Vasos de Honra

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

VERDADES QUE PROMOVEM A PIEDADE


Rev. Ivan G. G. Ross

Leitura Bíblica: 1 Timóteo 3:16.

Introdução: A Igreja primitiva tinha o costume de formular frases curtas, a fim de facilitar a memorização de verdades importantes no desenvolvimento da piedade. No versículo da nossa leitura, temos seis dessas verdades. Existem outros exemplos desse costume nas Cartas Pastorais: Os cinco dizeres: “Fiel é esta palavra” (Tt. 3:4-8) etc. E, para nós, a memorização de versículos bíblicos tem o mesmo efeito. O Salmista praticava esse hábito tão edificante. “Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti” (Sl. 119:11).

Na parte introdutória do nosso versículo, precisamos explicar o sentido de duas palavras. A primeira é “mistério”. Um mistério é uma verdade cujo significado ficou oculto da maioria das pessoas, mas, em termos bíblicos, foi revelado em Cristo Jesus. As profecias acerca da sua obra redentora no Antigo Testamento foram mistérios; poucas pessoas descobriram o verdadeiro sentido deles; porém, com a encarnação do Filho de Deus e a sua morte vicária, essas verdades passaram a ser reveladas e devidamente compreendidas. A segunda palavra é “piedade”. No mistério da piedade, o pensamento é: Como podemos explicar esta mudança no procedimento daquele que era arrogante, mas, agora, anda no temor de Deus, com uma vida santa e irrepreensível? A resposta é: ele vive de acordo com as verdades que Deus tem nos revelados, tais como as seis do nosso versículo, e, outras semelhantes, que falam de Jesus Cristo e o que Ele fez por nós, os que cremos em seu nome. Vamos ao estudo dessas seis verdades.

1. “Aquele que foi manifestado na carne”, A frase se refere a Jesus Cristo. “E o Verbo (o Filho de Deus) se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo. 1:14). Por que Cristo se fez carne? Uma das respostas foi dada a José, seu pai adotivo: “E lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt. 1:21). Uma outra pergunta se faz necessária: Como é que Cristo conseguiria salvar o seu povo, visto que já foram condenados ao castigo eterno, por causa de suas transgressões da santa lei de Deus? Seria mediante o pagamento de um resgate. “Jesus Cristo, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: - testemunho que se deve prestar em tempos oportunos” (1Tm. 2:5). Vamos meditar sobre o valor desse resgate. “Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que os vossos pais vos legaram, mas, pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo” (1Pe. 1:18). Qual é o nosso dever à luz dessa verdade? Pela fé, cremos na suficiência  da morte de Cristo, “no qual temos a redenção, pelo sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef. 1:7).   

2. “Foi justificado em espírito”. (pelo Espírito, letra maiúscula). O Espírito Santo sempre acompanhou o ministério de Jesus Cristo. Ele foi ungido  pelo Espírito, autorizado e capacitado para exercer a vontade de seu Pai (Is. 11:2; Mt. 3:16; Jo. 6:38); guiado pelo Espírito, (Lc. 4:1); e, expulsou demônios pelo Espírito de Deus, (Mt. 12:28). Ele mesmo confessou: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação dos cativos e restauração da vista aos cegos, para por em liberdade os oprimidos e apregoar o ano aceitável do Senhor”. Com essa declaração, Ele fechou o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se. Qual foi a reação de seus ouvintes? “Todos na sinagoga tinham olhos fitos nele” (Lc. 4:18-20). Podemos sentir o impacto que o Espírito causou quando as Escrituras Sagradas foram lidas. Ele fez com que os olhos de seus ouvintes ficassem fixos em Jesus Cristo. Assim, Ele foi justificado pelo Espírito. Esse é o ministério do Espírito Santo, apontar as pessoas para Jesus Cristo, glorificando-o como o Salvador daqueles que nele crêem, (Jo. 16:14). Foi o Espírito Santo que anunciou a Divindade de Cristo, afirmando que Ele é o Filho de Deus, usando a sua ressurreição dentre os mortos para justificar a sua declaração, (Rm. 1:4). E, de suma importância, por que Cristo foi vitorioso em seu sofrimento vicário? Porque Ele foi fortalecido pelo Espírito eterno, (Hb. 9:14). Vamos sempre lembrar que o mesmo Espírito sempre auxilia o povo redimido a vencer todas as suas dificuldades, (Rm. 8:26); (Ef. 3:16). 

3. “Contemplado por anjos”. Os anjos são ministradores. Eles contemplaram o nascimento de Jesus Cristo e, por causa da ocasião, cantaram louvores a Deus, dizendo: “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem” (Lc. 2:13-14). Por que esse louvor? Eles ficaram maravilhados com a condescendência de Jesus Cristo, humilhando-se e pronto para servir a humanidade e dar a sua própria vida em resgate por muitos. “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm. 5:8). Os anjos não apenas contemplaram o Senhor Jesus, eles o ampararam em toda as fases de sua vida, desde o seu nascimento até a sua morte em favor de seu povo. Em seus primeiros anos de vida, os anjos acompanharam seus pais adotivos advertindo-os de perigos e guiando-os para os lugares mais seguros, (Mt. 2:13,19,20). Depois de quarenta dias em jejum, durante os quais Jesus foi tentado pelo diabo, Ele se sentiu enfraquecido e necessitado. Mas o tentador, tendo sido derrotado, deixou-o por um tempo, “e eis que vieram anjos e o serviram” (Mt. 4:11).

