Leitura Bíblica: Romanos 5:1-2.
Introdução: A paz é o estado mais desejado pelo
ser humano; contudo, apesar de todos os apelos e propostas dos homens, a paz
continua sendo um estado fugitivo. Existem dois tipos de paz: a que o mundo
oferece e a que Cristo promete dar a seu povo. Eis a palavra que Cristo nos
deu: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou com a dá o mundo. Não
se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo. 14:27). A paz que o mundo
oferece é transitória e enganadora; pensamos que temos uma certa paz, porém,
com uma mudança negativa em nossas circunstâncias, ela foge, deixando-nos
vazios e desesperados. Ficamos enganados por causa de uma impressão imaginária.
E como dói quando descobrimos o engano. Mas, como é diferente a paz que Cristo
nos dá; ela não é como a do mundo; é um estado de tranquilidade que emana da
consciência de que os nossos pecados são perdoados. É uma paz que não depende de
circunstâncias favoráveis. Eis a promessa dada para nos encorajar: “O Senhor dá
força ao seu povo, o Senhor abençoa com paz o seu povo” (Sl. 29:1). Portanto, a
paz é um estado de favor diante de Deus, pois os nossos pecados foram lançados
“nas profundezas do mar” (Mq. 7:19). Agora, somos reconhecidos como “filhos da
obediência” (1Pe. 1:14). O versículo chave da nossa mensagem explica melhor
como recebemos esta paz: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus
por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm. 5:1).
1. O Acontecimento desta Paz.
“Temos paz com Deus”. Nunca devemos esquecer que somos pecadores e, por causa
dos nossos pecados, existe uma barreira de inimizade entre nós e o nosso Deus
santo. Essa inimizade impossibilita qualquer paz ou comunhão espiritual entre
Deus e o pecador. E, para facultar uma paz entre os dois, uma reconciliação tem
que ser realizada, isto é, a causa da inimizade tem que ser removida.
Novamente, temos que reconhecer a soberania de Deus. Não foi o homem que
procurou uma reconciliação, antes, por amor a seu povo, o próprio Deus
providenciou os meios para realizar a necessária harmonização. Como a Bíblia
ensina: “Ora, tudo provém de Deus que nos reconciliou consigo mesmo por meio de
Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em
Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas
transgressões e nos confiou a palavra da reconciliação” (2Co. 5:18-19).
Vamos aprender como Deus removeu
esta barreira de inimizade. A causa da hostilidade são as “transgressões” dos
homens. Portanto, Deus tinha que providenciar um meio para remover essas
transgressões. Mas, como? “Não imputando aos homens as suas transgressões”, antes,
foram tiradas do pecador e colocadas sobre o seu próprio Filho, Jesus Cristo,
“carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados” (1Pe.
2:24). Como a profecia predisse: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas;
cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele (Jesus Cristo)
a iniquidade de nós todos” (Is. 53:6). Dessa maneira, “Deus estava em Cristo reconciliando
consigo o mundo”. Mas, vamos sentir algo sobre o preço que Cristo pagou:
“Aquele que não conheceu pecado, ele (Deus Pai) o fez pecado por nós, para que,
nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co. 5:21). Por amor a nós, Cristo foi
castigado como se fosse Ele o pecador. “O castigo que nos traz a paz estava
sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is. 53:5 ). Agora, sendo
reconciliados e perdoados, tendo a paz de Deus em nosso coração, damos toda a
glória a Deus, com gratidão por Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador.
2.O Argumento da Paz.
“Justificados”. Na Bíblia, essa palavra é usada no tribunal de Deus. O pecador
é julgado segundo “o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo”, para
depois ser declarado: ou culpado e condenado; ou inocente e justificado, de
acordo com a lei divina. Não há como escapar. Para sermos justificados, temos
que ter uma página em branco diante dessa lei. Mas, por natureza, ninguém tem a
devida inocência. A Bíblia condena a todos, “pois já temos demonstrado que
todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado; como está escrito: “Não
há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos
se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um
sequer. A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano, veneno
de víbora está nos seus lábios, a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura;
são os seus pés velozes para derramar sangue, nos seus caminhos, há destruição
e miséria; desconheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus
olhos” (Rm. 3:9-18). Como o profeta acrescentou: “Para os perversos, todavia,
não há paz, diz o Senhor” (Is. 48:22). O seu pecado é a causa dessa desarmonia,
a qual se manifesta através de uma agressividade contra o seu próximo.
