Leitura
Bíblica: 1Pedro 1:17-21.
Introdução:
“O salário do pecado é a morte”. No momento em que o pecado entrou na vida do
homem, ele instantaneamente perdeu todas as evidências de uma vida espiritual
diante de Deus, o seu Criador. Em palavras bíblicas, estamos “mortos nos nossos
delitos e pecados” (Ef. 2:1). E, para demonstrar a natureza imediata dessa
morte espiritual de Adão e Eva, o Senhor Deus os “lançou fora do jardim do
Éden”, ou seja, da sua presença, (Gn 3:23).O profeta descreve a realidade desse
ato, dizendo: “Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso
Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça”
(Is. 59:2).
Mas,
antes de expulsar Adão e Eva, o Senhor lhes deu duas promessas preciosas para
alimentar as suas esperanças de uma redenção. A primeira se refere a Um que
feriria a cabeça de Satanás; que resolveria o problema do pecado, (Gn. 3:15). A
segunda foi uma alusão à maneira como o pecado seria encoberto, seria mediante
uma morte substitutiva, (Gn. 3:2). Portanto, cremos que, desde o primeiro
pecado, houve o derramamento de sangue inocente, a fim de encobrir o pecado do
homem. No início, como uma forma de instrução, o sangue de animais escolhidos
foi usado; porém, “é impossível que o sangue de touros e de bodes remova
pecado” (Hb. 10:4). O povo tinha que aguardar o derramamento de um sangue
superior, o sangue do Filho de Deus, Jesus Cristo, (Hb. 10:12). Vamos
contemplar e valorizar o sangue precioso de Jesus Cristo.
1.
A Proeminência do Sangue. Queremos salientar o valor inestimável do sangue
de Jesus Cristo. O valor excede qualquer objeto material deste mundo. Prata e
ouro não têm valor nenhum, no sentido de que, por eles, o homem não pode
adquirir o perdão de seus pecados. Por quê? “Ao irmão, verdadeiramente, ninguém
o pode remir, nem pagar por ele a Deus o seu resgate, pois a redenção da alma
deles é caríssima”, um preço fora de qualquer possibilidade humana, (Sl.
49:7-8). Então, como pode o pecador ser perdoado? Há uma única resposta: Sangue
tem que ser derramado; e não qualquer sangue: tem que ser o sangue que Deus
providencia. Não pode ser o sangue de animais, “porque é impossível que o
sangue de touros e de bodes remova pecado” (Hb. 10:4). Tem que ser sangue humano.
Por quê? Porque foi o homem que pecou, portanto, é o homem que tem que sofrer o
castigo da sua desobediência. Mas, onde está o homem que pode suportar esse
castigo e vencer? Pois o salário do pecado é a morte, separação de Deus. Nesse
contexto, a fim de resolver esse impasse, Deus deu o seu próprio Filho que se
fez homem, “nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam
sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gl. 4:4-5). Cristo é
a providência de Deus para nós, os pecadores. Falando de Cristo, a Bíblia
explica: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que,
nele, fôssemos feitos justiça de Deus”. (2Co. 5:21). O sangue escolhido por
Deus, o do seu próprio Filho imaculado, é tão importante, porque sem o
derramamento deste, não há como receber o perdão, (Hb. 10:22).
Em
outras religiões, o sangue tem seu lugar, mas por ser um sangue estranho e não
indicado por Deus, não tem nenhum valor para remover pecados. Temos que confiar
no que Deus providenciou, aquele de seu Filho, Jesus Cristo. O Ap. Pedro falou:
“do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram”. Uma dessas
futilidades é a celebração da Missa na Igreja Católica Romana, que é um
sacrifício incruento (sem o derramamento de sangue), praticado a fim de perdoar
os pecados dos penitentes. Qual o problema nesse ato? De necessidade, está
anulando o que Cristo sofreu na cruz do Calvário, e desprezando o ensino
definitivo das Escrituras Sagradas, que exaltam a suficiência do sacrifício de
Jesus Cristo. “Porque com uma única oferta (Jesus Cristo) aperfeiçoou para
sempre quantos estão sendo santificados” (Hb. 10:14). Não devemos confiar no
“fútil procedimento que nossos pais nos legaram”, antes, temos que ouvir a voz de Deus que fala a nós através
das Escrituras Sagradas. Somos encorajados: “Tendo, pois, irmãos, intrepidez
para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho
que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb. 10:19-20). A nossa
confiança espiritual tem que ser
alicerçada na autoridade infalível do que a Bíblia diz: “Se alguém fala,
fale de acordo com os oráculos de Deus” (1Pe. 4:11).
Mas,
por que tanta ênfase sobre a necessidade de sangue derramado? “Porque a vida da
carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar para fazer expiação
pela vossa alma, porquanto é o sangue que
fará expiação em virtude da vida” (Lv. 17:11). No Antigo Testamento, o
Dia da Expiação consistia no derramamento do sangue de um animal, a fim de que,
cerimonialmente, pudesse remover os pecados dos adoradores e purificá-los, (Lv.