Agora, chegamos ao Getsêmani, e, Jesus, estando em agonia e enfraquecido pelos açoites que recebera, foi novamente contemplado em sua necessidade. “Então, lhe apareceu um anjo do céu que o confortava” (Lc. 22:43). Os anjos são “espíritos ministradores (seres invisíveis), enviados para serviço”, não apenas para cuidar de Jesus, mas, também, “a favor dos que hão de herdar a salvação” (Hb. 1:14). Deus tem muitas maneiras para proteger e amparar o seu povo, uma delas é através desses anjos ministradores. O Ap. Paulo experimentou esse encorajamento, (At. 27:23-24). Sim, somos guardados “como a menina dos olhos de Deus” (Sl.17:8).

4. “Pregando entre os gentios”. A Igreja primitiva sempre procurava obedecer à Grande Comissão: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc. 16:15). E, quando “levantou-se grande perseguição contra a Igreja em Jerusalém, muitos dos crentes foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria”. Por que esses perseguidos não ficaram entristecidos pela perda de suas propriedades? Porque eles tinham um interesse maior, o desejo de ver o nome de Jesus Cristo estabelecido em todas as partes do mundo. “Entrementes, os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra” (At. 8:1,4). Em seguida, a Bíblia relata alguns exemplos desse ministério espontâneo. Filipe, um dos diáconos escolhidos em Atos 6:5 (Filipe, um dos apóstolos, permaneceu em Jerusalém At. 8:1), “pregava a palavra”. A chave do seu estilo está nesta frase: “Começando por esta passagem, anunciou-lhe a Jesus”, (At. 8:35). Filipe sempre usava as Escrituras em suas exposições, porque ele sabia que a Palavra de Deus é a espada do Espírito para conduzir pecadores aos pés de Jesus Cristo (Ef. 6:17). Eis aqui qual deve ser a nossa disposição para  cumprir a grande comissão: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm. 2:15). É importante observar uma certa ênfase que a Igreja praticava: Ela deu muita atenção aos gentios. E, eles, sabendo dessa ênfase, “regozijavam-se e glorificavam a palavra do Senhor, e creram todos os que  haviam sido destinados para a vida eterna” (At. 13:48). Nós, que somos gentios, devemos ficar agradecidos a Deus, porque Ele não se esqueceu de tantas pessoas necessitadas.   

5. “Crido no mundo”.  Essa verdade é o resultado que  temos quando pregamos o evangelho com fidelidade.  Por isso, o Ap. Paulo encorajou os Coríntios, dizendo: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão” (1Co. 15:58). Um estudo fascinante é descobrir como a Igreja se levantou nos diversos países. Pensamos  no Brasil. Durante os seus  primeiros trezentos anos (1500 a 1700), era um país fechado para o evangelho bíblico, preso pelos erros de  uma religião composta de tradições humanas. Mas, no início do século dezenove, Deus, em sua sabedoria, deu uma ordem: Ide para o Brasil! E missionários começaram a chegar, pregando Cristo e este crucificado. Dois séculos mais tarde, qual é a situação evangélica no Brasil? Com a pregação do evangelho, milhares e milhares de homens, mulheres e crianças têm crido nesta boa nova. Muitos não estão mais conosco, porém, outros tantos continuam como testemunhas fiéis de Jesus Cristo. Todos estes que crêem estão desfrutando da redenção e do perdão de todos os seus pecados, (Ef. 1:7). Mas o trabalho ainda não terminou, portanto, vamos continuar com perseverança: “Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não” (2Tm. 4:2). Muitos podem ainda crer, porém, para que seja assim, têm que ouvir o evangelho. “E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (Rm. 10:17).

6. “Recebido na glória”. Essa frase subentende alguns eventos que já aconteceram. De fato, Cristo foi manifestado na carne. Ele veio para dar a sua vida em resgate por muitos. Assim, morreu, foi sepultado, mas, ao terceiro dia, ressurgiu dentre os mortos; e, cinqüenta dias mais tarde, subiu para os céus, onde foi recebido em glória, (Mc. 16:19). O Salmo 24 dramatiza, poeticamente, esse evento. O V.2 faz uma pergunta pertinente: “ Quem subirá ao monte do Senhor? Quem há de permanecer no seu  santo lugar?” Parece que o céu, onde o Criador habita, é tão inacessível aos homens da terra! Contudo, existe um homem, Jesus Cristo, que é inquestionavelmente digno. Ele esteve morto, mas eis que está vivo pelos séculos dos séculos, (Ap. 1:8). No Salmo, Jesus está subindo para o Santo Lugar. De repente, ouve-se a voz de um precursor, ordenando: “Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória”. Uma multidão de atendentes pergunta: “Quem é o Rei da Glória?”. O precursor responde: “ O Senhor, forte e poderoso, o Senhor, poderoso nas batalhas”. Na sua luta contra os seu adversários, o Senhor Jesus foi vencedor, porém, ainda retém as marcas da sua crucificação, (Jo. 20:27). O precursor revela uma certa impaciência com os atendentes, por isso, com urgência, repete a mesma ordem: “Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos”. Os atendentes, temerosos, perguntam novamente: “Quem é esse Rei da Glória?”. O precursor, surpreso com tantas hesitações, dá uma resposta que os  convence: “O Senhor dos Exércitos, ele é o Rei da Glória” (Vs 7-10). A Bíblia registra: “Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus” (Hb. 10:12).


