Vasos de Honra

sábado, 29 de setembro de 2012

A CONSCIÊNCIA DO PECADO




Leitura: Rm. 7:14-25

Introdução: Escolhemos este texto para reafirmar que uma consciência do pecado tem sido uma das marcas mais caracterizantes do povo de Deus, desde os tempo remotos do Velho Testamento. No Novo Testamento, os apóstolos do nosso Senhor Jesus Cristo sentiam esta presença do pecado. E, nesta mensagem, estamos sugerindo que na Igreja dos nossos dias, esta consciência do pecado, esta lamentação por causa da presença do pecado que macula a nossa vida, praticamente desapareceu. Com o desaparecimento desta consciência do pecado, duas outras verdades estão igualmente desaparecendo da vida da Igreja: uma Consciência da Soberania de Deus – um Deus que atua soberanamente nas circunstâncias da nossa vida; e, uma consciência da absoluta necessidade de ser salvo por “Cristo e este crucificado” . Pecadores são passíveis da ira de Deus e do fogo eterno, portanto, um senso de urgência deve caracterizar o pecador.

Quando falamos de uma consciência do pecado, estamos descrevendo uma realidade espiritual. O homem de Deus, redimido por Cristo Jesus e dirigido pelo Espírito Santo, reconhece e lamenta a presença do pecado em sua vida. É o descrente, a pessoa que nunca foi tocada pelo Espírito Santo, que não tem esta consciência do pecado em sua vida.

Quando o Ap. Paulo lamenta: “Pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo” (Rm. 7:18), ele não está dizendo que a sua vida era caracterizada por pecados patentes; ele está apontando para um princípio de pecado que atuava não só em sua vida, mas também na de todas as pessoas; está identificando aquele conflito espiritual que ele já havia descrito em Gl. 5:17: “Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito contra a carne, porque são opostos entre si”. A Igreja será mais feliz quando voltar a sentir as angústias e a dor desta consciência do pecado; quando voltar a sentir a sua total incapacidade para executar a vontade de Deus com a devida perfeição. Se duvidamos desta capacidade, façamos um teste: Amamos a Deus com a devida perfeição? A realidade da nossa falha traz rubor aos nossos rostos e auto-condenação. Por isso, o Ap. Paulo agoniou-se e clamou: “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?”

Vamos desenvolver este ponto da necessidade de uma consciência do pecado, e das conseqüências quando ela não está presente na vida da Igreja. 

1. Definição de Pecado. A Bíblia define o pecado como uma transgressão da lei de Deus (1 Jo. 3:4). A maioria das pessoas não iria questionar esta definição. Mas, depois de confessar comodamente:  todos nós somos pecadores; onde está a consciência do pecado? Percebemos que o pecado tende a amortecer a consciência. Em vez de clamar contra a transgressão da lei de Deus, ela se acomoda sem qualquer preocupação séria. É instrutivo ouvir as reclamações dos presos em nossas penitenciárias: seus protestos de inocência revelam a dureza de seus corações e a falta de uma consciência do pecado. Porém, infelizmente, esta mortalha não se limita aos presidiários, este mal também está caracterizando muitos dos membros das nossas Igrejas.

Quais são alguns dos efeitos maléficos desta ausência de uma consciência do pecado? Podemos mencionar:

a) Conversões sem a convicção do pecado. Basta observar aqueles que atendem apelos para aceitar a Cristo; levantam as mãos e vão para frente com um sorriso no rosto. E o pregador, todo satisfeito, anima o auditório, dizendo: Amém, Deus está abençoando. Esta falta de uma consciência do pecado não é motivo de regozijo.

b) Conversões como formas de cooperação. Pais que exortam seus filhos: Levante a sua mão, você ainda não se decidiu. O filho levanta a sua mão, segue os processos, e mais uma pessoa se considera crente sem ser nascido de novo. Sem mencionar as pessoas que levantam a mão porque o Pastor pediu.

c) As pessoas que não manifestam nenhuma convicção do pecado e nem qualquer evidência de arrependimento, estão, por inferência, sendo convidadas a continuar em seus pecados. Assim, a Igreja sofre por causa de membros que não têm nenhum interesse sério em conformarem-se à pratica da vontade de Deus. 

Como corrigir esse problema? Como introduzir às nossas Igrejas esta tão necessária consciência do pecado?

A resposta é simples: Através da fiel exposição de todo o desígno de Deus.

Quando Pedro pregou, ele não sentiu nenhuma necessidade para fazer um apelo, ao contrário, a própria multidão fez o apelo. Com corações compungidos pela consciência do seu pecado, eles pediram: Que faremos, irmãos? O Espírito Santo continua convencendo pecadores de sua culpabilidade diante da lei de Deus, e a fiel pregação do Evangelho continua sendo o meio designado por Deus para a salvação de todo que crê.