16:30). Agora, no Novo Testamento, Cristo fez uma expiação verdadeira e eficaz:
“Não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue,
entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção”
(Hb. 9:11). Ele removeu os nossos pecados e nos concedeu uma verdadeira
purificação. “O sangue de Jesus, o Filho de Deus, nos purifica de todo pecado”
(1Jo. 1:7). Devemos lembrar: Deus deu o sangue de seu Filho para expiar os
nossos pecados. Se não aceitamos esse meio, não resta nenhum outro recurso pelo
qual podemos ser perdoados. Portanto, vamos dar o devido valor ao sangue
precioso de Jesus Cristo.
2.
A Proveniência do Sangue: Queremos salientar a Pessoa que nos amou e deu o
seu sangue, a fim de libertar-nos do nosso pecado, (Ap.1:5). A iniciativa da
nossa redenção foi da Divindade: do Pai, do Filho e do Espírito Santo, cada um
agindo de acordo com a sua atribuição específica. É importante reconhecer a interação
das três Pessoas da Divindade na vida da Igreja. “O Pai ama o Filho, e todas as
coisas têm confiado às suas mãos” (Jo.3:35). E lhe deu um povo para que este
fosse salvo por Ele. Com essa responsabilidade, Cristo prometeu: “Todo aquele
que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei
fora” (Jo. 6:30). Ele ama esse povo, por isso, deu a sua vida. Assim, em
Cristo, “temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a
riqueza da sua graça” (Ef. 1:7). Foi o
Espírito Santo que deu forças a Cristo para “a si mesmo se oferecer sem mácula
a Deus” (Hb. 9:14). E, para nós, os
redimidos, o Espírito Santo foi enviado para nos ensinar todas as verdades
referentes ao ensino de Jesus Cristo (Jo. 14:26).
Quando
Adão e Eva pecaram, foi Deus que tomou a iniciativa de cobrir a nudez deles.
Como? Embora a Bíblia não nos ofereça detalhes específicos, é evidente que o
sangue de um animal foi derramado, porque a Bíblia afirma: “Fez o Senhor Deus
vestimentas de peles para Adão e a sua mulher e os vestiu” (Gn. 3:21). E, para
a nossa salvação, novamente, foi Deus o Pai que tomou a iniciativa: “Nisto
consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou
e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1Jo. 4:10). A
palavra “propiciação” significa “encobrir o pecado”. Quando Deus encobriu a
nudez de Adão e Eva com a pele de um
animal sacrificado, Ele estava ensinando, profeticamente, como Ele iria
encobrir o pecado de seu povo. Seria mediante a morte substitutiva de seu
próprio Filho, Jesus Cristo. “Ele é a propiciação pelos nossos pecados” (1Jo.
2:2). É Ele que encobre os nossos pecados para que, no Dia do Juízo, eles não
estejam evidentes. Por isso, protegidos por Jesus Cristo, o Juiz pode nos
declarar inocentes e justificados. Novamente, é Deus que agiu em nosso favor:
“Eu, eu mesmo (o Senhor), sou o que apago as vossas transgressões por amor de
mim e dos teus pecados não me lembro” (Is. 43:25). Somos totalmente dependentes
das virtudes de Jesus Cristo para alcançar o perdão dos pecados e a vida
eterna. Nesse contexto, somos exortados: “Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e
nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências” (Rm. 13:14). O
grande anseio do Ap. Paulo foi “ser achado em Cristo (vestido dele), não tendo
justiça própria” (não tendo nenhum mérito pessoal), antes, totalmente vestido e
coberto por seu Salvador, o seu Propiciador, (Fp. 3:9).
Por
que a exclusividade de Cristo para nos salvar? Por sermos pecadores e endividados
por causa dos nossos pecados, nós mesmos não podemos pagar, por esforços próprios,
essa dívida, e muito menos a dívida de outros. Somos dependentes de um
Resgatador que não tem nenhuma dívida diante da santa lei de Deus. E existe um
só que não pecou, Jesus Cristo, “o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se
achou em sua boca” (1Pe. 2:22). Como no Antigo Testamento, o cordeiro a ser
sacrificado tinha que ser “sem defeito”, simbolizando a Pessoa de Jesus Cristo,
o “Cordeiro de Deus”, que “nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como
oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave” (Ef. 5:2). O Ap. Pedro, usando o
simbolismo do Antigo Testamento, ensina que fomos resgatados “pelo precioso
sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo”.
Exaltamos a Cristo, cantando: “O sangue precioso de Cristo tem valor: das penas
da justiça, liberta o pecador” (HCN,50).
3.