Conclusão: Vamos repetir, em nosso coração, essas seis verdades que falam tão concisamente da história de Jesus Cristo, e o que Ele fez por nós, como se estivéssemos repetindo-as para alimentar os nossos motivos de gratidão por tudo o que Ele experimentou em favor da nossa salvação eterna.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

A PRUDÊNCIA CONTRA A IMPRUDÊNCIA


Rev. Ivan G. G. Ross

Leitura Bíblica:  Salmo 2:1-12

Introdução: Este Salmo nos mostra qual é a natureza da corrupção humana. O pecado é a transgressão da lei e uma rebelião contra o único legislador do universo, e contra as normas morais e espirituais que Ele prescreveu para toda a humanidade. Se o pecado fosse permitido a continuar impune, aniquilaria o domínio soberano de Deus e o destronizaria. Essa é a verdade a respeito de todos os pecados; e, especialmente, quanto à rejeição de Jesus Cristo. O clamor universal é este: “Não queremos que este (Jesus) reine sobre nós” (Lc. 19:1). Aqueles que recusam prestar obediência à Jesus Cristo estão negando a autoridade do próprio Deus que o enviou. Vamos examinar como este Salmo descreve as manifestações do pecado.

Este Salmo precioso tem uma seqüência de quatro pontos: A destemperança dos povos provoca em Deus uma desafronta; por isso, Ele fez uma declaração quanto aos seus propósitos diante da pecaminosidade humana. Por causa do prometido juízo, os povos são exortados a tomar uma decisão a respeito de Jesus Cristo e da necessidade de refugiar-se nele, a fim de serem salvos.

1. A Grande Destemperança, Vs. 1-3. O primeiro versículo faz uma pergunta séria: “Por que enfurecem os gentios e os povos imaginam coisas vãs?”. Qual é a razão dessa fúria e de tantos sonhos impossíveis? É o pecado que provoca essa grande destemperança. O diabo é “o pai da mentira” (Jo. 8:44). Ele incita os povos para acreditar que podem se rebelar contra a lei de Deus e vencer impunes. E, para promulgar essa mentira diabólica, ele reúne as lideranças a fim de dar uma aparência formal de autoridade a seus ditames. No mundo inteiro, são os governantes que, em vez de promoverem os interesses do reino de Deus, fazem de tudo, através de suas legislações liberais, para prejudicar e impedir a plena expressão do ministério da Igreja. O problema não é uma falta do conhecimento das leis de Deus, antes, é uma revolta contra essas leis. O grande anseio dessas lideranças é livrar-se  de Deus e de suas leis. O seu objetivo principal é resumido em sua própria declaração: “Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas” (V.3).

Mas, de uma maneira mais específica, estes “príncipes conspiram contra o Senhor e contra o seu Ungido”, Jesus Cristo, (V.2). Basta ler os Evangelhos para reconhecer a verdade dessa conspiração. Logo no início de seu ministério, Jesus sentiu a fúria deste ódio: “Os fariseus conspiravam contra ele sobre como lhe tirariam a vida” (Mt. 12:14). Até hoje, se falarmos de Jesus como o melhor amigo, ninguém faz objeção séria, porém, se falarmos sobre o seu direito soberano de reinar sobre a nossa vida, provocaremos uma onda de resistências e até perseguições. Os povos não querem que Cristo reine sobre as suas vidas e sobre os seus interesses pessoas. Qual é a atitude de Deus diante dessa insurreição?  Vemos...

2. A Grande Desafronta, Vs. 4-6. Deus sente uma forte indignação. Qual é a primeira manifestação desta desafronta? “Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles” (V4). O riso de Deus, nesse contexto, deve ser um som extremamente terrificante, porque, na verdade, Ele está zombando da loucura dessa rebelião. Como um homem, feito do pó da terra, pode prevalecer contra o Deus Todo-Poderoso? Quem pode suportar as zombarias de Deus e suas manifestações de ira? A luta entre os dois contendores é totalmente desigual. Mesmo em nossos dias, a ira de Deus contra os ímpios se manifesta através de circunstâncias adversas. “Por causa da ira do Senhor dos Exércitos, a terra está abrasada, e o povo é pasto de fogo (Is. 9:19). Contudo, a plenitude dessa ira é reservada para o Dia Final. “Na sua ira, a seu tempo, lhes há de falar e no seu furor os confundirá” (V.5.) O que Deus vai falar a esses insurretos naquele Dia? “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt. 25:41). Sim, “Horrível cousa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb. 10:31).

Como Deus realizará essas manifestações da sua justiça? Ele mesmo responde: “Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião” (V.6). É de suma importância que acreditemos que Deus realiza todos os seus propósitos a respeito do homem pecador pela mediação exclusiva de Jesus Cristo. “Este é o designo que se  formou concernente  a toda a terra; e esta é a mão que está estendida sobre todas as nações. Porque o Senhor dos Exércitos o determinou; quem, pois, o invalidará? A sua mão está estendida; quem, pois, a fará voltar atrás?” (Is. 14:26-27).
O Pai valoriza e “ama ao seu Filho, e todas as cousas tem confiado às suas mãos” (Jo. 3:35). Estamos, agora, prontos para ouvir...