2. A Deferência do Pecado. Esta ausência de uma consciência do pecado indica uma forma de deferência.  Pelo silêncio, a Igreja está dando o seu consentimento à presença deste mal. Esta deferência baseia-se na filosofia que acredita na bondade natural do ser humano. Ela se manifesta através do estilo de pregações populares. Basta fazer algumas ligeiras exortações para que o homem fique convencido da paternidade universal de um Deus que não se importa com os pecados de seus filhos. Quando o pecado não é uma preocupação, o ministério da Igreja assume novas ênfases. Podemos mencionar:

a) O estilo do culto. Em vez de uma santa reverência que facilita uma meditação espiritual, um ruidoso antropocentrismo reina. A nova atitude é que o homem se sinta à vontade na Igreja.

b) O estilo de oração. Não se ouve mais o clamor de um coração entristecido por causa do pecado, nem a súplica angustiada: “Ó Deus, sê propício a mim, pecador.” Nesta área, qual é a última novidade: Orações que não estão sendo dirigidas a ninguém, porque são apenas monofrases espontâneas, sem qualquer referência à mediação de Cristo.

c) O estilo de ministérios: Em vez da pregação direta do Evangelho, há uma ênfase crescente sobre a pregação indireta, ou seja, através de Ação Social, de implantação de escolas, etc. Tudo se consegue sem mexer com problema do pecado. Esta deferência do pecado estimula confiança na carne e tende a destruir qualquer noção do temor do Senhor.   

3. A Deformação do Pecado. Quando o pecado não está mais sendo reconhecido seriamente pelo ministério da Igreja, por inferência, o mal está sendo tolerado, e, por conseqüência, certas deformações começam a surgir.

a) O número de membros pode aumentar, porém, será uma multidão mista; o fenômeno de crentes e descrentes tentando andar de mãos dadas, que jamais produzirá um fruto positivo. Foi uma multidão mista que saiu do Egito (Ex. 12:38), e, justamente por causa desta mistura de gente, a ira de Deus tinha de se manifestar  para castigar o povo (Nm. 16:2-3).

b) Haverá uma preocupação para manter os números a qualquer preço. Porém, para conseguir este objetivo, é necessário descobrir um denominador comum, uma mensagem que não ofende a ninguém. Uma das tentações que o Pastor fiel mais sente é a pressão para agradar as preferências dos membros. É muito mais cômodo falar do amor de Deus, em vez da ira vindoura de Deus.

c) Com estas deformações existindo nas Igrejas, o que é que acontece com os verdadeiros crentes? Oferecemos duas observações: 1) Um esfriamento espiritual que destrói as prioridades do reino de Deus; 2) Uma decisão para abandonar a Igreja e buscar alimento espiritual em outros grupos eclesiásticos. E, pela saída dos melhores crentes, a Igreja se enfraquece e se aprofunda mais e mais nas deformações.

d) Uma outra deformação está surgindo entre nós. A palavra “Igreja” está sendo substituída por “Comunidades”. Mas, quem sabe, esta troca de palavras reflete uma triste realidade dos nossos dias. A palavra Igreja expressa a idéia de ser convocado para sair, ou, um povo que se coloca aos pés do Senhor para aprender das suas palavras (Dt. 33:3; 2 Co. 6:17). O termo Comunidade descreve um dado grupo de pessoas, sem qualquer inferência de propósito. Devemos repudiar estas deformações e abraçar o que devemos ser: Membros da Igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade (1Tm. 3:15).

Conclusão: Em nossos dias, há um clamor por avivamento, e, sem dúvida alguma, a Igreja precisa de experimentar uma soberana intervenção da parte de Deus. O início de um avivamento acontece quando a Igreja, como um todo, começa a sentir uma consciência do pecado. E, para isso, o povo tem de ouvir novamente a lei de Deus sendo exposta com toda fidelidade, a clara pregação de Jesus Cristo e este crucificado.

Rev. Ivan G. G. Ross
Setembro de 2012      

sábado, 22 de setembro de 2012

A FUTILIDADE DA HERESIA





Leitura Bíblica: Colossenses 2: 16-23

INTRODUÇÃO:

Nos versículos anteriores, aprendemos algo sobre a Excelência de Cristo. O Apóstolo Paulo, explicando a razão da sua mudança espiritual, disse: “Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor” Fl. 3: 8. “O meu amado é alvo e rosado, o mais distinguido entre dez mil” Ct. 5: 10. Ele é a pérola de grande valor, Mt. 13: 45-46. Assim, discernimos a Supremacia de Cristo, lembrando da comparação entre Ele e a minimidade do homem pecador. Vimos a Substância de Cristo como o nosso Fiador. Ele pagou a dívida que incorremos por causa da nossa transgressão da santa lei de Deus. “Remido a preço tão real – o sangue do Senhor – com que pagar eu poderei tal graça, tal amor?” HNC. 43.