Mas, apesar desse quadro
negativo, Deus continua desejando salvar e santificar o pecador. A pergunta se
levanta: Como pode Deus ser justo e, ao mesmo tempo, ser o justificador do
ímpio? Exigir uma obediência perfeita à lei é uma futilidade: “Visto que
ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei
vem o pleno conhecimento do pecado” (Rm. 3:20). Em vez de salvar, a lei somente
intensifica a culpabilidade do pecador e confirma a sua condenação. Contudo,
eis a resposta de Deus: “Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus
testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus
Cristo” (Rm. 3:21-22). Somos justificados gratuitamente, por sua graça, mediante
a redenção que há em Cristo Jesus. Ele resolveu definitivamente o problema do
nosso pecado. Ele é a nossa paz, (Ef. 2:4). Por Ele somos justificados. E o
profeta descreveu o fruto desta dádiva: “O efeito da justiça será paz, e o
fruto da justiça, repouso e segurança para sempre” (Is. 32:17). Novamente,
reiteramos o versículo do nosso texto: “Justificados, pois, mediante a fé,
temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo”. Vamos valorizar a
letra do hino: “Cantarei a Cristo! Por nós cumpriu a lei! Seu manto de justiça,
alegre, vestirei”. (HNC 50).
3. O Alicerce desta Paz.
Temos esta paz com Deus “por meio do nosso Senhor Jesus Cristo”. Ele é a nossa “âncora
da alma, seguro e firme e que penetra além do véu, onde Jesus entrou por nós,
tendo-se tornado sumo-sacerdote para sempre” (Hb.6:19-20).
Por sermos pecadores e totalmente
inabilitados a cuidar da nossa vida espiritual, somos completamente dependentes
da mediação de um outro que tem a autoridade e o poder para nos salvar. E este
é Jesus Cristo. Tudo o que temos e precisamos vem a nós “por meio de nosso
Senhor Jesus Cristo”. Como Ele mesmo disse: “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo.
15:5). Por isso, cheio de compreensão, Ele nos convida: “Vinde a mim, todos os
que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o
meu jogo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis
descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave e meu fardo é leve” (Mt.
11:28-30). Feliz a pessoa que sente uma necessidade espiritual e toma posse
dessa promessa, aproximando-se, pela fé, daquele que o convida.
A mediação de Jesus Cristo é uma
das verdades fundamentais da fé cristã. Veja como Efésios 1:3-14 apresenta essa
verdade: Quando Deus o Pai age em nosso favor, é sempre e unicamente “em
Cristo” (V3). Fomos escolhidos “nele” para viver uma vida santa e
irrepreensível, (V4). Fomos adotados como filhos de Deus, “por meio de Jesus
Cristo”, (V5). Nele, “temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos
pecados, segundo a riqueza da sua graça” (V7). E os que esperam em Cristo,
foram “selados com o Santo Espírito da promessa” (Vs12-14). Sempre enfatizamos
que o acesso que temos ao trono da graça é, exclusivamente, pela fé, em plena
submissão à eficácia da mediação de Jesus Cristo. “Acheguemo-nos, portanto,
confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e
acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hb. 4:14-16).
E, para que o homem pudesse ser
justificado e tivesse paz com Deus, Cristo tinha que realizar três atos
indispensáveis em nosso favor: 1) Ele assumiu o lugar judicial de seu povo,
como seu fiador e substituto, tomando sobre si mesmo tudo o que esse povo devia
à lei de Deus. “Ele derramou a sua alma na morte; foi contado com os
transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos
transgressores intercedeu” (Is. 53:12). Por causa disso, o verdadeiro cristão é
um homem justificado, porque ele crê na fidelidade de seu Substituto. 2) Ele
pagou a dívida que pairava sobre o cristão, liquidou tudo, até o último
centavo; não com ouro ou prata, mas, sim, com o seu próprio sangue, (1Pe.
1:18-19). 3) Ele cumpriu todas as exigências da lei, para que o cristão, aquele
que entregou sua vida aos cuidados de seu Salvador, pudesse ser justificado e
desfrutasse das bem-aventuranças de paz com Deus. Graças a Deus, “porque o fim
da lei é Cristo para justiça de todo o que crê” (Rm. 10:4). A lei não salva
ninguém, antes, a sua missão é conduzir-nos a Jesus Cristo, para que nele
sejamos recebidos por Deus (Gl. 3:24).