3. A Grande  Declaração, Vs. 7-9. Nesses versículos, Cristo está repetindo o que o Pai lhe disse nos tempos da eternidade. O assunto é o seu decreto inalterável. Cristo, como o Profeta de Deus, é aquele que revela os propósitos da Divindade; por isso, Ele começa, dizendo: “Proclamarei o decreto do Senhor” (V.7a). Cristo tem três assuntos para revelar:

a) A declaração pública de que o homem, Jesus de Nazaré, é o Cristo, o Filho de Deus, (At. 2:36; 18:5). “Porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl. 1:9). “Ele (o Pai) me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei” (V.16). Essa declaração foi feita quando Cristo ressuscitou dentre os mortos, (Rm. 1:4). O impacto da ressurreição silenciou todos os argumentos contra a Divindade de Cristo. A sua ressurreição é o prometido “sinal de Jonas” (Lc. 11:29-30).

b) A herança oferecida a Jesus Cristo. O Pai o convidou: “Pede-me, e eu te darei as nações por herança” (V.8). Aqui temos uma referência ao ministério intercessor de Cristo e como Ele suplica pela salvação de seu povo. E, de fato, Ele ajuntou para si mesmo uma “grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas” (Ap. 7:9). A intercessão de Cristo garante a salvação total de todo o seu povo; “e nenhum deles se perdeu” (Jo. 17:10).

c) Como Cristo conseguirá receber essa prometida herança? “Com vara de ferro as regerás e as  despedaçarás como um vaso de oleiro” (V.9). Cristo consegue as suas conquistas através de um domínio soberano e inflexível. O decreto afirma: “O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos” (Ap. 11:15). Esse reinado é tão soberano e seguro que ninguém pode resistir, (Rm. 9:19-24). À luz desse reinado, queremos saber o que devemos fazer em termos de preparo espiritual. Portanto, a necessidade de tomar...

4. A Grande Decisão, Vs. 10:12. Em vez de ser despedaçado pela ira de Cristo, é melhor sujeitar-se à sua regência, tomando as devidas decisões.

Primeiro, o texto se dirige às lideranças mundiais: “Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos advertir, juizes da terra. Servi ao Senhor com temor e alegrai-vos nele com tremor” (Vs. 10-11). Em vez de levantar-se contra o Senhor em rebelião, é melhor ser prudente e submeter-se a seu reinado. A advertência foi dada, é melhor obedecer e conservar a sua vida. Qual seria a evidência de uma decisão séria?  Servindo ao Senhor com temor e respeitando a sua majestade. Essa obediência não pode ser insincera e de má vontade, antes, deve ser realizada com alegria e tremor. Em outras palavras, por esse serviço as lideranças devem legislar leis justas que promovem a glória de Deus.  

Em segundo lugar, a advertência é dirigida aos povos em geral. “Beijai o Filho para que não se irrite e não pereçais no caminho; porque dentro em pouco se lhe inflamará a ira” (V.12a). O beijo, nesse contexto, é o ato de adoração. Os povos beijavam o deus Baal, (1Rs. 19:18). Mas, a ordem de Deus é “Não adorarás outro deus; pois o nome do Senhor é zeloso, sim, Deus zeloso é Ele” (Ex. 34:14). O resumo do nosso culto é este: “Beijai o Filho”, ou seja: “Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor! Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força” (Mc. 12:29-30).

E, finalmente, qual é a recompensa de tomar essas duas decisões? “Bem-aventurados todos os que nele se refugiam” (v.12). Beijar o filho, Jesus Cristo, é um ato de reconciliação, uma confiança na veracidade de sua Palavra, um sinal de submissão à sua autoridade e uma manifestação da adoração que lhe devemos. Eis o caminho para uma verdadeira bem-aventurança.

Conclusão: O Salmo começou descrevendo a fúria dos povos, uma fúria dirigida “contra o Senhor e o seu Ungido”, Jesus Cristo. Qual é a razão que provoca essa rebelião? Eles não aceitam as leis e o domínio de Deus. Por isso, a luta é para romper os laços e sacudir de si mesmos as restrições que a lei lhes impõe.

Mas, qual é a atitude de Deus diante dessa insurreição? “Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles”. A rebelião é destinada a falhar e deixar os povos em plena confusão.

Qual é a providência que Deus deu, a fim de estabelecer ordem e justiça entre os povos? Ele enviou o seu próprio Filho, para reinar,  soberanamente, com uma vara de ferro, a fim de tomar posse da sua herança.


Qual é o conselho dado aos povos? Beijai o Filho e dai-lhe o culto que Ele tem o direito de receber. Esse é o caminho que nos oferece uma verdadeira segurança espiritual. Bem-aventurados todos os que se refugiam em Jesus Cristo, porque, nele, terão a salvação eterna. 