Na leitura de hoje, o Apóstolo mostra a futilidade de seguir a heresia que estava perturbando a Igreja em Colossos, descrevendo e refutando alguns dos artigos da sua crença. Infelizmente, alguns aspectos desta heresia  continuam em nossos dias, inclusive nas comunidades supostamente evangélicas. Vamos ao estudo.

1- As Provocações na Heresia, Vs. 16-17. Notemos a advertência enfática do Apóstolo: “Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou de dias de festa, ou lua nova, ou sábados” V. 16. Os hereges sempre procuravam escravizar seus adeptos por toda sorte de proibições e pela guarda de certas obrigações, ensinando que estas observâncias eram necessárias a fim de merecer os favores de Deus. Porém, a Bíblia ensina: Não deixemos que nos julguem quando não observamos estas ordenanças caducadas. “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou (destas ordenanças). Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão” Gl. 5:1. As ordenanças da lei mosaica tinham o seu valor porque elas preparavam o povo para a vinda de Cristo. Mas, agora, Cristo já veio e nos ofereceu um novo regime. “Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo” Jo. 1: 17. Estas “ordenanças” eram prejudiciais para o povo porque não tinham poder contra a sensualidade da natureza pecaminosa do homem; por isso, foram tomadas e encravadas na cruz. Pelo sacrifício de Cristo, elas foram consumadas e não têm mais regência sobre a nossa vida. “Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa da sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nunca aperfeiçoou cousa alguma), e, por outro lado, se introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus” Hb. 7: 18-19. Agora, no Novo Testamento, o que Deus procura são adoradores que o adoram em espírito e em verdade, nada de rituais externos, Jo. 4: 23-24. “Porque em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem valor algum, mas a fé que atua pelo amor” Gl. 5: 6. O que Deus requer de cada um de nós é a disposição para nos despojarmos do velho homem e nos revestirmos do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade, Ef. 4: 22-24.

Estas “ordenanças” foram transitórias, “impostas até ao tempo oportuno de reforma” Hb. 9:10. “Porque tudo isso tem sido sombra das cousas que haviam de vir; porém, o corpo é de Cristo” V. 17. Uma sombra existe porque a substância dela existe. No Antigo Testamento, muitas das realidades espirituais foram vistas como sombras da substância. Mas, com a vinda de Cristo, que é a substância, a sombra não tem mais utilidade. Então, porque insistir nas ordenanças de comida, quando Cristo é o Pão da Vida? Jo. 6: 35. Porque insistir nas ordenanças de bebidas, quando Cristo promete: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba”? Jo. 7: 37. Porque observar os dias de festa religiosa, quando Cristo é o cumprimento de todos? Ele é o Senhor dos sábados, Mt. 12: 8. Ele é o nosso cordeiro pascal que foi imolado, 1 Co. 5: 7. “O corpo (a substância das ordenanças do Antigo Testamento) é de Cristo”. As imposições do herege são provocações que impedem a verdadeira espiritualidade.

2- As Projeções na Heresia, V. 18-19. Como os hereges se apresentam ao povo. É uma exibição do orgulho carnal. Portanto, “ninguém se faça árbitro contra vós outros” V. 18a. Não se sinta inferiorizado por causa destas projeções carnais, porque o nosso valor vem de Jesus Cristo. Não devemos nos sentir humilhados por causa desta projeção de uma espiritualidade supostamente superior. Quais são algumas destas projeções da heresia?