4. O Aceitamento da Paz.
“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus”. Primeiro, temos que
definir a palavra “fé”. A Bíblia diz: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus,
porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe
e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hb. 11:6). Portanto, o primeiro
ponto para definir a fé é crer que Deus realmente existe e que Ele se revela
aos que o buscam. Ele não é um Ser abstrato, antes, Ele é vivo e cheio de atributos atuantes. Num
momento de auto-revelação, ele clamou: “Senhor, Senhor Deus compassivo,
clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade; que guarda a
misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniquidade, a transgressão e o
pecado, ainda que não inocenta o culpado e visita a iniquidade dos pais nos
filhos e nos filhos dos filhos, até a terceira e quarta geração” (Ex. 34:6-7).
Crer em Deus significa que cremos que Ele é misericordioso, fiel à sua palavra,
perdoador e justo; e que Ele se comunica com a humanidade. Em nossos dias, essa
comunicação vem a nós de uma forma inalterável nas Escrituras Sagradas.
Como podemos exercer a nossa fé?
É crer, genuinamente, nas evidências que Ele mesmo nos deu através de suas
obras na criação, (Sl.19:1). É usar a nossa inteligência, é desprender-se de
qualquer dúvida, é crer que Deus usa seus atributos em favor de seu povo, pois
Ele é galardoador dos que o buscam. Por ser um Deus que fala conosco através
das Sagradas Escrituras, temos que acreditar e obedecer tudo o que Ele fala
para o nosso bem. Em Hebreus onze, temos diversos exemplos de como os antigos
usaram a sua fé. Tomamos o modelo de Abraão. Deus lhe deu uma promessa, e
também os meios que deveriam ser praticados, a fim de tomar posse da herança. Ele
teria que deixar o país onde nasceu e viver em plena dependência da direção de
Deus. “Pela fé, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que deveria
receber por herança; e partiu sem saber aonde ia” (Hb. 11:8). Vamos observar os
seus passos no exercício da sua fé: ouviu a ordem, acreditou no que Deus lhe
disse, e obedeceu às direções a fim de receber a promessa. E ele não ficou
decepcionado: recebeu a promessa. Em todos os exemplos de como os homens
exerceram a sua fé, os passos básicos são os mesmos: ouviram a palavra de Deus,
acreditaram nos termos propostos e agiram pela fé, a fim de receber a prometida
benção. E, para receber a salvação da nossa vida, os passos são os mesmos. Veja
como o Apóstolo ratificou o que estamos dizendo: “Depois que ouvistes a palavra
da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes
selados com o Santo Espírito da promessa, o qual é o penhor da nossa herança,
até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória” (Ef. 1:13-14).
Temos que acreditar na mediação de Cristo, lembrando que “o Pai ama o Filho, e
todas as coisas tem confiado às suas mãos” (Jo. 3:35). Cristo é o administrador
das bênçãos de seu Pai; e é da sua mão que recebemos toda sorte de benção
espiritual nas regiões celestiais, (Ef. 1:3). Nesse contexto, o Ap. Paulo podia
escrever: “Justificados, pois, mediante a fé (na obra redentora do Filho de
Deus) temos paz com Deus por meio do nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio
de quem obtivemos acesso, pela fé, a esta graça, na qual estamos firmes” (Rm.
5:1-2). Agora, vamos ouvir a palavra convidativa do nosso Senhor e Salvador:
“Até agora nada tendes pedido em meu nome, pedi e recebereis, para que a vossa
alegria seja completa” (Jo. 16:24).
Conclusão: Temos falado
sobre a paz. Apesar de não ser uma experiência universal, é evidente que
algumas pessoas podem testemunhar: “Temos paz com Deus”. Por que elas têm essa
convicção? Porque são justificadas na presença de Deus. Por que elas podem
falar dessa maneira? Porque crêem no que a Bíblia ensina sobre a obra redentora
de Jesus Cristo, o qual justifica aquele que crê. “Cristo nos amou e se
entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave”
(Ef. 5:2). Justificação é sempre mediante a fé, uma confiança completa na
suficiência da morte substitutiva do Filho de Deus. E a evidência da veracidade
da nossa fé será paz com Deus; paz em nossa consciência, sabendo que o “sangue
de Jesus o Filho de Deus, nos purifica de todo pecado” (1Jo. 1:7). Uma única
pergunta resta para nós: Temos esta paz? Estamos preparados para comparecer
perante o tribunal de Deus para darmos contas de nós mesmos ao nosso Juiz? (Rm.
14:10-12). Que estejamos preparados.
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