A Encarnação de Cristo




Leitura Bíblica: Hebreus 2:14-18

Introdução: Todos os anos, o Natal é comemorado com muitas atividades. Para alguns, será um tempo de férias e festividades; para outros, uma oportunidade para reviver tradições, árvore de Natal, presentes e comidas especiais. Mas, quantas pessoas lembrarão o verdadeiro sentido desta data? Em Israel, quando as famílias celebravam a Festa da Páscoa, alguns dos filhos perguntavam: “Que rito é este? Os pais tinham a responsabilidade de responder de acordo com o que está escrito nas Escrituras Sagradas: “É o sacrifício da Páscoa do Senhor, que passou por cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu os egípcios e livrou as nossas casas” (Ex. 12:26-27).  E, por meio de uma explicação, temos este exemplo: “Assim, comeram a Páscoa os filhos de Israel que tinham voltado do exílio e todos os que, unindo-se a eles, e haviam separado da imundícia dos gentios da terra, para buscarem o Senhor, Deus de Israel” (Ed. 6:21). E, em nossos dias, se os nossos  filhos perguntarem: Por que temos o Natal? Quantos pais têm o conhecimento para lhes dar uma resposta bíblica? Por exemplo: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is. 9:6). E, por meio de explicação: “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gl. 4:4-5).

Em vez de oferecer uma explanação tradicional do Natal, meditaremos sobre a exposição do assunto dada pelo escritor aos Hebreus. A encarnação do Filho de Deus deve ser um assunto que cativa o nosso coração todos os dias, e não apenas uma vez por ano, “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade. E vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo. 1:14).

1. O Beneplácito da Encarnação, Vs 14-15. A encarnação de Cristo revela o seu beneplácito insondável, a sua boa vontade para fazer tudo o que era necessário para a redenção de pecadores. E, para realizar essa obra, Ele tomou para si a natureza humana, a mesma da descendência de Adão. Como podemos explicar essa condescendência? O nosso texto nos oferece um exemplo. Como os filhos têm participação comum da carne e sangue de seus pais, mediante um ato de procriação, também, Cristo, por ser nascido de mulher, igualmente, participou destes mesmos elementos; mas, por ser gerado pelo Espírito Santo, Ele nasceu totalmente livre do pecado que Adão legou à sua descendência, (V.14a; Lc.1:35).

Quais foram os motivos da encarnação? O nosso texto fala de três:

Em primeiro lugar, “ por sua morte”. Devemos reconhecer que o poder natural da morte substitutiva de Jesus Cristo resolveu, definitivamente, todas as questões que impediam a plena salvação de pecadores. Por sua morte, Ele pagou a nossa dívida diante da lei de Deus; isto  é, não apenas cumpriu a lei em nosso lugar, mas, também, experimentou a sentença da morte que os nossos pecados deviam receber. Por isso, a Bíblia ensina: Em Cristo “temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça, que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a sabedoria e prudência” (Ef. 1:7-8).

Em segundo lugar, Cristo se fez carne para poder destruir “aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo”. Embora o diabo não tenha poder absoluto para infligir a morte, porque esta é a prerrogativa exclusiva de Deus, Satanás, através de mentiras e tentações, pode induzir o incauto à morte, por causa do pecado que pratica. Por isso, somos instruídos a “resistir-lhe firmes na fé” (1Pe. 5:9).

Em terceiro lugar: “livrasse todos que, pelo pavor da morte” (V.15.). Por que o homem tem “pavor da morte?” Porque ele sabe que, “depois da morte, o juízo”, quando cada um terá de dar “contas de si mesmo a Deus” (Hb.9:27; Rm. 14:12). E, de forma semelhante, o homem sabe que “horrível cousa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb. 10:31). Por isso, um pavor toma conta do homem despreparado para enfrentar o juízo vindouro. Como é diferente a esperança do homem que já fez as suas pazes com Deus! Fica admirado, podendo confessar: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus” (1Jo. 3:1). Temos esse privilégio porque entregamos a nossa vida aos cuidados de Jesus Cristo, o nosso Salvador, crendo, de coração, no seu nome, (Jo.1:12).

2. O Beneficiário da Encarnação, Vs 16-17. Cristo se fez carne em favor de quem? O texto responde: “Pois Cristo, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre a descendência de Abraão”. Quem é essa descendência de Abraão que Cristo veio para buscar e salvar? Certamente não se limita, literalmente, àquela família. A descendência do nosso texto é o “seu povo” (Mt. 1:23); “todo aquele que o Pai me dá” (Jo. 6:37). Tudo depende da nossa fé em Jesus Cristo. O Apóstolo deu esta explicação: “De sorte, não pode haver judeu, nem grego; nem escravo, nem liberto; nem homem, nem mulher; porque todos vós sois um em Jesus Cristo. E, se sois de Cristo, também sois descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa” (Gl. 3:28-29). Essa é a mesma verdade anunciada em João 3:16, “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.