a) “Pretextando humildade e culto dos anjos” V. 18b. Basicamente, estão dizendo: Eu sou tão insignificante (humilde), e Cristo é tão separado de pecadores, que não me atrevo a me aproximar dele; mas os anjos são diferentes, são mais acessíveis, por isso, devemos invocá-los para interceder por nós. O mesmo tipo de culto existe em nossos dias quando a Virgem Maria é invocada para interceder por seus adeptos, pois dizem que ela é mais acessível do que Cristo. Devemos sentir a blasfêmia desta atitude, porque estão pisando sobre os atributos mais preciosos de Jesus Cristo, a saber, a sua proclamada acessibilidade e a sua demonstrada compaixão para com pecadores. Esta chamada “humilde” é nada mais do que a ostentação do orgulho do homem pecador.
b) “Baseando-se em visões” V. 18c. Eles procuram ostentar a espiritualidade superior à dos demais homens, afirmando que recebiam visões diretamente dos céus, comunicações extra bíblicas. Eles passavam por cima de Cristo, desprezando uma das doutrinas fundamentais da fé cristã: a necessidade indispensável da mediação de Jesus Cristo. “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” 1Tm. 2: 5. 
c) Como é que o Apóstolo descreve o herege? “Enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal, não retendo a cabeça” V. 18d. É uma pessoa que, sem qualquer base, é extremamente orgulhosa, dominada por uma mente carnal, que não sente nenhuma necessidade da Pessoa de Jesus Cristo. Ficamos pensando: como pode alguém, com um conhecimento das Escrituras, mesmo que limitado, ficar iludido com tamanha presunção carnal? A única resposta que podemos oferecer, é: “o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplenda a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus” 2 Co. 4: 4.
d) O Apóstolo passa a descrever as características daquele que é, de fato, um homem de Deus. “Retendo a cabeça, da qual todo corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus” V. 19. O Apóstolo usa a figura do corpo humano para descrever o servo que é fiel a Deus. O corpo, ligado à cabeça, recebe a totalidade de sua vida em virtude desta união, por isso, cresce fisicamente. E, aplicando esta figura à nossa vida, esta união com Cristo é a fonte inesgotável da nossa espiritualidade. Esta união vital que temos com Cristo, a cabeça, é que promove o crescimento que procede de Deus. A exortação necessária é que cresçamos na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo, 2 Pe. 3: 18.

3- As Proibições na Heresia, Vs. 20-22. O Apóstolo começa esta parte com uma outra pergunta: “Se morreste com Cristo, para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças?” V. 20. O Apóstolo está fazendo uma referência à experiência inicial com Cristo, a regeneração. “Se alguém está em Cristo, é nova criatura (as suas disposições sofreram uma transformação radical); as cousas antigas já passaram (aquelas superstições associadas com a vida religiosa, enfim, uma vida pecaminosa e sem Cristo, foram definitivamente abandonadas); eis que se fizeram novas” (assumimos um regime de novos valores espirituais, onde Cristo é o nosso Guia e Salvador), 2 Co. 5: 17.

A vida religiosa pode ser bastante complicada por causa de tantas interpretações estranhas, que não têm nenhuma referência à Pessoa de Jesus Cristo e à sua obra redentora. Portanto, a necessidade de sermos criteriosos, sabendo como julgar o que ouvimos, reter o que é bíblico e desprezar a escória. Por natureza, nascemos escravizados pelos rudimentos do mundo, os quais não conduzem a uma comunhão sensível com Deus. Mas, quando ouvimos e cremos no evangelho de Jesus Cristo, uma esperança nova nasce em nosso coração, somos libertados daquela escravidão. Em Cristo, passamos a desfrutar de uma vida cheia de alegrias indizíveis. Neste contexto, o Apóstolo faz a sua pergunta: Por que estais querendo sujeitar-vos, novamente, à escravidão de ordenanças inúteis, que “não têm valor algum contra a sensualidade?” Se nós somos salvos por Cristo Jesus, morremos “para os rudimentos do mundo”. Eles não têm mais valor para a nossa alma. Todas as vaidades deste mundo foram abandonadas a fim de dar lugar à “sublimidade do conhecimento de Cristo” Fl. 3: 8.

Quais são algumas destas ordenanças? São leis de limpeza (de origem humana) que aparentam autoridade como se fossem mandamentos imprescindíveis da parte de Deus. Um exemplo destas ordenanças foi o dever de lavar as mãos antes de comer, Mc. 7: 1-13. Neste sentido, o nosso texto faz alusão às leis dos hereges em Colossos: “Não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro” V. 21. 

Quais são as origens destes “rudimentos do mundo?” São “preceitos e doutrinas de homens” V. 22a. “Ora, o homem natural não aceita as cousas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” 1 Co. 2: 14. Contudo, apesar destas limitações espirituais, o pecador insiste em determinar o seu próprio conceito de valores espirituais. O resultado é somente heresias pecaminosas que devem ser repudiadas com santo desprezo. Estas proibições, leis sobre o que se pode comer e beber, tratam de cousas materiais, que, com o uso, “se destroem” V. 22b. Depois de comer e beber, o que é que resta? Somente o refugo. Assim, as doutrinas de homens não têm nenhum poder para resolver as necessidades espirituais do homem pecador.

