédio e permanecerem fiéis a Jesus Cristo, que os amou, dando a sua própria vida para que pudessem descansar na gratuidade da graça de Deus em Cristo Jesus. “Nós vos exortamos a que não demovais da vossa mente, com facilidade”, a sua confiança em Cristo para salvar, totalmente, pecadores, 2 Ts. 2: 2. “Sede fortalecidos no Senhor e na força de seu poder” Ef. 6: 10.
3-     O Apóstolo Pediu Contentamento Espiritual, Vs. 12-14. O Apóstolo dá muita ênfase à necessidade de caracterizar a nossa espiritualidade com atitudes de contentamento, sempre “dando graças ao Pai”. O Ap. Paulo confessou: “Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação” Fl. 4: 11. Em nosso texto, o contentamento se refere, especificamente, à “herança dos santos na luz”, que é a salvação da nossa vida e a esperança de “habitar na Casa do Senhor para todo sempre” Sl. 23: 6. Assim, o Apóstolo passa a descrever como esta salvação começou em nossa vida.
a)     “Ele nos libertou do império das trevas”. Devemos reconhecer a miséria de todos aqueles que estão vivendo como prisioneiros no império das trevas. São “estranhos às alianças da promessa (da vida de um Salvador que iria libertá-los das trevas), não tendo esperança e sem Deus no mundo” Ef. 2: 12. Cristo, como aquele que é poderoso para libertar os cativos, entrou na sua prisão, quebrou as algemas, tomou-os pela mão e os conduziu para a liberdade. Agora, protegidos por Cristo, o império das trevas perdeu o seu domínio sobre eles.
b)     “Ele nos transportou para o reino do Filho de seu amor”. Não fomos tirados do reino das trevas e abandonados sozinhos, antes, a libertação nos garantiu uma segurança; fomos transportados para o império de Jesus Cristo, onde desfrutamos das bem-aventuranças dos filhos de Deus.
c)     Em Cristo, “temos a redenção”. Esta liberdade que agora temos, foi adquirida através do processo de um resgate, isto é, mediante ao pagamento do valor estipulado. “Sabendo que, não foi mediante cousas corruptíveis, como prata e ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que os vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo” 1  Pe. 1: 18-19.
d)     “Nele temos a remissão dos pecados”. Estávamos no “reino das trevas”, porque aquele é o lugar dos pecadores que ainda não são redimidos; mas, agora, pela soberania de Deus, estamos no reino de Cristo, porque fomos redimidos e todos os nossos pecados foram perdoados. O que acontece com os pecados que são perdoados? São lançados “nas profundezas do mar” Mq. 7:19. Eis a palavra do Senhor: “Eu, eu mesmo sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não me lembro” Is. 43: 25. “Se , pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” Jo. 8: 36. Livres das consequências judiciais de nossos pecados; e livres para entrar, “confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” Hb. 4: 16.
Conclusão: Na medida do possível, devemos orar em favor da espiritualidade das nossas Igrejas. Há sempre uma necessidade para crescer no conhecimento da vontade de Deus. Por causa dos perigos espirituais, as Igrejas precisam desenvolver uma constância em suas convicções acerca da suficiência da obra redentora de Cristo, a fim de vencerem o assédio pernicioso dos falsos mestres. E, nestes dias de tantas inquietações, devemos cultivar um contentamento espiritual, descansando na suficiência do sacrifício de Cristo para garantir a nossa salvação. Não sejamos remissos quanto ao dever de dar “graças ao Pai” por todos os benefícios espirituais à nossa disposição.