Por que Cristo tinha que se tornar homem para salvar o seu povo? O nosso texto responde: “Por isso mesmo, convinha que, em todas as cousas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas causas referentes a Deus e para fazer propiciação (um cobertor) pelos pecados do povo”. Observemos duas verdades com referência à necessidade da encarnação:

a) A fim de salvar o homem, a sua dívida da lei de Deus tinha que ser paga, não necessariamente pelo próprio pecador, se tivesse um fiador, um homem sem nenhuma dívida. Mas onde está o homem que tem as condições judiciais para pagar essa dívida, visto que todos pecaram e carecem da glória de Deus? O pecado é uma ofensa tão infinita contra a santidade de Deus, que o culpado não pode saldá-la, nem com uma eternidade de sofrimento. Por isso Deus, em seu grande amor, providenciou um Homem, o seu próprio Filho, que se fez carne, como único meio para resolver o problema da dívida de seu povo. “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm. 5:8). Cristo é o nosso fiador que garante a nossa inocência diante da lei de Deus, (Hb. 11:22).

b) Por causa de seu pecado, o homem perdeu a sua liberdade original de ter livre acesso à presença de Deus. Mas o Senhor, querendo reestabelecer a sua comunhão com o homem, instituiu o ofício de Mediador, dando-lhe o título de Sumo-Sacerdote, “pelo qual, temos ousadia e acesso com confiança, mediante a fé nele” (Ef. 3:12). O ministério desse Sumo-Sacerdote, Jesus Cristo, consiste, principalmente, de duas partes: oferecer um sacrifício e interceder em favor de seu povo. Cristo “se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado” (Hb. 9:26). Através desse sacrifício, Cristo providenciou “propiciação pelos pecados do povo”, isto é, um cobertor, pelo qual os nossos pecados são escondidos da presença de Deus; e, com essa proteção, somos declarados inocentes diante da lei divina. A segunda parte desse ministério é a intercessão. Cristo continua, para sempre, “por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb.7:24-25). O Apóstolo nos dá um exemplo dessa intercessão: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro” (1Jo. 2:1-2).

3. O Benefício da Encarnação V. 18. Para o nosso consolo, o nosso texto destaca duas verdades relacionadas com a adequação do sacerdócio de  Jesus Cristo:

a) Cristo sofreu, tendo sido tentado. “Embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas cousas que sofreu” (Hb. 5:8). “Porque não temos sumo-sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as cousas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hb. 4:15). A tentação, bem como a necessidade de obedecer a Deus em todas as circunstâncias, quase sempre envolve uma medida de sofrimento. Sentir a repugnância do pecado querendo nos tocar, faz o piedoso gemer em seu íntimo. E, Cristo, em sua pureza imaculada, o que sentiu ao ser tentado? Uma cousa sabemos: Ele soube como ficar incontaminado e permanecer sem pecado. Obediência também pode causar sofrimento. Como? Porque sempre existem duas opções: uma fácil e a outra, não tão agradável. Como podemos  escolher o caminho certo? Temos um exemplo dado por Cristo. Quando Ele teve que encarar os horrores da cruz, uma questão de obediência estava diante dele. Em oração, Ele disse: “Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice, todavia, não seja como eu quero, e, sim como tu queres!” (Mt. 26:39). Por que Cristo continuou rumo à cruz? Porque Ele soube que essa era a vontade de seu Pai. Todos os atos da nossa obediência devem manifestar a nossa submissão à vontade de Deus, que Ele tem declarado nas Escrituras Sagradas. Custe o que custar. Cristo “a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz” (Fl. 2:8).

b) Por causa das experiências de Cristo nas áreas de tentação e obediência, Ele é poderoso para socorrer os que são tentados. O Ap. Pedro obedeceu ao convite de Jesus, e começou a andar por sobre as águas; “reparando, porém, na força do vento, teve medo; e, começando a submergir, gritou: Salva-me Senhor! E prontamente, Jesus, estendendo a mão, tomou-o”,(Mt. 14:22:33). E nós, quando tentados ou sentindo dificuldade para obedecer a vontade de Deus numa dada circunstância, basta imitar o exemplo de Pedro e gritar por socorro, e, com certeza, seremos fortalecidos para agir como convém. Eis o benefício da encarnação: Temos um Sumo-Sacerdote que sabe compadecer-se de nós em todos os momentos difíceis da nossa vida. “Forte alento tenhamos nós que já corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta; a qual temos por âncora da alma, segura e firme e que penetra além do véu, onde Jesus, como precursor, entrou por nós” (Hb. 6:18-20).

Conclusão: O Natal! Qual é o sentido desta data? É a comemoração do nascimento de Jesus Cristo, a encarnação do Filho de Deus. “E o Verbo (Jesus Cristo) se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo. 1:14).

Na leitura de Hebreus 2, observamos o beneplácito da encarnação de Jesus Cristo, como Ele nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus. E, tomamos conhecimento do beneficiário da encarnação de Jesus Cristo. Somos nós os beneficiários, porque cremos em sua morte e o amamos. E acreditamos no benefício da encarnação de Jesus Cristo, o nosso Sumo-Sacerdote, tendo sido tentado, mas sem pecar, é poderoso para socorrer os que são tentados. E, cada um de nós, por estarmos sujeitos à tentação, temos necessidade constante desse socorro.


Como podemos expressar a nossa gratidão a Deus pela encarnação de Jesus Cristo, o seu Filho unigênito? Certamente, uma das maneiras mais práticas é viver de acordo com os privilégios que estão, agora, ao nosso alcance; tais como os que se encontram em Hebreus 10:19-23. “Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemos-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura (o efeito purificador da regeneração ). Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel”. 