4- As Promoções na Heresia, V. 23. O herege se esforça para mostrar as vantagens da sua filosofia. Mas, por serem “os preceitos e doutrinas de homens”, que não promovem uma obediência a Cristo, tais práticas são meros exibismos de um orgulho pecaminoso. O Apóstolo menciona quatro destas promoções.

a) Uma “sabedoria” fictícia. É uma mera “aparência”, porém, não permanece em pé diante de uma investigação mais apurada. Todas as nossas opiniões têm que ser de acordo com as Escrituras. O Ap. Pedro ensinou: “Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus” 1 Pe. 4: 11. Se alguém estiver buscando a sabedoria verdadeira, ele deve chegar a Jesus Cristo “o qual se tornou da parte de Deus sabedoria” 1 Co. 1: 30. Em Cristo, temos tudo o que nossa alma precisa; se nos dirigimos aos homens imperfeitos, perderemos tudo, inclusive a própria esperança da vida eterna.

b) Um “culto de si mesmo”, um culto inventado pela própria vontade. Em termos práticos, este culto é: “Eu penso assim”, ou, “eu vivo de acordo com a minha consciência”. A Bíblia nos dá esta advertência: “Não confieis em príncipes, nem nos filhos dos homens (nem em si mesmo), em quem não há salvação” Sl. 146: 3.

c) Uma “falsa humildade”. Uma humildade que gaba de seu zelo religioso não pode ser verdadeira. Um certo fariseu gabou do seu zelo, dizendo: “Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho”. Mas, apesar deste zelo, ele não foi justificado diante de Deus, porque todo que se exalta será humilhado e, “o que se humilha será exaltado” Lc. 18: 9-14. Este tipo de autopromoção é pura ostentação de si mesmo, e não tem nada a ver com a humildade verdadeira, porque despreza a dádiva de Deus, Jesus Cristo, “que nos amou, e, pelo seu sangue nos libertou dos nossos  pecados” Ap. 1: 5.

d) Um “rigor ascético”. Maltratando o corpo com flagelos físicos e abstenção de alimentos necessários, atos que, muitas vezes, foram praticados publicamente, Mt. 6:16. O próprio Lutero, quando era monge na Igreja Romana, flagelava o seu corpo para se penitenciar e subjugar as suas tendências pecaminosas. Feliz a pessoa que pode testemunhar: Cristo me libertou dos meus pecados, Ap. 1: 5.

e) Qual o resultado deste “rigor ascético?” Ele “não tem valor algum contra a sensualidade”. O pecado é um problema espiritual e tem que ser resolvido somente pelos recursos que o próprio Deus providenciou. E a providência principal foi a doação de seu próprio Filho que veio para buscar e salvar pecadores, Lc. 19: 10. O grande problema do pecador é a sua vontade teimosa e o seu espírito de independência. E, apesar de muitas oportunidades que os homens recebem, Cristo lamentou: “Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida” Jo. 5: 39-40.

Conclusão: À luz desta exposição, vamos atender a advertência do Ap. Paulo: “Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo; porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” Cl. 2: 8-9.


Rev. Ivan G. G. Ross

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A Graça de Deus





“Ora, o Deus de toda graça, que em Cristo vos chamou à eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar” (1 Pedro 5:10).

Neste versículo sugestivo, podemos observar cinco verdades preciosas que devem promover o nosso crescimento espiritual (2 Pedro 3:18).

1. A Designação de Deus. Ele é chamado: “O Deus de toda a graça”. Tudo o que Deus oferece aos pecadores é dado gratuitamente. Ele não cobra de nós nenhum pagamento. O convite é este: “Oh! Todos vós que tendes sede, vinde às águas; e vós que não tendes dinheiro, vinde comprai e comei; sim, vinde e, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite” (Isaias 55:1). Esta é uma exposição da graça de Deus. Ele nos dá tudo o que precisamos gratuitamente. Em sua muita misericórdia, Ele nos deu o dom do Espírito Santo para que, por Ele, pudéssemos conhecer  “o que por Deus nos foi dado gratuitamente” (1 Co. 2:12).

2. A Determinação de Deus. Ele determinou uma única maneira para agir. Todos os seus propósitos seriam executados “em Cristo”. As obras da criação foram realizadas “por meio dele e para ele” (Cl. 1:16). Quanto à obra da nossa salvação, tudo foi realizado por Cristo “ no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef. 1:7). Quando Deus resolveu abençoar o seu povo com toda sorte de benção espiritual, elas seriam recebidas exclusivamente pela mediação de Cristo. Esta é a determinação imutável do “Deus de toda graça”. Por isso, ninguém vem ao Pai sem a mediação de Cristo, (Jo 14:6).