A Proficiência do Sangue. Queremos salientar a suficiência do sangue de
Cristo para nos abençoar “com toda sorte de benção espiritual nas regiões
celestiais” (Ef. 1:3). O Apóstolo destaca cinco destas bênçãos que recebemos
por meio de Jesus Cristo:
1) O
valor do sangue de Cristo foi reconhecido desde a eternidade. “Conhecido, com
efeito, antes da fundação do mundo”. Conhecido, porque, no conselho da
Divindade, o derramamento do sangue de Cristo foi parte do plano para redimir o
homem pecador. Essa verdade foi parcialmente revelada, simbolicamente, mediante
o sofrimento e sacrifício de animais inocentes. Quando a Bíblia fala sobre o sofrimento
e morte de Cristo, ela está se referindo aos sacrifícios do Antigo Testamento.
Por isso, o Ap. Pedro podia acusar as autoridades judaicas: “Vós matastes o
autor da vida (...) mas Deus, assim, cumpriu o que dantes anunciara por boca de
todos os profetas; que o seu Cristo havia de padecer” (At. 3:15,18). Contudo, a
plenitude dessa verdade ficou entendida somente depois da vinda, morte e ressurreição de Jesus
Cristo: “manifestado no fim dos tempos, por amor de vós”. Assim, entendemos que
os fiéis do Antigo Testamento foram salvos pelo mesmo recurso de nós: fé na
morte substitutiva de Jesus Cristo. Eles, pela fé, olharam para o futuro
cumprimento das promessas proféticas; enquanto que, nós, pela fé, olhamos para a
obra consumada de Jesus Cristo, que “morreu pelos nossos pecados” (1Co. 15:3).
2) Cristo
é a manifestação do amor de Deus para conosco. Notemos a importância do sangue, e, como, por meio deste, a porta
se abriu, dando aos pecadores acesso à presença de Deus. “Mas, agora, em Cristo
Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo”
(Ef. 2:13).
3) Por
meio de Cristo, temos fé em Deus. O pecador não conhece a Pessoa de Deus; “não
há quem entenda, não há quem busque a Deus” (Rm. 3:11). Se não fosse a obra
reveladora de Cristo, o pecado teria permanecido “sem esperança e sem Deus no
mundo” (Ef. 2:12). Mas tudo mudou com a encarnação de Cristo. “Ninguém jamais
viu a Deus; o Deus unigênito que está no seio do Pai, é quem o revelou” (Jo.
1:18). “Havendo Cristo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele,
reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus”
(Cl. 1:20). Agora, podemos ter fé em Deus e lançar mão sobre as suas preciosas
e mui grandes promessas, porque Cristo as revelou.
4) O
sangue derramado e a ressurreição de Cristo são duas realidades inseparáveis.
Somos aperfeiçoados mediante o sangue derramado e a ressurreição de Jesus
Cristo, (Hb. 13:20). O texto lido diz que Deus o Pai lhe deu glória: o
privilégio de assentar-se à direita da Majestade nas alturas, (Hb.1:3) Essa
posição é de vitória. O que Cristo fez para redimir e salvar pecadores foi
reconhecido como suficiente para satisfazer todas as exigências da santa lei de
Deus. A glória de Cristo é a alegria para declarar diante das milícias
celestiais: “Eis aqui estou eu e os filhos que Deus me deu” (Hb. 2:13). Sim,
Cristo “pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre
para interceder por eles” (Hb.7:25).
5) Por
causa da vitória de Cristo sobre o pecado, e pelo fato de ela ter sido
reconhecida pela “Majestade, nas alturas”, temos base suficiente para depositar
a nossa “fé e confiança” nas providências de Deus para a nossa salvação. “A
ele, pois, a glória eternamente” (Rm. 11:36).
Conclusão:
O Ap. Pedro dava muito valor ao sangue de Jesus Cristo e nós também temos que
aprender a valorizar a unicidade desse sangue. O Ap. Paulo nos faz lembrar
dessa necessidade: “Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a
Deus no vosso corpo e no vosso espírito (a nossa vida interior) os quais
pertencem a Deus” (1Co. 6:20). Tudo o que temos em termos de valores
espirituais, é fruto imediato do sangue derramado por Jesus Cristo. Um hino que
cantamos, registra: “Cantarei a Cristo! Por nós morreu na cruz! Aos pobres
pecadores, quem salva é só Jesus – Cantarei a Cristo! Por nós cumpriu a lei!
Seu manto de justiça, alegre, vestirei – O sangue precioso de Cristo tem valor:
Das penas da justiça, liberta o pecador!” (HNC. 50).
No
decorrer da mensagem, salientamos o valor inestimável do sangue de Jesus
Cristo; salientamos a Pessoa que nos amou, o Filho de Deus; e salientamos a
suficiência desse sangue que adquiriu por nós, o seu povo, toda sorte de bençãos
espirituais nas regiões celestiais. A conclusão de tudo isso é resumida na
exortação do Ap. Paulo: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus,
que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus,
que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas
transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja
a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm.12:1-2).
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