A PREGAÇÃO DO EVANGELHO


Rev. Ivan G .G. Ross

Leitura Bíblica: Marcos 1:1-8; Lc. 3:7-14

Introdução: João Batista nasceu já comissionado para anunciar os propósitos de Deus. O anjo Gabriel disse a seu pai, Zacarias: “Pois ele será grande diante do Senhor, (...) será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno. E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus” (Lc. 1:15-16). E, mais tarde, quando o seu filho nasceu, Zacarias lhe disse: “Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor, preparando-lhe os caminhos, para dar ao seu povo conhecimento da salvação, no redimo-lo dos seus pecados, graças à entranhável misericórdia do nosso Deus, pela qual nos visitará o sol nascente das alturas (isto é, a Pessoa de Jesus Cristo), para alumiar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, e dirigir os nossos pés pelo caminho da paz” (Lc. 1:76-79).

Temos nessas duas citações, a essência da verdadeira pregação da mensagem de Deus. O objetivo principal é a conversão de pecadores ao Senhor, o nosso Deus. Essa mensagem é a boa notícia que fala da misericórdia de Deus e como Ele providencia, em Cristo Jesus, a redenção e a  remissão dos pecados para aqueles que “jazem nas trevas e na sombra da morte”. Devemos mencionar, também, as conseqüências de uma verdadeira conversão. O nosso Senhor “dirigirá os nossos pés pelo caminho da paz”. É como Ele mesmo prometeu: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo” (Jo. 14:27). É uma paz “que excede todo o entendimento”. É uma paz que  “guardará o nosso coração e a nossa mente em Cristo Jesus” (Fl. 4:7).

No Evangelho segundo Marcos, temos alguns dos assuntos que João Batista abordava, a fim de produzir conversões. E o que deu tantos bons resultados para a glória de Deus, certamente, terá efeitos semelhantes para os pregadores modernos, se utilizarem os mesmos temas. Vamos aprender do estilo de João Batista em suas mensagens. Ele enfatizava quatro pontos.

1. A necessidade de Convicção. É o Espírito Santo que convence o homem de seus pecados, (Jo. 16:8). Mas, para que seja assim, o pregador não pode falar sobre o pecado de uma maneira geral, ele tem que ser específico, citando o nome dos pecados de seus ouvintes. Veja como João Batista falou sobre pecados específicos em Lucas 3:8-14. Os Judeus confessavam o seu orgulho espiritual, dizendo: “Temos por pai a Abraão”. Não necessitamos de mais nada. A presunção, a confiança nos valores humanos, não prepara ninguém para o Juízo Vindouro, antes, leva multidões para o inferno. “Então, as multidões o interrogavam, dizendo: Que havemos, pois, de fazer?”. As pessoas estavam sentindo as primeiras pontadas da convicção. Qual foi o pecado específico? A falta de um amor prático ao próximo. Portanto, a resposta é: “Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem; quem tiver comida, faça o mesmo”. A convicção do pecado faz a pessoa agir, a fim de corrigir o seu erro. A roubaria praticada pelos coletores de impostos era notória. As denúncias de João Batista fizeram com que esses publicanos perguntassem: “Mestre, que havemos de fazer?”. A convicção do pecado mexe com a consciência. Qual é a resposta? Em vez de continuar na roubaria, esses cobradores têm que ser honestos, cobrando somente “o estipulado”. Os soldados eram igualmente notórios por suas mentiras, crueldades e exigências de subornos. Porém, ouvindo a mensagem de João Batista, e o Espírito Santo usando a sua palavra como espada eficaz, esses homens de coração insensível também perguntaram: “E nós, que faremos?”. Em vez de continuarem nas práticas pecaminosas, eles devem ser tratáveis: “A ninguém maltrateis, não deis denúncia falsa, contentai-vos com o vosso soldo”. A verdadeira convicção do pecado sempre conduz a pessoa a obedecer ao que Deus tem prescrito nas Escrituras Sagradas, a sua revelação escrita.   

2. A Necessidade de Contrição. João Batista exortava a seus ouvintes: “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento”. O arrependimento não é um sentimento vago, antes, é algo vivo que exige a correção dos erros, frutos que possam evidenciar sua realidade. O Breve Catecismo da nossa Igreja nos ensina: “Arrependimento para a vida é uma graça salvadora, pela qual o pecador, tendo um verdadeiro sentimento de seu pecado e percepção da misericórdia de Deus em Cristo, se enche de tristeza e de horror pelos pecados, abandonando-os e volta-se para Deus, inteiramente resolvido a prestar-lhe nova obediência” (Resp. 87). Embora um arrependimento geral por causa das muitas falhas em nosso procedimento seja importante,  devemos praticar o arrependimento específico quando somos surpreendidos por um pecado particular. João Batista condenou os pecados praticados pelos cobradores de impostos, bem como os dos soldados. Roubarias, crueldades, mentiras e ganância são pecados específicos que têm que ser odiados e abandonados. O fruto do arrependimento é o temor de Deus e uma piedade praticada para agradar a Deus.

Mas o arrependimento é mais do que o abandono de todos os pecados conhecidos. Aquele que é verdadeiramente arrependido de seus erros assume uma nova atitude. Ele se volta para Deus inteiramente resolvido a prestar-lhe nova obediência. Reconhecemos que o arrependimento é uma graça salvadora. Se não fosse por esse dom da misericórdia de Deus, estaríamos ainda sujeitos à condenação eterna (At. 11:17-18). Por isso, nós nos entregamos a Ele como um ato de gratidão, dizendo: “Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade”, a prática de uma nova obediência (Hb. 10:9).