3. A Decisão de Deus. Ele, “em Cristo vos chamou à sua eterna glória.” Contemplamos aqui a soberana misericórdia de Deus. Foi Ele que tomou a decisão para redimir pecadores, a fim de admiti-los “à eterna glória”. Cristo disse: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros” (Jo. 15:16). O Ap. Paulo registrou a sequência desta decisão: “E aos que predestinou, a esses também chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm. 8:30). Esta glorificação é a nossa entrada na “glória eterna”.

4. A Denotação de Deus. Não devemos ficar perplexos por causa das adversidades desta vida, porque Deus já denotou (indicou) que teremos de sofrer “por um pouco”. O Ap. Paulo advertiu as Igrejas, “mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus” (At. 14:22). Por que Deus permite essas provações? Porque, por meio delas, Ele confirma a nossa fé e nos fortalece para correr “com perseverança a carreira que nos está proposta”. E, para que isto seja possível, somos encorajados a olhar “firmemente para o Autor e Consumador da nossa fé, Jesus Cristo” (Hb. 12:1-2).

5. A Deliberação de Deus. Quando Deus deliberou sobre a salvação de homens e, sabendo de seu estado decaído, Ele mesmo resolveu operar neles uma obra restauradora de “aperfeiçoar, firmar, fortalecer e fundamentar” cada um na santidade. Aperfeiçoar, preparar-nos para habitar na “eterna glória”. Firmar, dar-nos uma constância inabalável em Cristo. Fortificar, capacitar-nos a viver santa e irrepreensivelmente. Fundamentar, enraizar-nos na doutrina bíblica da nossa salvação: Jesus Cristo e este crucificado, (1 Co. 2:2).

Diante dessas cinco verdades, reconhecemos a soberana misericórdia de Deus; e, portanto, confessamos: “A ele seja a glória e o poderio, para todo o sempre. Amém” (1 Pedro 5:11).                                                              



Rev. Ivan G. G. Ross
01 de Setembro de 2012

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

UMA ORAÇÃO



Leitura Bíblica: Colossenses 1: 9-14.

INTRODUÇÃO:

Devemos lembrar que a Igreja dos Colossos estava sendo assediada para se desviar da sua fé apostólica e aceitar uma heresia que negava a suficiência de Cristo para redimir e salvar pecadores. Estes falsos mestres ensinavam a necessidade de suplementar a obra de Cristo com a intervenção de anjos e um “rigor ascético”, tal como, “não manuseeis isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro”. O Apóstolo combateu esta heresia estabelecendo a Deidade absoluta de Cristo, e, por inferência, provando o seu poder e autoridade para salvar, totalmente, o pecador que vem a Ele, buscando o perdão de seus pecados e a certeza da vida eterna.
Mas, antes de entrar no tema geral da Carta, o Apóstolo registrou a sua gratidão a Deus pela Igreja em Colossos. Agradeceu a Deus pelo Evangelho, porque muitas pessoas tinham se tornado cristãs pela fé em Jesus Cristo. Agradeceu a Deus pela Evolução do Evangelho, porque “todo mundo” ao redor de Colossos estava sendo alcançado pela boa notícia da salvação pela fé de Jesus Cristo. E, agradeceu a Deus pelo Evangelista, Epafras, um ministro fiel a Cristo.

Nesta leitura de hoje, o Apóstolo registrou a síntese da sua oração em favor dos Colossenses. Oração não é apenas gratidão a Deus, as súplicas dos crentes são igualmente importantes. Através delas, participamos na extensão do reino de Deus, e, ao mesmo tempo, contribuímos para o encorajamento daqueles que estão diretamente envolvidos na pregação do Evangelho. O Apóstolo reconheceu esta participação dos membros da Igreja em Corinto, dizendo: “Ajudando-nos também vós, com as vossas orações a nosso favor” 2 Co. 1: 
11. O Apóstolo que nos exortou, dizendo: “Orai sem cessar", é o mesmo que disse: “Dando sempre graças a Deus, Pai do nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vós, desde que ouvimos da vossa fé em Jesus Cristo” 1 Ts. 5: 17; Col.: 2-3. O grande anseio do Apóstolo era que os crentes fossem capacitados para viver “para o inteiro agrado do Senhor”. Vamos sentir, juntamente com o Apóstolo, este mesmo desejo ao examinarmos sua oração.