3. A Necessidade de Confissão. Os ouvintes de João Batista ficaram possuídos de medo quando ouviram  sobre a ira vindoura e a possibilidade de serem cortados e lançados ao fogo. Em seu desespero, eles começaram a perguntar: “Que havemos, pois, de fazer?” (Lc. 3:10). E, semelhantemente, os ouvintes do Ap. Pedro, convencidos de seus pecados, fizeram a mesma pergunta: “Que faremos, irmãos?”. Como se estivessem dizendo: Não podemos continuar neste estado de desespero, queremos uma resposta que nos traga alívio! O Apóstolo deu uma resposta simples e acessível, porém, abrangente: “Arrependei-vos”. Esse ato é realizado pela confissão dos pecados. Essa revelação do nosso estado é um tipo de transferência (Lv. 16:21). Entregamos os nossos pecados ao Único que pode recebê-los e conceder-nos o desejado perdão. Pela confissão, Cristo recebe o nosso pecado: “Carregando ele mesmo, em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados” (1Pe.2:24).

A orientação é esta: “O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia” (Pv. 28:13).

É importante que tomemos conhecimento do ensino da Confissão de Fé da nossa Igreja sobre a confissão do nosso pecado: “Como cada homem é obrigado a fazer a Deus confissão particular de seus pecados, pedindo-lhe o perdão deles, e abandonando-os, achará misericórdia; assim, também, aquele que escandaliza a seu irmão ou a Igreja de Cristo deve estar pronto, por meio de uma confissão particular ou pública de seu pecado e do pesar que por ele sente, a declarar o seu arrependimento aos que estão ofendidos; isto feito, estes devem se reconciliar com o penitente e recebê-lo em amor” (Cap 15:6). Observemos os dois pontos destacados: Confessamos a Deus o nome do pecado praticado, porque Ele é o único que pode nos dar perdão completo; e, quando o nosso pecado tem prejudicado outras pessoas, devemos buscar reconciliação com elas, admitindo a nossa culpa e pedindo-lhe o perdão. “Confessei-te o meu pecado e a minha iniqüidade não mais ocultei” (Sl. 32:5a).   

4. A Necessidade de Confiança. Confiança nas promessas que Deus tem dado a todos os que buscam a sua benção. Confessar o nosso pecado é um ato de confiança, porque cremos na promessa de sermos perdoados: “Disse: confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniqüidade do meu pecado” (Sl. 32:5b). A Bíblia nos encoraja “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”(1Jo.1:9). Confiamos na veracidade dessa promessa. Como transgressores da lei de Deus, somos exortados a nos arrepender; e fazendo-o, temos a promessa de “tempos de refrigério”. Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados, a fim de que, da presença do Senhor, venham tempos de refrigério” (At. 3:19-20). Confiamos nessa promessa de perdão e de tempos de refrigério, isto é, encorajamento e alento no meio das nossas tribulações. A Bíblia  sempre nos exorta a confiar nas suas promessas, porque, em as “guardar, há grande recompensa” (Sl. 19:11).

Mas, o ato principal da nossa confiança deve ser dirigido a Jesus Cristo. Ele é o nosso Salvador. A nossa confiança em Cristo é justificada porque temos certeza quanto à eficácia e à veracidade da sua obra redentora em favor da nossa salvação. Cristo agiu como o nosso Fiador. “Pois o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mc. 10:45). Esse povo que Ele veio para auxiliar foi encontrado com uma dívida enorme a ser paga, por causa da sua transgressão da lei de Deus. Qual foi o caminho a ser trilhado? Cristo veio para resgatar esse povo e tirá-lo da sua condenação. Mas, como? “Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave” (Ef. 5:2). Em outras palavras, Ele assumiu a nossa dívida diante da lei de Deus. A dívida da nossa desobediência foi paga mediante a sua obediência imaculada: “ Por meio da obediência de um só (Jesus Cristo) muitos se tornarão justos” (Rm. 5:19). Confiamos na suficiência da obediência de Cristo como o nosso substituto. De forma semelhante, Cristo assumiu a dívida da nossa morte, morrendo em nosso lugar. “Pois também Cristo morreu, uma vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus” (1Pe. 3:18). Confiamos na realidade e na suficiência desta morte em nosso lugar, uma morte que satisfez todas as exigências da lei. “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm. 8:1). A Bíblia enfatiza, por toda parte, a necessidade de crer e confiar na eficácia de tudo o que Cristo fez, a fim de adquirir a salvação eterna para o seu povo. Confiamos nele, por isso nós O chamamos: Nosso Salvador.


Conclusão: João Batista nasceu já comissionado para “dar ao seu povo conhecimento da salvação” (Lc. 1:77). E, para fazer isso, ele enfatizava a necessidade da Convicção do pecado; uma Contrição que produz o abandono do pecado; a Confissão do pecado a Deus, que é misericordioso e que perdoa os pecados confessados; e a Confiança na obra redentora de Jesus Cristo, pois, quem nele crê tem a vida eterna, (1Jo. 5:11-12). Que possamos estar sempre dispostos a ouvir e nos alimentar com tais palavras orientadoras!