1- O Apóstolo Pediu pelo Crescimento Espiritual, V. 9. Quando o Apóstolo fez esta oração, pedindo que a Igreja transbordasse com pleno conhecimento da vontade de Deus, possivelmente, estava pensando em Oséias 4: 6. “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta conhecimento”. Por causa desta falta, o povo se torna presa fácil para aqueles que ensinam doutrinas perniciosas; e, estas já estavam entrando, sorrateiramente, na Igreja dos Colossenses. Por isso, o Apóstolo, sentindo a urgência da situação, registrou a sua reação: “Desde o dia em que ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis do pleno conhecimento da sua vontade”.

a) Em que consiste este conhecimento da vontade de Deus? Por causa da amplitude do assunto, a nossa resposta tem que se limitar a dois versículos básicos. O primeiro versículo: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com teu Deus” Mq. 6: 8. Estes três itens podem ser considerados como um resumo do grande mandamento: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e, Amarás o teu próximo como a ti mesmo” Lc. 10: 27. Em primeiro lugar, humildade diante do Senhor significa: andar em plena sujeição à sua lei. Demonstramos o nosso amor ao Senhor através da nossa obediência à sua vontade. Adão se exaltou diante do Senhor, desobedeceu-o e perdeu o seu lugar de honra perante o Senhor. Em segundo lugar, a nossa responsabilidade é praticar a justiça quando lidamos com os interesses do nosso próximo; usando a misericórdia nos casos de desentendimentos. O segundo versículo: “Rogo-vos, pois, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” Rm. 12: 1-2. A plena compreensão do lugar da misericórdia de Deus em nossa vida deve nos conduzir a praticar os primeiros princípios de uma santidade particular, isto é, uma consagração voluntária da nossa vida ao Senhor para podermos oferecer a Ele um culto racional; um afastamento dos moldes deste século para que sejamos livres para ter uma mente renovada e moldada pelo poder do Espírito Santo, que usa e aplica o ensino das Escrituras Sagradas à nossa vida. Desta maneira, experimentaremos “qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.

b) Como este conhecimento da vontade de Deus deve ser utilizado. A orientação do Apóstolo é esta: “Em toda a sabedoria e entendimento espiritual”. Sabedoria é saber como usar o nosso conhecimento da vontade de Deus para a satisfação e a edificação da nossa vida espiritual. Assim, saberemos desmascarar os hereges e repudiar as suas doutrinas perniciosas. Inseparavelmente ligada à necessidade desta sabedoria é o “entendimento espiritual”. Entendimento espiritual significa: a compreensão, aceitação, e o recebimento de tudo que o Cristo fez quando deu a sua vida em resgate por muitos. Entendemos e cremos que não há nenhuma necessidade para acrescentar à perfeição e à suficiência do sacrifício de Jesus Cristo. Aquele que pratica certas obras, a fim de merecer a salvação, está desprezando a gratuidade da graça de Deus, e praticando o pecado de “profanar o sangue da aliança” e ultrajar “o Espírito da graça” Hb. 10: 29. (Os hereges em Colossos negavam a suficiência de Cristo para salvar pecadores). Salvação é recebida gratuitamente pela fé na suficiência do preço de Cristo pagou quando morreu pelos nossos pecados. Deus não é injusto e não cobra duas vezes o preço da nossa salvação.

2- O Apóstolo Pediu Constância Espiritual, Vs.10-11. Nestes versículos, o Apóstolo apresenta os motivos desta oração: “A fim de viverdes de modo digno do Senhor”. Esta é outra maneira de dizermos que devemos viver de acordo com o conhecimento que temos da vontade de Deus. Relembramos o aspecto de vivermos humildemente diante do Senhor; e, praticando a justiça e a misericórdia para com o nosso próximo. Estas atitudes são a vontade de Deus. Viver “de modo digno do Senhor” requer uma constância de nossa parte, com os mesmos princípios de santidade se manifestando ininterruptamente. O Apóstolo menciona quatro áreas específicas onde esta constância e perseverança devem existir:

a) “Para o inteiro agrado do Senhor”. É uma outra referência para viver de acordo com a “vontade do Senhor”. Devemos imitar “o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus” Fl. 2: 5. “Então, eu disse: eis aqui estou,... agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração, esta é a tua lei” Sl. 40: 7-8. Notemos que este anseio para agradar a Deus era algo que emanava das profundezas de seu coração, e não uma mera formalidade sem qualquer envolvimento emotivo. Por isso, o Salmista exprimiu: “As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, Senhor, rocha minha e redentor meu!” Sl. 19: 14. O Senhor tem um interesse especial em nós quando as palavras da nossa boca e o meditar (as palavras silenciosas) do nosso coração têm o propósito de agradá-lo.

b) “Frutificando em toda boa obra”. Boas obras são os nossos atos de obediência às leis prescritas de Deus. Glorificamos a Deus através de nosso atos  de obediência, 2 Co. 0: 13. O Ap. Pedro nos desafia, dizendo: “Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” 1Pe. 1: 14-16. “Frutificando em toda boa obra” tem o pensamento de progresso para ficar cada vez melhor. Como o Ap. Paulo confessou: “Não que eu tenha já recebido ou já tenha obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus” Fl. 3: 12. Ou seja, quero ficar mais e mais à imagem de Jesus Cristo, Rm. 8: 29.

c) “Crescendo no pleno conhecimento de Deus”. Não podemos nunca dizer: Basta, já cheguei; já tenho o suficiente para ser salvo. O Ap. Pedro entendeu a necessidade de adquirir mais conhecimento da natureza de Deus, exortando: “Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” 2 Pe. 3: 18. As riquezas da vontade de Deus são insondáveis, por isso, revelamos a sinceridade do nosso interesse espiritual quando nos esforçamos para crescer no conhecimento.
d) “Sendo fortalecidos com todo poder, segundo a força da sua glória; em toda a esperança e longanimidade”. A dádiva de sermos “fortalecidos” é experiência necessária e contínua a fim de termos a constância para permanecermos fiéis ao Senhor no meio das adversidades da vida. Os Colossenses, que foram assediados por falsos mestres, necessitavam da intervenção do poder de Deus a fim de resistirem este assédio e permanecerem fiéis a Jesus Cristo, que os amou, dando a sua própria vida para que pudessem descansar na gratuidade da graça de Deus em Cristo Jesus. “Nós vos exortamos a que não demovais da vossa mente, com facilidade” a sua confiança em Cristo para salvar, totalmente, pecadores, 2 Ts. 2: 2. “Sede fortalecidos no Senhor e na força de seu poder” Ef. 6: 10.

3- O Apóstolo Pediu Contentamento Espiritual, Vs. 12-14. O Apóstolo dá muita ênfase à necessidade de caracterizar a nossa espiritualidade com atitudes de contentamento, sempre “dando graças ao Pai”. O Ap. Paulo confessou: “Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação” Fl. 4: 11. Em nosso texto, o contentamento se refere, especificamente, à “herança dos santos na luz”, que é a salvação da nossa vida e a esperança de “habitar na Casa do Senhor para todo sempre” Sl. 23: 6. Assim, o Apóstolo passa a descrever como esta salvação começou em nossa vida.

a) “Ele nos libertou do império das trevas”. Devemos reconhecer a miséria de todos aqueles que estão vivendo como prisioneiros no império das trevas. São “estranhos às alianças da promessa (da vinda de um Salvador que iria libertá-los das trevas), não tendo esperança e sem Deus no mundo” Ef. 2: 12. Cristo, como aquele que é poderoso para libertar os cativos, entrou na sua prisão, quebrou as algemas, tomou-os pela mão e os conduziu para a liberdade. Agora, protegidos por Cristo, o império das trevas perdeu o seu domínio sobre eles.

b) “Ele nos transportou para o reino do Filho de seu amor”. Não fomos tirados do reino das trevas e abandonados sozinhos, antes, a libertação nos garantiu uma segurança; fomos transportados para o império de Jesus Cristo, onde desfrutamos das bem-aventuranças dos filhos de Deus.

c) Em Cristo, “temos a redenção”. Esta liberdade que agora temos, foi adquirida através do processo de um resgate, isto é, mediante ao pagamento do valor estipulado. “Sabendo que, não foi mediante cousas corruptíveis, como prata e ouro, que fostes resgatado do vosso fútil procedimento que os vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo” 1  Pe. 1: 18-19.

d) “Nele temos a remissão dos pecados”. Estávamos no “reino das trevas”, porque aquele é o lugar dos pecadores que ainda não são redimidos; mas, agora, pela soberania de Deus, estamos no reino de Cristo, porque fomos redimidos e todos os nossos pecados foram perdoados. O que acontece com os pecados que são perdoados? São lançados “nas profundezas do mar” Mq. 7:19. Eis a palavra do Senhor: “Eu, eu mesmo sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não me lembro” Is. 43: 25. “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” Jo. 8: 36. Livres das consequências judiciais de nossos pecados; e livres para entrar, “confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” Hb. 4: 16.

Conclusão: Na medida do possível, devemos orar em favor da espiritualidade das nossas Igrejas. Há sempre uma necessidade para crescer no conhecimento da vontade de Deus. Por causa dos perigos espirituais, as Igrejas precisam desenvolver uma constância em suas convicções acerca da suficiência da obra redentora de Cristo, a fim de vencerem o assédio pernicioso dos falsos mestres. E, nestes dias de tantas inquietações, devemos cultivar um contentamento espiritual, descansando na suficiência do sacrifício de Cristo para garantir a nossa salvação. Não sejamos remissos quanto ao dever de dar “graças ao Pai” por todos os benefícios espirituais à nossa disposição.